Campeão nacional de ralis em 1987, Inverno Amaral faleceu hoje, vítima de doença prolongada, aos 68 anos. O piloto algarvio, que ficou conhecido pela sua longa e frutuosa relação com a Renault, marcou o automobilismo português na segunda metade da década de 1980.

Com uma carreira desportiva verdadeiramente eclética, que passou por disciplinas tão diferentes como o Popcross (na qual foi campeão em 1980), a Velocidade e o Todo-o-Terreno, o piloto algarvio encontrou, nos ralis, a forma mais natural de expressar o seu talento e rapidez ao volante, alcançando nessa disciplina os melhores resultados desportivos e contribuindo para que a Renault brilhasse ao mais alto nível.

Dando nas vistas no Troféu Citroën Visa de Ralis (que venceu em 1983), Inverno Amaral entrou, definitivamente, no radar da equipa Renault Galp, em 1986, depois de dar nas vistas e de alcançar resultados de destaque com um “limitado” Renault 11 Turbo de Grupo N nas provas do Campeonato Nacional de Ralis, onde chegou a conquistar um expressivo quarto lugar no “Rally Lois Algarve”, perante rivais com máquinas muito mais potentes.

Com os ralis a atravessarem uma fase de mudança, devido à interdição dos célebres “Grupo B”, e a equipa Renault Galp a direcionar, em 1987, a sua aposta para os competitivos Renault 11 Turbo de “Grupo A”, Inverno Amaral foi chamado à formação oficial da então Renault Portuguesa, com um ambicioso objetivo: dar sequência ao sucesso da equipa nos anos anteriores, onde a dupla Joaquim Moutinho/Edgar Fortes, ao volante do Renault 5 Turbo, tinha conquistado dois títulos nacionais.

No ano de estreia do Renault 11 Turbo de “Grupo A” da equipa oficial Renault Galp, Inverno Amaral, acompanhado pelo navegador Joaquim Neto, somou cinco triunfos (Rali das Camélias, Rali da Figueira da Foz, Rali S. Miguel/Açores, Rali da Madeira – melhor português – e Rali do Algarve), conquistando o título de Campeão Nacional de Ralis e ajudando a Renault a vencer o título de Marcas, para o qual também contribuiu, nesse ano, a outra dupla da equipa, constituída por Manuel Mello Breyner e Alfredo Lavrador.

Renovada a aposta em 1988, Inverno Amaral voltou a sobressair no seio da equipa Renault Galp. Contudo, duas vitórias (Rali das Camélias e melhor português no Rali de Portugal) e mais dois segundos lugares (Rali do Porto, Rali S. Miguel e Rali do Algarve) não foram suficientes para que conseguisse renovar o título. Um ano em que os regulamentos do Campeonato Nacional de Ralis mudaram, obrigando o Renault 11 Turbo a sofrer uma ligeira redução de potência (de cerca de 200-210 cavalos, passou para cerca de 185-190 cavalos) e, sobretudo, a conviver com máquinas de quatro rodas motrizes, mais competitivas no terreno.

Ainda assim, em 1988, a Renault conquistou o vice-campeonato de marcas, fruto das boas prestações de Inverno Amaral e também da dupla Bento Amaral e Rui Bevilacqua, entretanto, chegada à equipa.

Um ano depois, no seu terceiro ano com a equipa Renault Galp, e numa altura em que a crescente evolução e maior competitividade dos modelos de tração integral era já incontornável, voltou a conseguir extrair o máximo partido do Renault 11 Turbo (já Fase II), mas apesar das suas constantes demonstrações de talento não logrou repetir mais o título alcançado em 1987. Ainda assim, deixou gravado no palmarés da equipa (no ano de despedida para ambos) um triunfo no Rali da Figueira da Foz e quatro pódios (Rali Sopete, Volta a Portugal, Rali Alto Tâmega e Rali S. Miguel/Açores), que lhe valeram a conquista do terceiro lugar do Campeonato Nacional de Ralis, a mesma classificação alcançada pela Renault no Campeonato de Marcas.