Quando poderão voltar os ralis às estradas nacionais? Esta é uma das perguntas que mais surge na mente dos adeptos, organizadores e equipas, que se mantêm na expectativa quanto ao regresso à atividade do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR), uma das principais competições automóveis disputadas sob a égide da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK).

A resposta, que ainda não é clara, foi procurada numa conferência online realizada pela Eleven Sports, que juntou em conversa o Presidente da FPAK, Ni Amorim, José Pedro Fontes, piloto e líder da Sports & You, António Sequeira, Presidente da Escudeira Castelo Branco, e Armindo Araújo, vencedor da primeira prova do Campeonato de Portugal de Ralis de 2020.

Com todas as atividades desportivas canceladas praticamente desde o início de março devido à Covid-19, não só em Portugal, como em todo o mundo, algumas modalidades vão ensaiando um regresso tímido à atividade num período que ainda é complicado. Se nalguns países, o futebol já tem data para arrancar – na Alemanha, deu-se mesmo o regresso este fim de semana –, o desporto motorizado ainda não tem datas associadas.

Quando questionado sobre o possível arranque do campeonato, Ni amorim refere que “teremos de arrancar com consciência e com segurança, pois é penoso e difícil ver a atividade desportiva paralisada há dois meses. Temos de arrancar, mas para isso há que, em primeiro lugar, definir com os clubes organizadores aqueles que, face a esta pandemia, têm condições de implementar as suas provas e ajustar, se necessário, o número de provas pontuáveis para os campeonatos”.

Numa dificuldade adicional para os ralis, as provas não têm propriamente um controlo de acesso a recintos, como sucede, por exemplo, no futebol. Sobre os riscos associados à realização das provas, Armindo Araújo, que compete no campeonato com um Skoda Fabia R5, assume que o principal é a segurança de todos: “Não quero pôr ninguém em risco, todos nós vivemos momentos diferentes do habitual, o nível de risco aumentou, mas é como ir ao supermercado, à bomba de gasolina, as regras da sociedade mudaram e a parte desportiva tem de arcar com as contingências”.

Ainda sobre as regras de segurança para as provas acontecerem, José Pedro Fontes indica que “temos de estar muito solidários e do lado dos clubes por causa das dificuldades que vão passar para organizar as provas e vamos ter de cumprir as regras sanitárias. Temos de salvaguardar a segurança e dar o exemplo, as pessoas que vão ver os ralis são apaixonados e de certeza que nos vão ajudar a cumprir isso”. O responsável pela Sports & You aponta ainda que “é muito importante as pessoas perceberem o quanto os desportos automóveis, em particular os ralis, ajudam a economia nacional”.

Quanto às vantagens do regresso deste campeonato, António Sequeira considera que o turismo é amplamente favorecido pelas multidões que o campeonato leva a cada região.

“É uma das vantagens deste desporto, o Rali de Castelo Branco é um dos pontos altos do turismo em Castelo Branco, e não só em Castelo Branco, foi por toda a Beira Interior um dos pontos altos é o Rali de Castelo Branco. Não há uma cama vaga da Covilhã quase a Pombal, não há restaurantes com mesas vagas e, portanto, teremos de perceber se há condições para virem a Castelo Branco”.

Quanto à urgência sobre a tomada de uma decisão quanto a este tema, António Sequeira diz: “Estamos aqui para perceber qual poderá ser a solução, não perder nem mais um segundo, nunca será possível todos ficarem satisfeitos, mas chegou a altura de tomar decisões e ter coragem para as pôr no terreno”.