Campeonato de Portugal de Ralis 2018 : balanço e números

28/12/2018

Armino Araújo, em dupla com Luís Ramalho no Hyundai i20 R5, dominou a temporada e tornou-se o primeiro pentacmpeão nacional de ralis
 

 

 

 

Quando um campeonato é decidido na derradeira prova, com três candidatos em liça pelo título absoluto, o balanço só pode ser positivo.

A exemplo da época anterior, foi em solo algarvio que foi encontrado o campeão de Portugal de Ralis.

No ano do regresso, Armindo Araújo não só valorizou o cartaz que subiu à cena entre fevereiro e novembro, como conquistou proeza única, ao tornar-se o primeiro penta campeão da história de uma competição iniciada em 1966.

O piloto de Santo Tirso, que fez dupla, em estreia, com Luís Ramalho, concretizou ainda, com total êxito e extrema eficácia, a aposta da Hyundai Portugal. A marca sul-coreana fez a estreia no campeonato, com um envolvimento materializado pelo apoio ao bicampeão PWRC e a Carlos Vieira, campeão nacional de 2017.

Ambos os pilotos dos i20 R5 tiveram, no entanto, como apoio diferentes estruturas: a espanhola RMC e a nortenha Sports & You, respetivamente.

Em nove ralis que corporizaram a estrutura do campeonato, registaram-se quatro vencedores diferentes – Ricardo Moura; Armindo Araújo; Ricardo Teodósio e José Pedro Fontes – sinal inequívoco da competitividade reinante ao longo de uma temporada que comprovou, em absoluto, a popularidade da disciplina.

Aliás, o Campeonato de Portugal de Ralis voltou a ser um dos mais valiosos – se não mesmo o de topo – no panorama europeu. Pilotos bem apetrechados, equipas com excelente nível técnico – registe-se a estreia da nortenha Speedy Motorsport — e muito público voltaram a ser os pilares de uma competição bem sucedida.

O rompante inicial de Ricardo Moura, com uma vitória com o Ford Fiesta R5 no Serras de Fafe, tendo adicionado o máximo de pontos, ao volante de um Skoda Fabia R5, em termos de campeonato, no seu rali – Açores – não teve –, infelizmente, a desejada continuidade, A falta de apoios colocou o piloto de Ponta Delgada fora da hipotética corrida para o título.

Esse objetivo foi perseguido por Ricardo Teodósio, autor de excelente época, na estreia ao volante de um R5, desempenho premiado com o primeiro triunfo absoluto da carreira. Uma proeza rubricada em Castelo Branco pelo piloto algarvio, integrado na estrutura da ARC Sport, que conquistou o galardão de equipas.

Um lugar (3.º) no pódio do campeonato acabou por saber a pouco com as hipóteses de Ricardo Teodósio, traído pelo motor do Skoda Fabia, a morrerem na praia, com a desistência, ao cair do pano, precisamente, em casa.

Ricardo Teodósio e José Teixeira (Skoda Fabia R5) conquistaram, no Rali de Castelo Branco, ., o primeiro triunfo absoluto da carreira

À conquista do título foi a meta traçada por Armindo Araújo, autor de dois triunfos absolutos no Vidreiro/Centro de Portugal e no Casinos do Algarve, para além de sido o mais pontuado entre os concorrentes do campeonato no Vodafone Rali de Portugal e no Rali de Mortágua. Em termos virtuais, quatro triunfos nos oito ralis em que participou.

Para José Pedro Fontes, vice-campeão nacional, apesar da estreia azarada com o Citroën C3 na prova do ACP, o carro da marca francesa revelou-se um poderoso argumento para lutar até final pelo título, Aos 25 pontos (mais 3,38 pontos de bónus pelos triunfos em classificativas), conquistados no rali Vinho da Madeira – ganho em repetição pelo madeirense Alexandre Camacho (Skoda Fabia) –, somou o triunfo (acrescido de 2,7 pontos bónus) no rali Amarante/Baião, prova neófita do calendário e que justificou a promoção ao escalão máximo.
José Pedro Fontes, com Paulo Babo no banco do lado direito do Citroën C3 R5, sagrou-se vice-campeão nacional

Um rali marcado pelo duelo renhido entre José Pedro Fontes e João Barros, na estreia com um Skoda Fabia R5. O piloto de Paredes poderia ter enriquecido, com a sua participação, este campeonato, mas optou por não montar um programa completo.

Com uma temporada marcada por altos e baixos, Miguel Barbosa foi um dos grandes animadores do campeonato, mas o resultado final ficou aquém das expectativas do piloto do Skoda Fabia R5.

A temporada ficou ensombrada pelo violento acidente que, por pouco, não custou a vida a Carlos Vieira. O campeão em título foi protagonista de um despiste no rali Vidreiro/Centro de Portugal: o Hyundai i20 saiu de estrada e embateu, a grande velocidade, numa árvore. O piloto sofreu lesões de extrema gravidade. Felizmente, a recuperação foi um êxito e Carlos Vieira regressou, meses depois, como espetador, ao mundo dos ralis.

Daniel Nunes nas 2 WD

No Campeonato reservados aos carros de duas rodas motrizes (2 WD), Daniel Nunes (Peugeot 208 R2) confirmou no Rali Casinos do Algarve a conquista do respetivo título, a que juntou o da categoria RC4. Uma proeza partilhada com o navegador Rui Raimundo e um prémio para a dedicada equipa Inside Motorsport.
A dupla Daniel Nunes/Rui Raimundo (Peugeot 208 R2) conquistou o título de 2 rodas motrizes

A dupla Miguel Correia/Pedro Alves (Renault Clio R3) sagrou-se campeã da categoria RC3 ao cabo de uma época animada, que provou a vitalidade de um campeonato, que pode ser analisado também através dos números:

Participações

Pilotos/Provas

8 – António Dias, José Pedro Fontes,

7 – Pedro Almeida, Gil Antunes, Armindo Araújo, Miguel César Barbosa, Manuel Castro, Miguel Correia, Pedro Meireles, Paulo Neto, Ricardo Teodósio,

6 – Pedro Antunes, Daniel Nunes,

5 – Joaquim Alves, Joana Barbosa,

4 – Cipriano Antunes, João Barros, Paulo Caldeira, Diogo Gago, Pedro Lago Vieira, Diogo Salvi, Fernando Teotónio, Carlos Vieira, m

Navegadores/Provas

8 – Paulo Babo, Mário Castro, Hugo Magalhães, Vítor Hugo

7 – Nuno Almeida, Pedro Alves, Diogo Correia, António Costa, Rui Raimundo, Luís Ramalho, José Teixeira,

6 – Ricardo Faria, Jorge Henriques,

5 – Jorge Eduardo Carvalho, Paulo Lopes, Sofia Mouta, Daniel Pereira,

4 – Fernando Almeida, Valter Cardoso, Luís Costa, Jorge Manuel Carvalho, André Couceiro, Ana Gonçalves, Marco Macedo, Luís Morgadinho, Miguel Ramalho, Paulo Silva,

Provas de classificação percorridas por piloto (total: 105)

90 – Armindo Araújo,

88 – Miguel César Barbosa,

85 – José Pedro Fontes,

83 – Pedro Almeida, António Dias,

81 – Ricardo Teodósio

79 – Gil Antunes,

75 – Miguel Correia

74 – Paulo Neto

63 – Daniel Nunes

59 – Manuel Castro, Pedro Meireles

N.º de Kms de provas de classificação percorridas por piloto (total:1 359,25 km )

1 151,95 – Armindo Araújo,

1 127,47 – Miguel César Barbosa,

1 016,92 – António Dias

1 001,50 – José Pedro Fontes,

988,41 – Gil Antunes

981,86 – Pedro Almeida,

954,44 – Ricardo Teodósio

864,72 – Paulo Neto

830,91 – Miguel Correia

818,30 – Daniel Nunes,

Os mais rápidos

1.º 2.º 3.º 4.º 5.º 6.º

Alexandre Camacho 16 1 0 1 0 0

Armindo Araújo 10 4 18 13 4 4

Ricardo Moura 9 6 4 2 1 2

José Pedro Fontes 8 8 13 10 13 8

Miguel César Barbosa 6 11 7 8 14 12

Alexey Lukyanuk 6 4 1 2 0 0

Pepe Lopez 6 3 0 0 0 0

João Barros 5 4 5 6 7 6

Hiroki Arai 5 1 1 0 1 1

Bruno Magalhães 4 2 3 2 1 1

Ricardo Teodósio 3 11 11 11 9 0

Thierry Neuville 3 3 1 2 2 3

Jari-Matti Latvala 3 1 3 0 2 2

Miguel Nunes 2 14 2 0 0 1

Sébastien Ogier 2 3 2 1 2 0

Joaquim Santos mantém recorde de vitórias/Pilotos

Após a edição de 2018 do Campeonato de Portugal de Ralis, o penafidelense Joaquim Santos continua detentor do maior número de vitórias (39) seguido pelo portuense Fernando Peres (30). Adruzilo Lopes e Bruno Magalhães contabilizam 21 triunfos cada.

O campeonato, criado em 1966, soma 504 provas realizadas, embora só registe 503 vencedores. Motivo? No Rali de Inverno de 1968, nenhum concorrente chegou ao fim, devido às más condições atmosféricas que se fizeram sentir nesse fim-de-semana.

39 – Joaquim Santos

30 – Fernando Peres

21 – Adruzilo Lopes, Bruno Magalhães

18 – Armindo Araújo, Américo Nunes

16 – Miguel Campos, Mário Silva

15 – Joaquim Moutinho

14 – Carlos Bica

13 – José Pedro Fontes

12 – Ricardo Moura

10 – Santinho Mendes

9 – José Miguel, “Mêquêpê”, Giovanni Salvi

7 – Manuel Gião, Inverno Amaral, Pedro Matos Chaves, Pedro Meireles, Bernardo Sousa

Miguel Oliveira: o navegador mais vitorioso

Entre os navegadores, é Miguel Oliveira que continua a deter o maior número de triunfos (36), seguido por Carlos Magalhães (27). Luís Lisboa (26) completa o pódio.

36 – Miguel Oliveira

27 – Carlos Magalhães

26 – Luís Lisboa

25 – Ricardo Caldeira

18 – Miguel Ramalho

17 – Fernando Prata

15 – Edgar Fortes

13 – António Costa, Pedro de Almeida

12 – Pedro de Almeida

9 – Mário Castro

8 – Filipe Lopes, Hugo Magalhães, José Nobre, Inês Ponte, Nuno Rodrigues da Silva

7 – Joaquim Neto, Sérgio Paiva, Miguel Villar

Ford lidera triunfos entre as marcas

A nível das marcas, é a Ford a mais vitoriosa e com larga vantagem para a Peugeot. A Porsche surge no 3.º lugar entre as vencedoras de provas do campeonato.

124 – Ford (Escort RS 42; Escort Cosworth, 26; Sierra Cosworth, 15; Fiesta R5, 9; Escort RS 2000, 6; Fiesta S2000, 7; Sierra Cosworth 4×4, 5; RS 200, 4; Focus WRC, 4; Escort WRC, 2; Escort TC, 1; Escort RS Cosworth, 1; Focus RS WRC, 1; Fiesta WRC, 1)

65 – Peugeot (207 S2000, 23; 206 WRC, 17; 306 Maxi, 16; 206 S1600, 4; Peugeot 208 T16, 3; 205 Turbo 16, 1; 208 T16 R5, 1)

38 – Porsche (911 S, 25; 911 L, 3; 911, 2; Carrera, 2; 911 T, 2; SC RS, 1, 997, 1; 997 GT3, 2)

37 – Renault (5 Turbo Corse, 15; 11 Turbo, 11; 8 Gordini, 4; Mégane Maxi, 4; Alpine, 1; Alpine A100, 1; Clio S1600, 1)

35 – Lancia (Delta HF 4WD, 9; Delta Integrale 16V, 9; Delta HF Integrale, 6; Delta Integrale, 4; Stratos, 2; Rallye, 2; Fulvia HF, 1; Delta S4, 1; Delta HF Integrale, 1)

28 – Citroen (DS3 R5, 12; Saxo Kit Car, 7; C4 WRC, 3; ID 20, 1; DS 21, 1; Visa Chrono, 1; DS3 WRC, 1; DS3 R3T, 1 ; C3 R5, 1)

25 – Opel (1904 SR, 12; Kadett GT/E, 9; Ascona 400, 3; Ascona 2.0, 1)

23 – Mitsubishi (Lancer IX, 10; Lancer VIII MR, 8; Lancer VII, 2; Lancer IV, 1; Lancer VI, 1; Lancer X, 1)

23 – Toyota (Corolla WRC, 9; Celica GT-4, 7; Corolla GT-4, 4; Corolla GT, 2; Celica Turbo 4WD, 1)

19 – Datsun (160 J, 9; 240 Z, 7; 1600 SSS, 1; 120Y, 1; 1200 Coupé, 1)