Carlos Sainz, ao volante de um Audi RS Q e-tron, foi o grande vencedor da 46ª edição do Dakar, disputada uma vez mais na Arábia Saudita. Aos 61 anos de idade, o espanhol tornou-se no piloto mais velho a conquistar uma prova à geral no Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA), conseguindo-o no último ano (ao que tudo indica) da Audi nesta categoria. Nas Motos, o triunfo ficou com Ricky Brabec (Honda), consagrando o domínio da marca japonesa nesta categoria este ano.

Sainz sabe bem o que é vencer no Dakar: fê-lo anteriormente em três ocasiões (2010, 2018 e 2020), mas o desafio com a Audi parecia não estar alinhado com o sucesso depois das duas primeiras tentativas da marca germânica, em 2022 e 2023. Antevendo-se o final da aventura da Audi nas provas de TT de classe mundial em 2024, Sainz conseguiu a vitória na última das oportunidades da marca de Ingolstadt, tornando-se na 12ª marca a sair vitoriosa de um Dakar. Mas, ao fazê-lo, fez também história, já que, pela primeira vez, a prova foi ganha por um protótipo de baixas emissões com motorização híbrida – mas locomoção apenas por meios elétricos.

Sainz tornou-se também no primeiro piloto a vencer o Dakar com quatro marcas distintas, sendo que o triunfo de 2024 traz consigo a evidência de que, por vezes, a consistência basta para trazer o melhor dos resultados no final – o espanhol não venceu qualquer etapa, mas esteve quase sempre entre os mais rápidos. Ao mesmo tempo, contou ainda com os azares de outras equipas, mas aí é apenas o Dakar a ser o Dakar – uma prova de indefinições em que, antes de tudo, é preciso acabar para se ganhar.

Na derradeira etapa, para a qual partiu com uma liderança bem superior a uma hora após os problemas sentidos por Sébastien Loeb (Prodrive Hunter T1+) no dia de ontem, Sainz controlou o seu ritmo e a mecânica do RS Q e-tron, híbrido que demonstrou como esta tecnologia está hoje cada vez mais avançada.

Loeb foi o vencedor da etapa de hoje, feito que conseguiu por cinco vezes nesta edição do Dakar, mas em oposição a Sainz, o número de triunfos não foi suficiente para mantê-lo na luta pela vitória à geral. No final, ficou com o terceiro posto, depois de ter visto o belga Guillaume de Mevius (Toyota Overdrive Racing) passar para o segundo lugar ontem. No final, de Mevius manteve o lugar intermédio e obteve um excelente resultado, valendo-se, sobretudo, da fiabilidade e da consistência, terminando o Dakar 2024 com cerca de cinco minutos de avanço sobre Loeb. Guerlain Chicherit (Toyota Overdrive Racing) ficou com o quarto posto, valendo ainda a pena mencionar o 50º lugar da Geral de Gintas Petrus e de José Marques, num protótipo da MVSport.

Na classe Challenger (ex-T3), o drama durou até final. Mitch Guthrie (Taurus) partiu para a última tirada com mais de 25 minutos de vantagem sobre Cristina Gutiérrez (Red Bull Off-Road Jr Team USA), mas diversos problemas mecânicos fizeram-no perder o triunfo para a piloto espanhola, que se torna assim na segunda mulher a vencer uma classe do Dakar depois de Jutta Kleinschmidt, em 2001. A desilusão de Guthrie foi atenuada, na medida do possível, por um segundo posto da classificação geral, a 35m46s.

Quanto aos portugueses, Ricardo Porém, navegado pelo argentino Augusto Sanz, ficou com um oitavo lugar na classificação geral, naquele que é um bom resultado para esta dupla da equipa MMP. No 13º lugar ficou a dupla João Monteiro/Nuno Morais (South Racing Can-Am), também com um boa prova, bastante consistente. A dupla Mário Franco/Daniel Jordão (Francosport) encerrou a prova no 25º lugar, conseguindo o objetivo maior que era terminar o Dakar depois de alguns problemas mecânicos que afetaram a sua prova.

Passando para os SSV, Xavier de Soultrait (Sébastien Loeb Racing) conseguiu resistir à pressão final de Jêrome de Sadeleer (MMP), que ontem havia ficado em posição de atacar a liderança, terminando a prova a 2m25s do francês da SLR. Por outro lado, Yasir Seaidan (MMP), que chegou a estar fora da discussão pelo pódio, conseguiu chegar ao terceiro lugar do pódio, enquanto Sara Price (South Racing Can-Am) terminou a prova no quarto lugar, imediatamente à frente da dupla lusa João Ferreira/Filipe Palmeiro (Can-Am).

A dupla lusa foi uma das protagonistas da categoria, chegando a estar no segundo lugar da Geral e na discussão pela vitória, mas problemas com a bomba de combustível atiraram-na para fora do pódio, conseguindo ainda assim um resultado final muito bom, sobretudo demonstrando um ritmo consistente e forte. Na etapa final, um segundo lugar, apenas a um minuto de Florent Vayssade (Sébastien Loeb Racing). Quanto ao outro luso em prova, neste caso como navegador, Fausto Mota (com licença espanhola) ajudou o brasileiro Cristiano Batista a terminar em sétimo da Geral.

Nas duas rodas, Ricky Brabec volta a triunfar depois de o ter feito em 2020, dando à Honda a sua oitava vitória à Geral, numa demonstração também de consistência acima de vitórias em etapas, já que o americano apenas venceu uma etapa. Porém, ao estar sempre perto dos vencedores de cada dia ajudou a mantê-lo na luta pelo triunfo e, em última instância, a obter um triunfo. Ross Branch (Hero) terminou a prova no segundo lugar, conseguindo ser o único a resistir à ‘armada’ da Honda.

Para a Hero, o segundo lugar de Branch acaba por ser o seu melhor resultado no Dakar, pelo que acaba por ser um desfecho também celebrado pela marca indiana. Autor também de uma excelente prova, Adrien Van Beveren (Honda) completou o pódio.

Quanto aos portugueses, António Maio (Yamaha) foi o melhor dos representantes da comitiva lusa, encerrando a sua participação com um 18º lugar, naquele que foi o seu melhor resultado de sempre. O militar da GNR ambicionava chegar aos 15 primeiros antes do início da corrida, mas este resultado tem de ser encarado de forma muito positiva numa competição que foi bastante desgastante.

Bruno Santos (Husqvarna) estreou-se no Dakar e conseguiu destacar-se com uma prestação bastante sólida, ganhando experiência nesta sua participação inaugural na prova saudita. No final, termina em 28º lugar, imediatamente à frente de Mário Patrão (KTM), que voltou a demonstrar consistência para vencer também o Veteran Trophy. Alexandre Azinhais (KTM) terminou a prova no 63º lugar, enquanto Gad Nachmani (KTM) terminou em 89º, ambos a ganharem posições na Geral ao longo das últimas etapas.

Quanto ao Dakar 2024, contas fechadas…

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