Com Lewis Hamilton em busca do seu oitavo título mundial, que seria histórico na modalidade, a Fórmula 1 está de volta já este fim de semana, com o Grande Prémio do Bahrein a ser o palco para o primeiro confronto oficial da temporada. Porém, se o piloto britânico e a sua equipa, a Mercedes-AMG, surgem como naturais favoritos, os recentes testes de pré-temporada naquele mesmo circuito demonstraram que Max Verstappen e a Red Bull terão uma palavra a dizer na luta pelo título.

Apesar de ser uma nova temporada, os monolugares pouco se alterarem face a 2020, graças ao ‘decreto’ da Federação Internacional do Automóvel (FIA) de manter o mesmo chassis para 2021 enquanto se prepara a revolução técnica de 2022, na qual quase tudo será novo. No entanto, todas as formações tiveram a possibilidade de melhorar alguns dos aspetos menos conseguidos na época anterior, pelo que a Red Bull trabalhou afincadamente para melhorar o seu conjunto de forma a fazer face ao poderio da Mercedes-AMG.

A equipa alemã – ainda que sediada em Brackley, no Reino Unido – conta com um longo domínio desde que a modalidade adotou os regulamentos híbridos de motorizações, em 2014, afigurando-se sempre como favorita para cada temporada, o que não é diferente em 2021. Com Lewis Hamilton como campeão e na expectativa de poder fazer história, desfazendo a igualdade de títulos com Michael Schumacher, a formação é o alvo a abater por toda a concorrência e uma equipa em particular parece estar em boa posição para consegui-lo.

Lewis Hamilton persegue o oitavo título mundial em 2021, procurando bater o recorde de Michael Schumacher.

Nos testes de pré-temporada, se usualmente há muito ‘jogo escondido’, também ficou evidente que os Mercedes-AMG revelaram dificuldades inesperadas em termos de aderência, enquanto os Red Bull, em especial com Max Verstappen ao volante, mostraram uma rapidez e consistência impressionantes no traçado de Sakhir. Para a melhoria de forma dos Red Bull contribui também o novo motor da Honda, o último desenvolvido pela marca nipónica antes de abandonar a modalidade no final desta época (o motor V6 será depois ‘adotado’ pela Red Bull ao abrigo do ‘congelamento’ de motores até 2025). Outro ponto de interesse estará na performance dos colegas de equipa de Hamilton e de Verstappen, com Valtteri Bottas a querer mostrar-se um real adversário do britânico, enquanto Sérgio Perez, que chega à Red Bull após uma temporada brilhante na Racing Point, poderá também estar na luta pelos lugares cimeiros.

Atrás das duas equipas, a competitividade parece ser a palavra de ordem, com a McLaren, Alpine (ex-Renault), Aston Martin (ex-Racing Point), AlphaTauri e Ferrari aptas para darem continuidade a uma intensa batalha para a qual é difícil estabelecer previsões de superioridade.

Na McLaren, a chegada de Daniel Ricciardo dá uma renovada motivação à equipa de Woking, que deverá afirmar-se como a terceira ‘força’ do pelotão, contando igualmente com a jovialidade e arrojo de Lando Norris. Na Alpine reside um outro motivo de interesse, já que a formação gaulesa recupera o bicampeão mundial Fernando Alonso, que volta à modalidade após alguns anos de ausência, procurando retomar o caminho do sucesso após os seus títulos de 2005 e de 2006 – já longínquos, mas o piloto espanhol continua a ser bastante veloz e a experiência tenderá a fazer dele um piloto a ter em conta. A seu lado estará Esteban Ocon, com este a procurar dar continuidade à boa prestação de 2020.

Mas, quando se fala de campeões do mundo de Fórmula 1, há ainda um outro na modalidade, com Sebastian Vettel a trocar o vermelho da Ferrari pelo verde da Aston Martin para 2021. O piloto alemão dispõe de quatro títulos na modalidade e após a temporada para esquecer em 2020, Vettel pretenderá mostrar que continua a ter a capacidade de lutar pelos pódios e pelos triunfos, naquele que será igualmente um momento histórico para a marca britânica que regressa à Fórmula 1 após a sua última participação no Grande Prémio de Inglaterra de 1960. Lance Stroll será o outro piloto da formação com sede em Silverstone, tendo dado no ano passado excelentes indicações em pista e afastando-se da ideia de que é um piloto beneficiado pelo facto de o seu pai, Lawrence Stroll, ser agora o proprietário da Aston Martin.

Igualmente histórica, a Ferrari acaba por ser uma das incógnitas de 2021. A equipa italiana teve a sua pior temporada em 2020 desde 1980, quando o 312 T5 se revelou completamente datado face à concorrência, pelo que a expectativa numa melhoria de forma este ano é realista, tendo os dados dos testes de pré-temporada demonstrado que há um ganho significativo em termos de rapidez, sobretudo atendendo ao facto de que a unidade de potência V6 é totalmente nova e elimina o ‘calcanhar de Aquiles’ da falta de velocidade verificada no ano passado. Charles Leclerc continuará a querer mostrar a sua competitividade, após os dois triunfos de 2019, contando este ano com um novo companheiro de equipa, o espanhol Carlos Sainz, que traz consigo uma dose suplementar de motivação após dois anos muito fortes na McLaren.

Na AlphaTauri, que terá também o novo motor da Honda, a ideia é manter a boa forma do ano passado, ainda que a repetição do triunfo obtido em 2020 por Pierre Gasly seja muito complicada. Contará ainda com uma novidade na forma do jovem japonês Yuki Tsunoda, que foi uma das figuras da Fórmula 2 no ano passado, pelo que a formação de Faenza terá uma dupla jovem e talentosa ao seu serviço.

A Alfa Romeo estará também nesta luta, embora seja também uma incógnita, atendendo a que foi uma das formações que esteve em dificuldades no ano passado com a má prestação da unidade de potência da Ferrari. Kimi Raikkonen, campeão em 2007 e experiente piloto de topo, será o principal elemento a seguir, com Antonio Giovinazzi a ter como missão provar que pode estar consistentemente na luta pelos pontos. Também a Williams se pode incluir neste lote, sendo o primeiro ano completo em que a equipa britânica não terá a família Williams ao ‘leme’ depois da venda à Dorilton em 2021. Depois da prestação impressionante de 2020, George Russell irá estar em foco, sobretudo atendendo aos rumores de que poderá estar na Mercedes em 2022. A seu lado estará Nicolas Latifi.

Por fim, a Haas surge como a potencial equipa da cauda do pelotão, apesar de ser aquela que mais atenções concentrará graças à presença nas suas fileiras de Mick Schumacher, campeão de Fórmula 2 em 2020. Porém, será o seu nome de família a fazer luzir sobre si os holofotes, havendo a natural tendência de comparação com o seu pai, o heptacampeão Michael Schumacher. Porém, a sua primeira ‘guerra’ será com o companheiro de equipa, o russo Nikita Mazepin, outro ‘promovido’ da Fórmula 2, que não tem evitado alguns exageros dentro e fora de pista, mas que conta igualmente com grande rapidez. Com a equipa americana a admitir que estará focada mais no carro de 2022 do que no deste ano, não são esperados grandes brilharetes em pista.

 


Recorde de circuitos

A temporada de 2021 da Fórmula 1 irá ainda destacar-se pelo recorde de Grandes Prémios previstos. Embora a Covid-19 tenha já causado uma alteração nos planos iniciais, com o adiamento do Grande Prémio da Austrália, que já deveria ter sido disputado, o circuito de Sakhir passou a ser o de abertura da época, havendo a destacar ainda o regresso ao calendário de Imola e de Portimão (a 2 de maio) para substituir provas fora do continente europeu cuja realização se tornaria improvável em virtude do aumento de restrições à mobilidade pela pandemia de Covid-19.

Sabe-se já que ao contrário do GP de Portugal de outubro de 2020, a prova deste ano não terá público nas bancadas, fruto das medidas de confinamento ainda previstas pelo Governo para este período.

Nota, por outro lado, para a estreia do circuito citadino da Arábia Saudita, em Jidá, que promete ser a pista urbana com a velocidade média mais rápida na história da modalidade.

Existem também algumas alterações no esquema da competição, com a duração máxima de cada Grande Prémio, incluindo os períodos de bandeira vermelha, reduzido de quatro para três horas, ao passo que todas as sessões de treinos passam a ter a duração de 60 minutos.

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