Sem transplante de pulmão, Niki Lauda teria morrido

09/08/2018

Alexandra Beny
Alexandra Beny
Jornalista
Os médicos que operaram o tricampeão de Fórmula 1 garantem que a esperança de vida de Lauda era apenas uma questão de dias ou semanas.
Alexandra Beny
Alexandra Beny
Jornalista

Na semana passada, o mundo do desporto automóvel recebeu a notícia de que Niki Lauda iria ser submetido a uma cirurgia urgente, com o coração nas mãos. Após todo um passado envolto em drama durante a sua carreira, a lenda da Fórmula 1, hoje com 69 anos, sofreu uma alveolite hemorrágica.

“Esta é uma inflamação dos alvéolos [os sacos de ar no interior dos pulmões], que tem sido acompanhada por hemorragia no tecido pulmonar e no trato respiratório”, explicou Marco Idzko, chefe da divisão de pneumologia do hospital geral de Viena.

Antes da cirurgia, Lauda fez terapia imunossupressora, o que levou a uma melhora significativa na situação respiratória. Contudo, devido à sua idade já avançada, as células do sistema imunológico no sangue migraram para os pulmões, atacando o tecido.

“Acabou por levar à destruição e perda de tecido pulmonar funcional”, acrescentou Idzko, que disse que esse cenário carrega uma alta taxa de mortalidade.

O perigo era muito e o tricampeão teve mesmo que receber ventilação na unidade de cuidados intensivos.

“Tivemos que fazer uma substituição pulmonar mecânica, uma ECMO – uma oxigenação por membrana extracorpórea”, esclareceu o cardiologista, Gottfried Heinz.

A expectativa de vida de Lauda era apenas de alguns dias. Por isso, foi imediatamente para a lista de espera por um transplante de pulmão com alta prioridade.

“O tempo médio de espera neste caso é de cinco dias”, explicou o cirurgião torácico Konrad Hotzenecker, que realizou o transplante na última quinta-feira.

No total, são sete os especialistas a acompanhar de perto a recuperação de Niki Lauda. As expetativas, para já, são boas. Os médicos deram a Lauda um bom prognóstico de recuperação: “As nossas taxas de sobrevivência são superiores a 90% após um ano e cerca de 75% após cinco anos”, disse o cirurgião torácico Peter Jaksch, que enfatizou que os pacientes geralmente têm uma boa qualidade de vida.

Lauda não deve marcar presença nos circuitos tão cedo, contudo a qualidade de vida do antigo piloto F1 vai melhorar consideravelmente.