Os primeiros testes de pré-temporada da Fórmula 1, que decorreram na semana passada em Barcelona, mostraram que a Mercedes-AMG está em grande forma logo no arranque das operações, deixando as suas principais rivais em estado de alerta perante o potencial de superioridade da formação germânica.

Ao contrário do que tem sido usual nas últimas temporadas, em que os primeiros testes de conjunto revelam uma toada cautelosa por parte da Mercedes-AMG, os ensaios levados a cabo entre quarta e sexta-feira da semana passada deixaram bem patente a aparente superioridade da marca alemã, com Valtteri Bottas a conseguir o melhor tempo da semana no derradeiro dia e a deixar o melhor dos ‘outros’ (o seu companheiro de equipa Lewis Hamilton foi o segundo) a mais de um segundo de diferença.

Além da eficácia de um chassis que evolui em relação ao do ano passado, um dos elementos que estará a fazer a diferença para o lado da Mercedes-AMG será o DAS, acrónimo para ‘Dual Axis Steering’, que pode ser traduzido para português como Direção de Duplo Eixo. Tratando-se de mais um elemento técnico revolucionário, a sua legalidade rapidamente se tornou tema de debate entre as demais equipas, mas a Federação Internacional do Automóvel (FIA) veio confirmar a sua legalidade.

Como funciona e para que serve?

Na prática, o DAS é mais uma forma de alterar alguns dos parâmetros do monolugar com controlo pelo piloto. Este recorre ao volante como forma de alterar o ângulo dos pneus dianteiros, bastando para isso puxar ou empurrar o volante, que atua de forma telescópica na coluna da direção. A ideia deste sistema passa por aumentar a superfície de contacto dos pneus com o asfalto durante as retas, o que torna mais consistente o seu desempenho e o seu aquecimento, mas ao aproximar-se de uma curva o piloto pode repor o ângulo das rodas mais eficaz para descrever essa curva. Agora, com o benefício de um aquecimento mais eficaz dos pneus, logo, maior tração.

Neste sentido, em circuitos com retas mais longas, o sistema poderá ajudar os monolugares a serem mais eficazes em curva, ao mesmo tempo ajudando a manter a faixa de operação dos pneus de maneira mais consistente.

Atendendo a que na Fórmula 1 há dois caminhos quanto a estas inovações potencialmente disruptivas – a proibição ou a disseminação por outras equipas – resta saber como irão as suas rivais reagir, nomeadamente a Ferrari e a Red Bull, estas duas com maiores ambições para a nova temporada.