A história de competição da Mercedes-Benz tem hoje como ponto mais importante a participação na Fórmula 1, a que se junta ainda a Fórmula E como alternativa desportiva de relevo, mas no passado um dos seus momentos mais gloriosos esteve nas pistas do Mundial de Resistência (WSC) precursor do atual WEC, com a descoberta de três nomes que marcaram uma era da Fórmula 1.

Em 1990, a Mercedes-Benz estava em grande no Mundial de Resistência da época, numa parceria com a suíça Sauber que rendeu grandes dividendos a ambas as partes. Em 1989, o binómio Sauber-Mercedes já havia sido bem-sucedido com o C 9 pintado de prata, naquele que foi um regresso simbólico das ‘flechas de prata’, uma quase imposição de Werner Niefer, então Presidente da Mercedes-Benz AG, para que os carros azuis-escuros da época anterior fossem pintados de prateado. A ligação era óbvia com os modelos do passado.

O Sauber-Mercedes C 11 de 1990 era uma evolução lógica do C 9, vencedor da edição de 1989 das 24 Horas de Le Mans, sendo produzido em Hinwill, na Suíça, sob direção de Leo Ress. A equipa utilizou pela primeira vez um chassis em fibra de carbono, ajudando a manter o peso mínimo de 870 kg. O motor V8 turbo tinha uma cilindrada de 4973 cc e em qualificação podia gerar até 924 CV de potência, descendo para os 730 CV em condições de corrida, durante a qual o esforço era maior.

Mas a grande história de 1990 era a integração na equipa de um trio de jovens pilotos que eram anunciados como o futuro em termos de talento e competitividade: Michael Schumacher, Karl Wendlinger e Heinz-Harald Frentzen. Para apurar as suas qualidades, o diretor desportivo Jochen Neerpasch quis emparelhá-los com os mais experientes Jean-Louis Schlesser, Mauro Baldi e Jochen Mass.

Ja em 1989 tinham sido tema de conversa com Peter Sauber a referir após um teste que “Frentzen era o mais rápido. Schumacher quase nada mais lento, muito consistente e muito interessado na tecnologia mesmo naquela época. Wendlinger era o mais cauteloso e não queria partir mesmo nada”. As duplas Mass/Wendlinger e Mass/Schumacher venceram uma corrida cada do campeonato e forjaram as qualidades de carreiras que se mostraram bem diferentes nos seus resultados.

Schumacher foi sete vezes campeão do mundo de Fórmula 1, Heinz-Harald Frentzen venceu três corridas de F1 e ficou em segundo no campeonato de pilotos em 1997 (depois de Schumacher ter sido desclassificado), enquanto Wendlinger estreou-se na modalidade em 1993 com a Sauber, que curiosamente foi a porta de entrada para o regresso da marca da estrela à F1, de forma meio encapotada com a equipa suíça. Porém, um acidente grave no GP do Mónaco de 1994 encurtou a sua carreira na modalidade, mas não lhe retirou o gosto pelo automobilismo, sendo hoje um embaixador da marca AMG e instrutor na Academia de Pilotagem.

Regressando à temporada de 1990, a Sauber-Mercedes venceu oito das nove provas do campeonato de Resistência de Grupo C, com Schlesser e Mauro Baldi a vencerem o campeonato de pilotos e o C 11 a levar a formação ao título de equipas.

Os bons resultados e o bom entendimento entre a Sauber e a Mercedes-Benz acabaram por ajudar a que, como já atrás mencionado, a formação de Peter Sauber partisse para a aventura da Fórmula 1 com a ‘benesse’ de um motor com alguma ajuda da marca alemã e da Ilmor (preparadora técnica), embora com denominação Sauber.

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