Diversificando a sua gama, a smart vai contar em breve com um novo modelo, o #3 (lê-se ‘hashtag’ três), que coloca a marca num novo patamar em termos de ambições. Na apresentação internacional deste novo SUV coupé, que decorreu na região de Palma de Maiorca, pudemos ‘sentir o pulso’ ao #3 em duas variantes: a Premium com motor traseiro e tração no mesmo eixo e a mais pulsante Brabus, com tração integral, sonoridade especial e 428 CV de energia a partir de dois motores elétricos. Dois exemplos que sublinham uma postura realmente divertida de condução.

Para muitos adeptos dos smart de ‘antigamente’, o principal foco de diversão passava por conseguir estacionar o seu fortwo em qualquer ‘buraco’ na densa malha urbana. Com a nova geração de modelos, ainda que não consiga ter exatamente a mesma experiência urbana de ‘encaixar’ o seu smart em qualquer espaço, o #3 também pode ser urbano. Mas a diversão é outra: com prestações bem desportivas e comportamento mais apurado, o novo #3 pode ser uma boa surpresa em trajetos sinuosos. A diversão é, enfim, outra.

Com os novos smart, a marca eleva a sua experiência de utilização e coloca-se num patamar premium em termos de construção e de refinamento de condução. O #3 é uma combinação de arrojo e irreverência num formato que dista do conceito da smart dos outros tempos, mas que não abandona os preceitos de jovialidade e de diversão ao volante.

Com acabamentos de ótimo nível, o #3 é realmente um automóvel de segmento premium, sublinhado pelos excelentes acabamentos e pelos detalhes de cor um pouco por toda a carroçaria e no interior, com apostas interessantes como o sistema de som da Beats com altifalantes a toda a volta para uma experiência imersiva a bordo.

Com recurso à plataforma SEA do grupo Geely, que é conhecida de marcas como a Volvo, Zeekr ou até da própria smart (para o #1), o #3 resulta bastante bem ‘ao vivo’, sobretudo em cores menos convencionais, como o laranja ou o azul celeste que também estava presente no evento dinâmico. Ao volante, com botões convencionais (boa decisão), destaca-se a posição de condução mais baixa e mais dinâmica, denotando desde logo uma postura de utilização que pretende ser algo diferente da do #1.

Para que tal não seja apenas um chavão de marketing, os engenheiros da smart trataram de alterar praticamente todas as ligações ao solo do #3: ou seja, há novos amortecedores, novas molas e novas barras estabilizadoras, enquanto os batentes de borracha que foram usados nas unidades deste primeiro contacto em Espanha também serão alterados para obedecer melhor aos gostos dos clientes europeus. Também os sistemas de segurança, sobretudo os que emitem avisos sonoros, estão ligeiramente menos intrusivos…

Mas é na estrada que se descobrem as diferenças do novo #3 face ao #1, que foi lançado há cerca de um ano no mercado europeu.

Primeiro, o Premium

O primeiro modelo que pudemos experimentar foi o #3 Premium com motor traseiro de 200 kW/272 CV e 343 Nm de binário máximo, com este modelo a ser um exemplo de refinamento em praticamente todos os tipos de piso. Com jantes de 19″, filtra bem as irregularidades, embora se note a tal firmeza acrescida neste modelo, face ao #1. A direção precisa e informativa também ajuda a uma experiência que, em utilização mais tranquila, pode ser descrita como bastante agradável, beneficiando ainda de excelente insonorização.

Mas, sendo um automóvel de cariz mais dinâmico, a smart preparou um percurso repleto de curvas e contracurvas nas montanhas de Palma de Maiorca. Com tração traseira, o #3 é verdadeiramente divertido de conduzir neste cenário, com uma secção posterior que não se importa de ser provocada e que, por outro lado, se deixa dominar com relativa facilidade. A forma como ganha velocidade impressiona, desde logo, mesmo não se tratando do Brabus, mas o ímpeto é fácil e entusiasmante no modo de condução ‘Sport’ (mesmo com o controlo de tração desligado).

Neste cenário, torna-se mais fácil soltar a traseira e exige-se maior cuidado, mas os movimentos de carroçaria bem contidos ajudam a manter o controlo da situação.

Os travões também se demonstraram sempre à altura, dando assim confiança para uma condução aguerrida e, até há bem pouco tempo, pouco condizente com o que seria de esperar de um smart. O do ‘antigamente’ era urbano e divertido porque se encaixava em qualquer ‘buraco’ da cidade. O #3 também pode ser urbano e um deleite de conduzir em percursos sinuosos. Diferentes formatos de diversão.

Tudo isto com um consumo energético que se ficou pelos 17.5 kWh/100 km em 104 quilómetros de teste.

Depois o Brabus, bravíssimo

A segunda parte da etapa, noutros 100 quilómetros, foi feita ao volante do mais vigoroso #3 Brabus, com os seus 428 CV de potência e 543 Nm de binário, aqui com a diferença de dispor de um motor dianteiro e tração integral. Esses valores permitem então alcançar prestações dignas de desportivos de topo, mas o comportamento é outra virtude deste modelo, mesmo com uma afinação de chassis que pouco difere da do Premium previamente ensaiado.

O controlo de movimentos da carroçaria é muito bem executado e as acelerações impressionam ainda mais. A passagem em curva consegue ser bem rápida, com a garantia de um motor suplementar a tornar a sua eficácia melhorada, sendo que a direção precisa até admite pequenas correções da trajetória.

Sujeito a um trabalho constante de travagem mais intensa, o conjunto desenvolvido pela marca não revelou indícios de desgaste, oferecendo pois a necessária confiança para as estradas mais serpenteantes de montanha, mas com a costa marítima ao alcance de um olhar fugaz.

Tão fugaz como os 3,7 segundos de aceleração dos zero aos 100 km/h deste modelo.

O facto de ser um pouco mais firme nas ligações ao solo não nos pareceu demasiado prejudicial em termos de conforto, mas os pisos do ensaio internacional eram quase sempre ‘lisinhos’ com algumas exceções de curtíssima duração.

Detalhe que nos agradou sobremaneira foi o das diferentes sonoridade disponíveis para o motor: desde os mais ‘sci-fi’ ao ‘Classic’ a imitar os motores de combustão há um som para cada ouvido. E no modo Brabus, o som é emotivo e ajuda na experiência global de condução. Há emoção e isso é algo que pode ser bastante interessante para quem procura um modelo elétrico e gostaria de manter alguma da conexão ao passado da combustão.

Em suma

Os novos #3 vêm colocar a smart num patamar premium dinâmico em que não tinha presença e dão indicações de que está apostada em chegar a novos segmentos com produtos de elevadíssima qualidade e fazendo jus à sua missão de eletrificação total.

O facto de ser definido como um SUV coupé em nada lhe retira aptidões funcionais, com a imagem a ser uma mais-valia, mas também a componente tecnológica e bem pensada do interior – bem concebido, ergonomicamente correto e com detalhes que o colocam em linha com o carácter premium de outras marcas rivais.

Mas é o comportamento muito competente que demonstra a ambição de ter produtos para diferentes tipos de condutor, num reconhecimento de que há espaço para quem quer um pouco mais de emoção ao volante e não só em reta.

Os preços do novo smart #3 iniciam-se nos 42.950€ da versão Pro+, com o Brabus a ocupar o estatuto de topo de gama por 50.450€.

FICHA TÉCNICA
smart #3 Premium
Motor: Elétrico síncrono de ímanes permanentes, singular, traseiro
Potência: 200 kW/272 CV
Binário: 343 Nm
Transmissão: Tração traseira, caixa de relação única
Bateria: Iões de lítio (NCM), 66 kWh
Carregamento: ~30 min a 150 kW (CC); ~3 horas a 22 kW (CA)
Acel. 0-100 km/h: 5,8 seg.
Vel. máxima: 180 km/h
Consumo (WLTP): N.D.
Autonomia (WLTP): 455 km
Dimensões (C/L/A): 4400/1844/1556 mm
Distância entre eixos: 2785 mm
Bagageira: 370-1160 litros (15 litros na dianteira)
Peso: 1810 kg
Pneus: 245/45 R19
Preço: 45.950€

FICHA TÉCNICA
smart #3 Brabus
Motor: Elétrico, síncrono de ímanes permanentes, duplo, dianteiro e traseiro
Potência: 315 kW/428 CV
Binário: 543 Nm
Transmissão: Tração integral, caixa de relação única
Bateria: Iões de lítio (NCM), 66 kWh
Carregamento: ~30 min a 150 kW (CC); ~3 horas a 22 kW (CA)
Acel. 0-100 km/h: 3,7 seg.
Vel. máxima: 180 km/h
Consumo (WLTP): N.D.
Autonomia (WLTP): 415 km
Dimensões (C/L/A): 4400/1844/1556 mm
Distância entre eixos: 2785 mm
Bagageira: 370-1160 litros (15 litros na dianteira)
Peso: 1910 kg
Pneus: 245/45 R20
Preço: 50.450€

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