Não é preciso inventar muito: o motor sobrealimentado de 2.0 litros, com 306 CV de potência e 400 Nm de binário, a caixa de velocidades de dupla embraiagem AMG SPEEDSHIFT DCT 7G, a suspensão AMG e o sistema de tração integral variável AMG Performance 4MATIC conjugam-se num modelo que permite modularidade de utilização impressionante. Não só é rápido, muito rápido, como arrisca ser um fiel companheiro de utilização para famílias.
O visual é relativamente discreto e obriga a olhar duas vezes: não fossem as ponteiras de escape ovais, o spoiler na tampa da bagageira, as saias laterais, as jantes de maiores dimensões (18 polegadas) e os para-choques distintos (no caso do traseiro com um difusor central) e esta berlina poderia passar despercebida, numa espécie de vestimenta ‘smart casual’ que agrega desportividade e elegância em igual medida. A bordo, as bacquets AMG opcionais favorecem uma posição de condução devidamente desportiva, bem como o volante desportivo e menus específicos do sistema de infoentretenimento MBUX, os quais transmitem a tão necessária vivência AMG que a Mercedes-Benz aprecia. E os condutores mais aguerridos também.
Em termos de habitabilidade, a principal melhoria face ao compacto de cinco portas e ao CLA prende-se com a altura dos assentos traseiros ao tejadilho, sendo ligeiramente mais permissivo para ocupantes de maior estatura. Sendo 13 cm mais comprido do que o A de cinco portas e 0,6 cm mais alto, partilha da mesma distância entre eixos, ou seja, 2729 mm, recebendo preferencialmente dois adultos, até pelo posicionamento intrusivo do túnel central no habitáculo, o que não impede uma apreciação como familiar competente. Nota, ainda, para a bagageira com 420 litros de capacidade, com acesso amplo.
Domingo desportivo
Mas é ao volante que se tira o melhor partido do que esta berlina tem para oferecer. Com um nível de motricidade realmente eficaz, o AMG A 35 Limousine é impelido com energia cativante por parte do seu bloco de dois litros e quatro cilindros, capaz de debitar 306 CV e 400 Nm de binário.
No modo mais desportivo do sistema AMG Dynamic Select, ‘Sport+’, o acelerador ganha maior sensibilidade, a direção perde alguma da sua assistência e ganha precisão, enquanto a atuação da caixa de velocidades passa a oferecer passagens entre relações mais rápidas, deixando o ponteiro das rotações elevar-se até perto do ‘redine’. Com sonoridade rouca a condizer, este AMG é máquina apaixonante e, de certa forma, também algo perdulária nos excessos, com um chassis muito bem concebido que se deixa explorar com convicção (nota para os reforços estruturais no sub-chassis e nas próprias torres das suspensões).
Talvez o ponto em que melhor se sente toda a competência do chassis e do sistema de tração integral é nas curvas em apoio, praticamente anulando a inclinação da carroçaria e tornando a entrada e a saída em curva bem cativantes. A direção precisa e a frente incisiva são exemplares, enquanto o fôlego do motor permite, pois, que se abordem percursos sinuosos de forma entusiasmante, situando-se como um dos melhores exemplos do que se pode encontrar em matéria de desportivos nesta gama. Encontre-se o caminho das patilhas atrás do volante e ganha-se ainda maior envolvência.
De resto, os valores de aceleração e de velocidade máxima confirmam essas impressões: a aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em 4,8 segundos e a velocidade máxima é de 250 km/h (limitada eletronicamente). Há ainda outros modos do sistema Dynamic Select: no extremo oposto ao ‘Sport+’ está o ‘Slippery’ (escorregadio), ideal para pisos de aderência precária em que o sistema de tração integral pode ser bastante útil, situando-se no meio o Comfort, o Sport (não tão extremo) e o Individual, que permite acertar alguns parâmetros do chassis a gosto do condutor.
A travagem é igualmente mordaz e resistente à fadiga, dispondo de discos ventilados e perfurados nos dois eixos, que transmitem segurança no momento de ‘tirar’ velocidade. Na súmula de todos os aspetos, esta é a versão que mais facilmente se adapta a diferentes estilos de vida sem obrigar a concessões excessivas: é veloz, extremamente divertido e relativamente confortável para longas tiradas.
Posto isto, o que é que se pode apontar como menos bom a este A 35 Limousine? Tendencialmente, o consumo. Facilmente se atinge uma média na casa dos 9,0 litros sem abusar muito. Além disso, ao preço de base já algo elevado – 70.408€ – juntam-se os opcionais também de custo moderado, elevando assim o seu preço final para valores acima dos 75 mil euros… No caso da versão ensaiada, o valor a pedir seria de 76.523€.
VEREDICTO
É difícil não sair do AMG A35 Limousine convencido de que este é um desportivo de excelência, como poucos no mercado. Transmite emoção e eficácia em doses idênticas, mas também a notória sobriedade de um modelo de competência familiar com uma intensidade que não se encontra em muitos rivais da sua fasquia de preço. O motor 2.0 turbo é uma fonte de adrenalina, mas é o conjunto no seu todo que demonstra a competência dos engenheiros da AMG na preparação de opções desportivas. Ligeiramente mais satisfatório do que o A de cinco portas, esta é a berlina que recompensa os amantes de condução desportiva sem obrigar a descurar o foco familiar.
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