Se as berlinas parecem ter perdido fôlego desde o seu auge na década de 1990, ainda há quem lhes dê importância num mercado dominado, cada vez mais, pelas carroçarias SUV. No caso da Mercedes-Benz e do seu novo A Limousine com motor 1.5 Diesel, a fórmula encontrada apela às jovens famílias que procuram boas prestações associadas a maior funcionalidade e estilo refinado.

Aproveitando as potencialidades da sua plataforma para automóveis compactos, a Mercedes-Benz encontrou os ingredientes ideais para oferecer um cardápio completo de modelos para todos os gostos. Divergindo do compacto de cinco portas e da berlina estilizada CLA Coupé, este modelo enraizado na família ‘A’ assume-se como uma novidade destinada às jovens famílias que almejam elegância e habitabilidade melhorada face a qualquer uma das outras propostas (embora existam ainda Classe B e o novo GLB para esse fim), na revisitação de um estilo que teve o seu auge de popularidade na década de 1990.

Com 4,56 m de comprimento, 1,80 m de largura e 1,45 m de altura, esta berlina é 13 cm mais comprida do que um Classe A de cinco portas, embora seja também 13,9 cm mais curta do que o CLA Coupé, partilhando no entanto em qualquer um dos casos a distância entre eixos, ou seja, 2,73 m.

Também não lhe faltam elementos de requinte visual e tecnológico, como o protagonizado pelo sistema de infoentretenimento MBUX (com os dois ecrãs de 10.25 polegadas na sua configuração mais evoluída) ou na configuração de praticamente todo o interior, que é, em grande medida, decalcado do compacto de cinco portas.

A ideia da marca foi simplificar e esta berlina de aspeto mais convencional convence pelo facto de ter um interior de qualidade, nos materiais e na construção, além de boas cotas de habitabilidade. Atrás, dois adultos acomodam-se sem problemas de maior, seja em altura, seja no espaço para as pernas, tirando partido ainda do facto de ter um tejadilho de linhas mais direitas do que no caso do CLA Coupé. Apenas a largura e o túnel central mais volumoso desaconselham viagens longas com um terceiro ocupante nos bancos posteriores.

Expedito e económico

A versão 180d é animada pelo conhecido motor 1.5 turbodiesel, que recebeu mais algumas evoluções para se tornar mais eficiente e refinado, além de ganhar mais 7 CV face à geração anterior deste bloco – passa a debitar 116 CV em vez de 109 CV. Mesmo que o ganho de potência não seja significativo, a aliança com a caixa automática de dupla embraiagem 7G-DCT faz desta unidade uma variante bastante rápida a responder aos desejos do condutor, destacando-se pela entrega de potência desde regimes muito baixos e pela particularmente eficaz capacidade de resposta quando se exigem recuperações lestas.

Aos 116 CV de potência juntam-se os 260 Nm de binário para um resultado final que acaba por ser bastante agradável e até elogioso pelo facto de parecer ser mais rápido do que os números oficiais ditam. Tudo isto com um consumo contido, já que registámos um valor final de 5,5 l/100 km. As patilhas atrás do volante dão ainda um outro controlo em modo manual.

O sistema Dynamic Select permite-lhe variar parâmetros de chassis (direção e suspensão) e do conjunto motor/caixa, ora para maior economia (‘ECO’) com modo de condução à ‘vela’, ora para maior desportividade, com modo ‘Sport’, a par de um configurável (‘Individual’).

Na vertente dinâmica, sobressai o bom controlo de movimentos da carroçaria, apelando a uma toada mais desportiva, fruto de um acerto evoluído de chassis em termos de amortecimento e de direção, dando confiança e segurança em percursos mais sinuoso a troco de alguma perda de conforto em piso menos liso. A opção pela Linha AMG de equipamento (2250 €), com jantes de 19” (750 €) e suspensão desportiva, também terá aqui a sua preponderância.

O preço base deste modelo está nos 32.679€, mas o modelo das imagens conta com diversos opcionais que elevam a fatura final para valores acima dos 40 mil euros. Entre os elementos mais importantes, além da Linha AMG, jantes de 19″, destaque ainda para o Pack Premium, que por 4099 euros acrescenta diversos sistemas importantes, como o Keyless-Go, a configuração widescreen com os dois ecrãs de 10.25″, o sistema de navegação e sistema de som intermédio ou os bancos aquecidos. No total, o valor da unidade ensaiada ficava por 43.391€.

VEREDICTO

A moda das berlinas de segmento médio era bem mais usual nas décadas de 1980 e 1990, mas, tal como todas as modas, também esta é cíclica e regressa agora para mais uma vida, mostrando que ainda tem espaço num mercado pejado de modelos de estilo SUV. Com esta berlina Classe A, a Mercedes-Benz ocupa um espaço que tem valido algum sucesso à rival Audi com o seu A3, pelo que a sua aposta também se compreende, mesmo que a marca já tenha uma espécie de berlina – mesmo que mais desportiva – na sua gama compacta, na forma do CLA Coupé.

Com um motor eficaz associado a uma caixa automática muito solícita num binómio que se pode considerar de créditos firmados, o A 180d Limousine acaba por ser um modelo muito competente para quem busca um automóveis de competências familiares mais latas, sobretudo no que toca à habitabilidade e à capacidade para bagagens.

Afinal de contas, era o que se queria nos anos 90 e o que se continua a querer neste momento.

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