Mercedes-Benz E 300 de EQ Power: Híbrido Diesel ou o melhor de dois mundos

31/05/2019

Empenhada na continuidade do Diesel, a Mercedes-Benz desafiou as convenções atuais que dizem para fugir daquele combustível e lançou uma variante híbrida Plug-in assente precisamente no gasóleo em que a eficiência dita leis com uma mecânica de combustão interna de última geração aliada a um motor elétrico.

Esta aliança resulta da crença de que o Diesel, ao contrário do que é clamado por muitos, ainda tem amplas possibilidades de futuro, embora a marca não queira estar imune à tendência crescente de eletrificação que tem a sua expressão na sigla EQ Power, presente nas laterais deste Classe E Station ou na traseira.

A marca alemã tem em curso um programa de eletrificação para os Classe C, Classe E e Classe S que representa a aposta da companhia numa mobilidade mais sustentável, sem abdicar dos motores de combustão interna, mas tornando-os mais eficazes.

Para esta carrinha de segmento superior, a marca de Estugarda recorre ao seu refinado motor 2.0 turbodiesel, com 194 CV de potência, associado a um motor elétrico de 90 kW (122 CV), que por sua vez é alimentado por uma bateria de iões de lítio de 13.5 kWh. O conjunto conta ainda com uma caixa de velocidades otimizada para funcionamento híbrido 9G-TRONIC. A potência conjunta é de 306 CV e o binário ascende aos 700 Nm, valores que lhe permitem acelerar dos zero aos 100 km/h em 5,9 segundos e obter uma autonomia em redor dos 50 quilómetros (até 52 na carrinha).

Esta é a técnica que está na génese do E 300 de, com o motor elétrico localizado junto à caixa de nove velocidades, enquanto a bateria, no compartimento traseiro sob a bagageira, permite o carregamento com recurso a wallbox de 7.4 kW. Isso é possibilitado por um carregador interno com arrefecimento líquido, que lhe permite ir de zero a 100% em 1.5 horas. Numa tomada convencional, o mesmo exercício leva cerca de cinco horas.

Já o consumo médio declarado para esta carrinha é de 1,7 l/100 km para emissões de CO2 de 41 a 44 g/km de CO2, dependendo das dimensões dos pneus. Mas, depois de todo este jargão técnico, como é que se comporta na estrada?

Modos há muitos…

Com a bateria carregada até aos 100% podemos esperar, antes, uma autonomia mais realista em torno dos 40 ou 45 quilómetros, algo que pode sempre variar com o estilo de condução e com a forma como abordamos cada percurso. Uma importante contribuição para um estilo de vida mais eficiente, com menos visitas ao posto de combustível e menos emissões poluentes.

O arranque é silencioso, como se espera num destes carros de nova consciência ambiental. Por defeito, escolhe os modos ‘Comfort’ do ‘Dynamic Select’ e ‘Hybrid’ no modo de funcionamento motriz para os primeiros quilómetros. Vale a pena notar que existem dois seletores diferentes – um para modos de condução, com os já conhecidos ‘Eco’, ‘Comfort’, ‘Sport’, ‘Sport+’ e ‘Individual’ e outro para modo de funcionamento do sistema híbrido com os modos ‘Hybrid’, ‘E-Mode’, ‘E-Save’ e ‘Charge’ (os dois primeiros são autoexplicativos, ao passo que o ‘E-Save’ guarda a carga da bateria para um momento posterior e o ‘Charge’ utiliza o motor térmico para a locomoção e para carregar a bateria.

Poderio elétrico

No modo ‘ECO’ do ‘Dynamic Select’ e com o modo de funcionamento em ‘E-Mode’ podemos andar unicamente com o motor elétrico, sem gastar uma gota de gasóleo e sem emissões poluentes a partir do escape. As respostas são eficientes e permitem já desafogo, mesmo que em ritmos mais elevados o consumo seja mais elevado, como seria natural. Ideal para andar em cidade sem preocupações e adaptando-se aos trajetos mais ou menos banais do dia-a-dia que rondam os 30 quilómetros.

O ECO Assist, integrado no modo de condução ‘ECO’, recorre, mesmo, a um ponto de resistência no acelerador para que o condutor perceba quando é que deve soltá-lo para assim maximizar a economia ou a regeneração de energia.

No modo ‘Hybrid’ pode-se ter uma prestação mais equilibrada com os motores térmico e elétrico a cooperarem de forma amiúde para a obtenção de viagens com baixo impacto nos consumos, alternando entre si de forma absolutamente impercetível, naquela que é uma das particularidades desta configuração híbrida – a implacável suavidade. Estar a bordo deste E 300 de é sinónimo de viagens em requinte e tranquilidade, demarcando-se ainda, por outro lado, pela rapidez de respostas quando é necessário ser lesto no arranque ou em retomas. A caixa automática de nove velocidades utiliza habilmente a potência disponível em cada momento, fomentando uma abordagem pacata, mesmo que no modo Sport+ a intensidade de respostas seja nota de destaque.

As respostas são sempre prontas, com os 306 CV do conjunto e sobretudo o binário elevado a mostrarem energia digna de um modelo quase desportivo em todas as situações, seja em aceleração, seja em recuperações. Exemplo disso é a aceleração dos zero aos 100 km/h em apenas 5,9 segundos, o que para uma carrinha com mais de duas toneladas de peso é bastante interessante. Nota, ainda, para o ótimo isolamento acústico do novo Classe E.

Vantagens de longo curso

Mas, ao escolher uma mecânica turbodiesel, a Mercedes-Benz jogou também nos campos das vantagens de longo curso, já que o Diesel é particularmente útil em trajetos longos de autoestrada, gastando pouco e com respostas folgadas que conseguem compensar o aumento de peso proporcionado pela chegada de uma bateria e por um motor elétrico, bem como todos os seus elementos acessórios. Além disso, mesmo que o motor elétrico não consiga assumir as despesas da movimentação por longos períodos devido à carga da bateria a rondar os 10%, consegue na mesma auxiliar as acelerações ou, quando o terreno ajuda, assumir o controlo.

A inteligência da tecnologia presente neste carro também fica patente na forma como, de forma automática e sempre que nos aproximamos do carro da frente, o sistema regenerativo entrar logo em funcionamento, reduzindo a velocidade, mesmo que estejamos a controlar a distância.

Graças a tudo isso, os primeiros 100 quilómetros do teste em modo híbrido (alternando entre híbrido e elétrico) granjearam um consumo médio de 4,5 l/100 km. Já o consumo elétrico enquanto rodou unicamente sem emissões – uma boa parte dos 100 km totais, atente-se – foi de 22.3 kWh/100 km. Se se quisesse tornar a experiência bem mais vantajosa para o lado elétrico, bastaria carregar o veículo novamente assim que a primeira carga de bateria chegasse perto do seu limite e assim se teriam cerca de 75 ou 80 quilómetros sem recurso ao Diesel. Utópico? Não, perfeitamente plausível, com elevado refinamento e prestações elaboradas.

Dinâmica pró-conforto

O comportamento pende mais para o conforto do que para o arrojo a curvar, notando-se em certa medida o incremento do peso nas transferências de massas em curva, algo que a Mercedes-Benz procurou minimizar ao enrijecer ligeiramente a suspensão. Contudo, esta carrinha tem chassis de enorme eficácia e solidariedade entre os dois eixos, sendo seguríssima a curvar, mesmo que não emocionante de conduzir depressa em percursos sinuosos. Já em percursos de autoestrada rola com sobriedade, ao mesmo tempo digerindo o mau piso com notável eficácia. Já a travagem requer alguma habituação, uma vez que a primeira fase do curso do pedal de travão é pouco incisiva na atuação dos travões, dando primazia ao método regenerativo.

A bordo, tudo como já é tradicional no Classe E, cuja geração atual é pródiga em elogios: baixo ruído aerodinâmico e do motor, elevadíssima qualidade de construção e muito espaço a bordo, sobretudo atrás, tanto em altura, como em comprimento para as pernas. Tecnologicamente, realce para a disposição dos dois ecrãs em formato ‘widescreen‘, altamente configuráveis, assim como o painel de instrumentos também digital e configurável com vários tipos de informação.

Nem tudo é positivo, porém: a porta de carregamento da bateria fica no vértice traseiro direito da carroçaria, literalmente, o que nalguns lugares de estacionamento não é o mais prático, enquanto a bagageira cai na sua capacidade devido à colocação da bateria sob o piso da mala – na versão de base é de 640 litros e passa para 480 litros com um degrau bem evidente).

A versão base tem um custo de 72.900€, dispondo já de um bom nível de equipamento que contempla, portanto, um bom equilíbrio preço/equipamento. Os opcionais – uns mais relevantes do que outros – acrescem o custo final, embora na versão ensaiada importe salientar a presença de itens como o airbag de joelho, o sistema PRE-SAFE, ar condicionado automático bi-zona, jantes de 18 polegadas, o Pack Parking com câmara de marcha-atrás ou o Pack Advantage de série, a que se juntam elementos como a Linha de Design AMG (1400€) para uma soma final de 75.903€.

VEREDICTO

Faz quase tudo bem e permite tranquilizar o medo em redor do fim dos Diesel. O Mercedes-Benz E 300 de Station assume-se como uma escolha muito racional para quem procura obter o melhor de dois mundos: o silêncio, refinamento e suavidade de um motor elétrico capaz de fazer quase meia centena de quilómetros ou, noutro espectro, a capacidade de efetuar longas viagens sem preocupações de maior com autonomias ou paragens para abastecer.

E é bem conhecida a capacidade de conforto de rolamento desta carrinha em percursos longos de autoestrada. Aqui, a capacidade de circular ocasionalmente com a intervenção do motor elétrico ajuda a diminuir consumos, sendo em cidade que essa possibilidade ganha maior relevância – sem emissões, sem ruído, sem vibrações.

E, em querendo, pode fazer 350 quilómetros ou mais sem preocupações com um consumo médio reduzido. Não é propriamente acessível no seu preço, mas não existe praticamente nenhum rival no mercado com estas capacidades, o que lhe confere um posicionamento mais singular no segmento. Além disso, reflete qualidade elevadíssima de construção e nos materiais e prestações que satisfazem plenamente, sempre com o Diesel em segundo plano.

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