Depois de criar a submarca EQ, a Mercedes-Benz anunciou a diversificação do seu portefólio com uma série de modelos assentes em motorizações elétricas – total ou parcialmente – com os primeiros frutos a chegarem agora de forma mais clara. Além dos Classe A e B em versões Plug-in hibrídas (A 250e e B250e) e do EQC, há outros modelos a puxar pela fasquia da eletrificação, como é o caso da berlina E 300e, que recorre a um avançado sistema híbrido composto por um motor elétrico de 90 kW associado a um motor a gasolina de 2.0 litros e quatro cilindros com 211 CV para uma potência combinada de 320 CV e 720 Nm.
Visualmente, nada indicia que este é um híbrido Plug-in, embora no lado direito do para-choques traseiro se encontre uma porta para acesso à tomada de carregamento. É a partir daí que é possível carregar a bateria de iões de lítio com uma capacidade de 13.5 kWh (9.3 kWh de capacidade útil), da Deutsche ACCUmotive, entidade que pertence à Daimler AG.
Oficialmente, os valores de homologação em WLTP apontam para um consumo médio de 1,7 l/100 km e 35 g/km de CO2 (dependendo sempre do equipamento e das jantes, por exemplo). A aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em 5,7 segundos e a velocidade máxima está limitada aos 250 km/h (135 km/h em modo elétrico). A autonomia em modo elétrico é de 50 quilómetros.
Quanto aos tempos de carregamento, assumindo que quem comprar este Plug-in vai mesmo querer carregá-lo na tomada e não esperar baixos consumos por ‘magia’, pouco menos de duas horas chegam para carregar a bateria de 10% a 100% com uma wallbox de 7.4 kW.
Esse mesmo motor elétrico está integrado na caixa automática 9G-Tronic de nove velocidades, proporcionando assim um conjunto mais compacto.
Modos de bateria
Através de um botão na consola central é possível jogar com diferentes configurações da bateria, dando assim ao condutor a possibilidade de circular em modo híbrido (‘Hybrid’, ativado por defeito), no qual o sistema se encarrega de escolher o melhor modo de propulsão em cada momento ou 100% elétrico (‘E-Mode’), sendo que este dá total primazia ao motor alimentado a eletrões. Já os outros dois modos são de atuação da bateria: o ‘E-Save’ permite guardar a carga restante na bateria para utilização posterior (útil para não gastar a carga em autoestrada, por exemplo), enquanto o ‘Charge’ coloca o motor de combustão também a carregar a bateria. Idealmente, este é o modo que o condutor poderá escolher em viagens de autoestrada, aí podendo também alimentar a bateria para depois chegar à cidade com mais alguns quilómetros de emissões zero.
Além desses, pode também alterar os modos de condução com o Dynamic Select, sendo estes já bem conhecidos, desde o ECO ao Sport, aqui também com um mais agressivo Sport+, que coloca a potência toda disponível quase de imediato.
Facetas diversas
Nesta versão, o E 300e tem mesmo diversas facetas. Tanto pode ser um pacato rolador sem ruído e sem emissões, como um ‘atleta’ dos 100 metros prestes a ‘descolar’ dos blocos de partida. Em modo híbrido e em condições normais, sempre que possível, o sistema decide desligar o motor térmico para dar primazia ao motor elétrico (até aos 130 km/h), sendo já bastante interessante de explorar pelo facto de os dois motores funcionarem em conjunto para prestações mais vigorosas.
Mas, em modo elétrico, o objetivo é ser ecológico e a potência é disponibilizada de forma muito mais suave – ainda que uma pisadela mais forte dispare o E 300e para outro ritmo. Aqui, sobressai essencialmente, uma noção de potência tranquila, sendo preferível adotar condução regrada para não ‘extinguir’ a carga de bateria de forma rápida. Além disso, em qualquer dos casos, vale a pena aproveitar as descidas para regenerar energia cinética para acumular na bateria. Chegar aos 50 quilómetros de autonomia elétrica parece-nos otimista, sendo bem mais realista apontar para um valor até aos 40 quilómetros, mesmo que apostando numa condução não muito agressiva. Já o consumo médio parece-nos correto: obtivemos 2,9 l/100 km.
No modo mais desportivo, ganha maior poder de ‘disparo’ e elasticidade redobrada, como atesta aliás o valor oficial da aceleração, mesmo que raramente se sinta como um desportivo. Mas nem é esse o seu propósito, ainda que seja muito rápido a acelerar quando necessário, graças à energia facultada pelo motor elétrico.
Requinte superior
Sendo a geração mais recente do Classe E reconhecida pelo seu requinte e conforto, este 300e não trai a filosofia da gama. Quanto muito, reforça-a graças à configuração híbrida, tanto em matéria de suavidade de condução, como de insonorização em modo elétrico. Esta berlina exibe uma compostura a toda a prova, orientando-se para o conforto, ao mesmo tempo permitindo segurança elevadíssima e estabilidade nas passagens em curva.
Única diferença que é percetível para quem já tenha andado com um Classe E de motor convencional a gasolina ou Diesel é alguma perda de agilidade, sentindo-se o peso adicional do conjunto nas transferências de massa – afinal, são quase duas toneladas de peso e isso tem repercussões no dinamismo. Mas, com direção precisa e estrutura bastante rígida, o Classe E é imperturbável no conforto de viagem e na sensação de segurança que oferece a todos os ocupantes. E é por aí que deve ser elogiado.
A bordo, impera a qualidade geral, tanto dos materiais, como de construção, sobressaindo o conforto oferecido pelos bancos – com regulação elétrica, incluindo as costas dos bancos traseiros -, mesmo que nesses lugares o túnel central seja desencorajador para levar mais do que dois passageiros. Porém, onde o E 300e perde face aos seus congéneres de motor de combustão interna é na funcionalidade: a bagageira passa a contar com um degrau que mais não é do que a bateria – tem apenas 370 litros, sendo este valor um ponto a rever.
O custo deste modelo situa-se nos 67.500€, perfeitamente ajustado com o que oferece em termos de tecnologia e de prestações.
VEREDICTO
Assumindo um papel importante na campanha de eletrificação da marca alemã, o E 300e funciona como uma ponte para uma nova fase, proporcionando economia de combustível tanto mais elevada quanto maior for a utilização do carregamento na tomada. Primando pelo conforto de rolamento e qualidade geral a bordo, este é um modelo que dá à Mercedes-Benz uma maior conformidade com os novos tempos, sobretudo, porque esta berlina beneficia de alguns dos mais recentes desenvolvimentos no capítulo da mobilidade elétrica. Está longe de ser um modelo revolucionário, mas com prestações muito eficazes e boa autonomia elétrica adianta-se no concorrido segmento das berlinas executivas Plug-in.
| Características | Mercedes-Benz E 300e Limousine |
|---|---|
| Motor de combustão | Gasolina, 1991 cc, 4 cilindros em linha, injeção indireta, turbo, intercooler |
| Potência | 211 CV às 5500 rpm |
| Binário | 350 Nm às 1200-4000 rpm |
| Transmissão | Tração traseira, caixa automática 9G-Tronic, nove velocidades |
| Motor elétrico | Síncrono de íman permanente |
| Potência do motor elétrico | 90 kW/122 CV |
| Binário do motor elétrico | 440 Nm |
| Potência combinada | 320 CV |
| Binário combinado | 700 Nm |
| Bateria | Iões de lítio |
| Capacidade da bateria | 13.5 kWh |
| Velocidade máxima | 250 km/h (limitada); 135 km/h em modo EV |
| Aceleração 0-100 km/h | 5,7 s |
| Consumo (NEDC correlacionado) | 2,1 l/100 km (medido 2,9 l/100 km) |
| Emissões (NEDC correlacionado) | 48 g/km |
| Peso | 1985 kg |
| Dimensões (C/L/A) em mm | 4923/1852/1475 |
| Distância entre eixos em mm | 2939 mm |
| Suspensão (Fr/Tr) | McPherson/Independente multibraços |
| Mala | 370 litros |
| Pneus | 245/45 R18 |
| Preço | 67.500€ (ensaiado: 72.251€) |
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