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Primeiro contacto/CUPRA Formentor VZ5: A rebentar a escala das emoções

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Enquanto marca de desportivos apoiados pela lógica da emoção, a CUPRA demonstra que todas as opções são válidas. Posicionado no topo da sua escala de emoções, o Formentor VZ5 exibe-se como um atleta exclusivo e possante, mostrando músculos reforçados para aquele que é o mais potente dos modelos da marca. O motor de cinco cilindros até pode ser de origem Audi, mas os 390 CV fazem deste Formentor o mais ‘assanhado’ e emotivo deles todos. Ainda assim, sem evitar uma ponta de nostalgia…

A estratégia da CUPRA ganhou um enorme impulso com a chegada do Formentor, o primeiro dos seus modelos 100% desenvolvidos para a marca catalã que se emancipou, como se sabe, da SEAT, que foi durante muito tempo a ‘mãe’ dos modelos com a insígnia ‘CUPRA’. Com efeito, o Formentor representa duas em cada três vendas da CUPRA em solo europeu, com especial preponderância para os modelos híbridos plug-in: cerca de 40% das encomendas dizem respeito a estas.

No entanto, se o pico da desportividade na gama Formentor era até aqui representada pelo Formentor VZ de 310 CV (a par do Leon Sportstourer de igual potência), a chegada do VZ5 impulsiona a marca para outros patamares, colhendo aquilo que tem vindo a ser cultivado pela competição, sendo de recordar que a CUPRA tem um longo passado nos ralis e nos automóveis de turismos.

Com apenas 7000 unidades disponíveis, este Formentor VZ5 assumirá também o estatuto de clássico a médio prazo, atendendo ao número reduzido de exemplares previstos, mas também pela assunção de que os motores de combustão interna estão a chegar a um momento de extinção numa grande parte das marcas, cada vez mais inclinadas para a eletrificação total. Sem uma data precisa para essa conversão, a CUPRA não deixa de frisar que também o seu futuro será elétrico, esperando-se as chegadas dos Born e Tavascan até 2024. Daí a tal nostalgia de um futuro que será feito à ‘velocidade da luz’…

Máxima expressão do motor de combustão

A frase é de Nico Gerhadt, diretor de Motorizações da CUPRA, apresentando a unidade de cinco cilindros e 2.5 litros que se encontra sob o capot do Formentor VZ5, proveniente, sem segredos, da Audi Sport, que o emprega nos seus modelos desportivos. O mesmo responsável indica que “as tecnologias e a exclusividade farão deste modelo algo de único”, munindo-se de uma série de elementos únicos, como as cores – quatro no total, incluindo a nova ‘Taiga Grey’, em 2022 –, mas também pormenores estéticos como os novos para-choques com carbono exposto, difusor e spoiler traseiros, suspensão rebaixada em 10 mm (face ao modelo de 310 CV) e afinação específica de um chassis que tinha já uma pretensão desportiva bastante vincada.

Nada no Formentor VZ5 foi deixado ao acaso e as jantes de 20 polegadas (com pneus mais largos 255/35 R20) contribuem para uma imagem ainda mais robusta, sendo no entanto ainda mais evidente a inclusão de duas saídas de escape duplas em posição diagonal na traseira. Uma disposição que recorda a dos Lexus IS F, com acabamento a bronze no caso do CUPRA para aprofundar a sua pertença à CUPRA.

No interior, pouco muda, mantendo-se a aparência ‘racing’ oferecida pelo volante em pele com comandos satélites para os modos de condução (à esquerda) e de arranque (à direita), mas apimentada pela adição de bancos de estilo ‘baquet’ em couro ou, em opção, desportivos ligeiramente mais confortáveis. Destaque ainda para o ecrã de 12 polegadas para o sistema de infoentretenimento que controla todos os elementos do veículos, posicionado ao meio do tablier e em excelente posição de visualização, mas o seu manuseamento padece da mesma necessidade de habituação dos demais modelos da gama. O sistema ‘Full Link’ surge de série, bem como o reconhecimento de voz natural para controlo de algumas funcionalidades.

No departamento técnico, além das modificações já apontadas, os engenheiros da marca puxaram dos galões e evoluíram o chassis, com acerto de suspensão específico ao nível da geometria e do amortecimento (os tais 10 mm de redução de altura ao solo), aplicando também um novo sistema de travagem mais mordaz e resistente à fadiga (com maxilas Akebono de seis pistões e discos de 375 mm na dianteira) para lidar melhor com a potência acrescida, uma nova calibração do controlo de estabilidade (ESC) com três modos – ‘On’, ‘Sport’ e ‘Off’. O primeiro é auto-explicativo, enquanto o segundo permite uma maior liberdade de movimentos, mas ao mesmo tempo alguma ‘proteção’. Já o derradeiro deixa ao condutor toda a responsabilidade pelo controlo do Formentor VZ5, com a marca a apontar a sua utilização unicamente para pista. Os modos de condução surgem igualmente neste modelo, oferecendo alternativas entre o ‘Normal’, ‘CUPRA’ ou o ‘Drift’. Cada um atua em diferentes parâmetros de motor, chassis e caixa para uma sensação específica de condução.

A combinação de controlo de chassis adaptativo (DCC), com a direção progressiva e o ‘Torque Splitter’ tornam o Formentor VZ5 num preparado de pista. Este último sistema deriva igualmente da pesquisa feita pela Audi no Grupo Volkswagen, tendo sido já apresentado no RS 3, recentemente. Embora seja um modelo de tração integral (4Drive), trata-se de uma dupla embraiagem de controlo eletrónico situada no eixo traseiro, que permite entregar a potência de forma distinta a cada uma das rodas desse mesmo eixo, permitindo uma sensação de desportivo de tração traseira, com um modo ‘Drift’ incluído.

Coração forte

O motor 2.5 TSI debita 390 CV de potência e 480 Nm de binário máximo, tendo injeção direta e turbocompressor. Uma unidade de cinco cilindros em linha com bloco em alumínio e novo sistema de injeção a 250 bar que otimiza a mistura ar/combustível, além de um sequência de ignição 1-2-4-5-3 para uma sonoridade diferenciada.

Aliada ao motor está uma caixa automática DSG de sete velocidades, numa combinação que permite ao VZ5 acelerar dos zero aos 100 km/h em 4,2 segundos para atingir os 250 km/h de velocidade máxima. Tal como nos modelos de competição, tem um indicador luminoso que informa o condutor da proximidade do limite de rotações – perto das 7000 rpm, as luzes piscam em tom vermelho.

Tempestade na pista

Se o Formentor VZ5 tem uma alma de pista, a CUPRA levou os jornalistas até ao circuito de Castellolí, nos arredores de Barcelona, para ensaiar o seu novo desportivo. Um circuito exigente e bastante e variado que permite colocar à prova as capacidades do VZ5 com afinco, sobressaindo desde logo a sonoridade, muito mais grave do que a dos demais Formentor.

A aceleração é pronta e impulsiva, colando-nos ao banco enquanto o velocímetro cresce na sua ordem, garantindo que os 390 CV são uma presença constante. Porém, se a potência é eximiamente transferida para o asfalto, o que mais impressiona neste CUPRA VZ5 – apesar do tempo curto do contacto – foi a sua capacidade de entrosamento com o condutor, que beneficia de um vasto manancial de informações provenientes dos diferentes comandos do veículo.

A proficiência do chassis é excelente, sendo notoriamente firme em modo ‘CUPRA’, mas exímio na contenção do chassis em curva, que praticamente não se inclina, obedecendo com rigor aos ‘golpes’ de volante. Sem grandes queixumes ou inconstâncias – apenas obediência. A tração integral 4Drive tem um grande papel neste desempenho, traduzindo a enorme confiança que o condutor consegue sentir ao volante, mesmo em mudanças de direção mais repentinas.

A ideia que fica deste primeiro contacto é que o Formentor VZ5 responde criteriosamente ao objetivo de produzir um modelo que se posicionasse como expoente máximo da desportividade na gama atual, sendo igualmente um tributo aos motores de combustão na proximidade da sua subjugação aos modelos elétricos.

O lançamento irá decorrer em breve, não havendo ainda preços finalizados para esta versão, embora seja de esperar que fique em redor dos 60 mil euros.