Pensado para posicionar a SEAT num novo patamar, o Tarraco reflete bem aquilo que é a própria terminologia SUV em língua inglesa: Sport Utility Vehicle. Ou seja, um misto de competências que visa agradar a um público mais alargado. Aqui, houve uma preocupação em conceber um modelo que mantivesse a filosofia mais dinâmica e, ao mesmo tempo, mais estilizada da marca espanhola.
Com base na já conhecida plataforma MQB, o Tarraco exibe todos os predicados que são comuns a outros modelos da marca, como o rigor na construção e a escolha aprimorada dos materiais utilizados no habitáculo, com bastantes revestimentos suaves ao toque a denotarem um nível elevado de qualidade percebida. Na constatação de um bom ambiente a bordo do Tarraco, nota para a correção no posicionamento de todos os comandos, destacando-se ainda, pelo ecrã tátil na consola central, de 8.0 polegadas (a moldura a negro dá a impressão de ser maior), extremamente intuitivo e de boa resposta. Com tecnologia Full Link, permite conectividade ao smartphone do utilizador e acesso a aplicações diversas.
Espaço é também coisa que não falta, com os três lugares na segunda fila a proporcionarem desafogo em todas as direções, tanto mais que são deslizáveis em 16 cm para permitir melhor habitabilidade ou o acesso àquela que é outra característica chave – a terceira fila de bancos, que pode ser escondida na bagageira. Num incremento de versatilidade, estes dois bancos acomodam crianças com facilidade e até adultos de menor estatura, embora exija que os joelhos se situem muito dobrados e levantados, situação que não é muito diferente da maioria dos seus semelhantes. O acesso à terceira fila é exíguo.
Suave, como convém
Talvez não seja a versão mais procurada, mas com o aumento da procura de variantes a gasolina, a SEAT possa tirar partido daquela que é uma combinação de enorme valia. A unidade ensaiada dispunha de um motor 2.0 TSI de quatro cilindros com 190 CV de potência e 320 Nm de binário, que sobressai pela suavidade assinalável com que progride em matéria de velocidade, coadjuvado pela caixa automática DSG de dupla embraiagem de sete velocidades, exímia na tarefa de gestão do binário em cada momento.
A solução pelo motor mais potente da gama, com os seus 190 CV, é sobretudo mais lógica para quem faz viagens com mais bagagens a bordo ou com os cinco lugares (para não referir os sete) ocupados, mostrando-se muito robusto a ganhar velocidade (oito segundos dos zero aos 100 km/h), não acusando esforço nas retomas ou em inclinações mais pronunciadas. Além disso, noutra circunstância interessante, o Tarraco é um automóvel realmente bem insonorizado e imune a vibrações, pelo que a tranquilidade nas longas viagens é total.
A combinação ensaiada fica ainda completa com a presença de sistema de tração integral 4Drive, que permite assim gestão inteligente do binário entre os dois eixos, mesmo que não nos pareça que os seus utilizadores queiram exigir mais deste Tarraco do que uma ocasional passagem por estradões de terra batida ou com buracos ligeiros.
A versão ensaiada contava também com o sistema de modos de condução, que a SEAT denomina de Perfis de condução, selecionáveis a partir de um comando rotativo na consola central. Neste caso, aos modos Individual (personalizável), Eco, Normal e Sport, juntam-se ainda os dedicados Snow (Neve) e All Terrain, estes dois orientados para utilização 4×4. Pela sua ação alteram-se a resposta do motor e da caixa de velocidades, a assistência da direção ou o amortecimento, no caso de dispor de Controlo Adaptativo do Chassis (DCC). O modo ECO permite maior poupança, com situação de ‘roda livre’ quando possível, por exemplo, enquanto o modo Sport é o mais agressivo e apto para tiradas dinâmicas.
A este respeito, saliente-se a notável agilidade do Tarraco, que apesar das suas dimensões e dos 1800 kg de peso, entra e sai das curvas com competência digna de registo, oferecendo, acima de tudo, enorme segurança, aliando a essa característica também um elevado nível de conforto, apesar das jantes especiais de 20 polegadas (opcionais por 660€) que a unidade ensaiada equipava. Ocasionalmente, em piso mais deteriorado, fica à vista alguma firmeza de suspensão, mas não o suficiente para importunar os passageiros.
Parece-nos que, neste aspeto, o Tarraco é das propostas mais convincentes para quem procura também condução mais espirituosa: não é desportivo na verdadeira aceção da palavra, mas não desaponta. A posição de condução bem conseguida – elevada – e o painel de instrumentos digital com ecrã de 10.25″ também ajudam numa boa experiência ao volante.
Mas, nem tudo é perfeito neste Tarraco a gasolina, sendo fácil apontar o consumo como ‘calcanhar de Aquiles’. Com uma condução normal, composta de 100 quilómetros divididos por 50 urbanos e os restantes em vias rápidas ou nacionais, obtivemos 8,9 l/100 km, o que, olhando bem para o SUV em questão, não surpreende muito…
VEREDICTO
A entrada da SEAT no segmento dos grandes SUV fez-se com acerto, sendo o Tarraco um dos modelos de maior qualidade geral atualmente no mercado. A mecânica 2.0 TSI a gasolina é generosa na entrega da potência e eficaz, fazendo boa parelha com a caixa automática de dupla embraiagem, única opção para este bloco. Bons desempenhos e dinamismo acima de críticas concedem ao Tarraco um lugar cimeiro entre as preferências do segmento. A habitabilidade também merece elogios, sobretudo pela particularidade de oferecer espaço para sete passageiros.
Com um preço de 49.416€, esta versão a gasolina acaba por ser mais em conta do que a equipada com motor 2.0 TDI de 150 CV em igual nível de equipamento (54.471€), pelo que, numa aplicação racional, esta possa ser a versão mais indicada para quem procura maior vigor – mesmo que por troca de consumos um tanto ou quanto mais elevados.
