A Citroën sabe bem da importância que os SUV têm no atual panorama da indústria automóvel, pelo que é importante manter a sua gama bem fresca. Com a renovação do C3 Aircross, o SUV compacto ganha mais sofisticação e alinha-se com a nova imagem da marca gaulesa. Quando se conhece a alma do negócio, não há como errar.

Foi o segundo modelo mais vendido da Citroën na Europa (a 28 países) durante o ano de 2021 (de acordo com os dados da JATO Dynamics), com 66.878 unidades matriculadas, pelo que à sua frente ficou apenas o ‘irmão’ C3 de formato mais tradicional. Assim se percebe a importância deste C3 Aircross e do segmento para a marca, pelo que a renovação aplicada em 2021 revelou-se importante para manter bem vivo o seu fôlego num mercado em que as vendas teimaram em não retomar os valores pré-pandemia.

Houve a preocupação de tornar o C3 Aircross mais moderno. Em termos estéticos, adota uma nova secção dianteira com a nova assinatura da Citroën, faróis LED de série e uma nova proteção inferior em cinzento prateado (a partir do nível de equipamento Feel Pack). Basicamente, essas são as grandes novidades estéticas deste C3 Aircross, embora existam muitas opções de personalização e novas variantes de jantes entre 16 e 17 polegadas.

Com 4,16 m de comprimento, o C3 Aircross continua a fazer da habitabilidade e da versatilidade dois atributos importantes, destacando-se o banco traseiro deslizante em 15 cm longitudinalmente, com duas secções independentes, e o rebatimento do banco do passageiro da frente, permitindo, assim, o transporte de objetos com um comprimento máximo de 2,40 metros (de série desde o Shine Pack, opcional no nível Shine).

Além disso, reforça a noção de conforto e o bem-estar a bordo, graças aos seus novos bancos Advanced Comfort. O C3 Aircross torna-se, igualmente, mais funcional com a nova consola central que agora integra um grande espaço de arrumação fechado na parte de trás.

A luminosidade do habitáculo é também uma grande vantagem, fruto da grande superfície vidrada e pelo tejadilho panorâmico, com abertura elétrica, em vidro (opcional no nível de equipamento Shine Pack). O volume da bagageira é extensível dos 410 (ou 520 litros quando o banco traseiro está na sua posição avançada) aos 1289 litros quando é rebatido.

Para uma jovem família, acaba por ser uma boa opção, oferecendo boas cotas de habitabilidade e elevada funcionalidade, como já atrás descrito, valendo-se de boa altura interior. Apenas o espaço para as pernas não é fantástico, situando-se na média do que o segmento oferece, mas apenas sentirá maiores constrangimentos se for bastante alto.

Há ainda um reforço importante no capítulo das tecnologias de conectividade com base no novo ecrã tátil de 9.0”, associado à navegação conectada Citroën Connect Nav, ou a função Mirror Screen compatível com Android Auto e Apple Car Play, bem como o carregamento sem fios para smartphones.

Como seria de esperar e é norma no segmento, o habitáculo é povoado por materiais mais duros ao toque, denotando, em contraponto, elevada solidez e rigor de montagem.

Tecnologias de simplificação

O novo C3 Aircross passa a dispor de maior número de tecnologias para auxiliar na condução, num total de 12, como por exemplo o head-up display a cores ou o Grip Control com Hill Assist Descent (em opção desde o nível de equipamento Shine), que estava presente na unidade ensaiada com motor 1.2 PureTech 130 de três cilindros associado à caixa de velocidades automática EAT6. Como o próprio nome indica, são 130 CV de potência e 230 Nm de binário (às 1750 rpm).

Um binómio bastante agradável na sua utilização, com respostas muito corretas desde baixos regimes, dando assim um bom impulso para utilização despachada q.b. e suavidade agradável para os trajetos mais pacatos. A caixa tem um funcionamento bastante escorreito, com passagens suaves, ainda que por vezes tenha uma tendência para reduções sem necessidade. Ainda assim, apenas em casos muito pontuais, por exemplo, em subidas.

De resto, a agradabilidade deste conjunto motor/caixa traduz-se em prestações bem conseguidas, sendo de valorizar sobretudo a competência geral de rolamento, nutrindo-se de uma boa dose de conforto para as viagens. É, certamente, um dos mais confortáveis do seu segmento, apenas revelando maior limitações nas passagens por lombas mais pronunciadas.

Nas irregularidades de piso de maior frequência, há níveis de absorção muito bons, tornando-se assim num companheiro muito bom para viagens sem grande desconforto a bordo, sem afetar em muito a vertente dinâmica. Não escondendo a propensão para adornar a carroçaria em curvas mais fechadas e feitas a maior velocidade, oferece segurança na condução, até porque a direção oferece precisão suficiente.

Os consumos revelam-se modestos, com 6,5 l/100 km de média obtida no ensaio de 100 quilómetros, ficando perto dos 6,3 l/100 km anunciados em ciclo combinado WLTP.

A unidade ensaiada contava com a tecnologia Grip Control (300€), que oferece um pouco mais de versatilidade a um SUV que apenas conta com tração dianteira. Ainda assim, é um bónus que poucos rivais oferecem, fazendo variar ligeiramente a entrega da potência às rodas e, assim, variar o nível de motricidade em diferentes momentos.

Há cinco modos selecionáveis, entre o ‘Normal’, ‘Neve’, ‘Areia’, ‘Lama’ e ‘Controlo de Tração Off’, a partir dos quais o C3 Aircross pode assim adotar outras posturas fora de estrada, valendo-se para o efeito ainda dos pneus M+S (Mud+Snow) que ajudam à motricidade. Testado num percurso não muito exigente fora do asfalto (embora houvesse um ponto de terra bastante fina e escorregadia que se revelou mais traiçoeiro), este SUV saiu-se bastante bem, moldando bem a entrega do binário a pisos mais escorregadios.

Por fim, o equipamento. A versão de topo Shine Pack (23.627€) conta com o Pack Color White, o tejadilho com pintura de dois tons, o tecido com efeito de couro, as jantes de 17”, os bancos Advanced Comfort, o banco traseiro deslizante, o acesso e arranque mãos-livres e a câmara traseira de estacionamento com ‘Top Rear Vision’ (visão superior). Entre os opcionais, elementos como o já mencionado Grip Control ou o Head-up display (300€) são boas adições.

VEREDICTO

Um bom SUV que preenche uma série de requisitos importantes: desde logo, a sensação de bem-estar a bordo, a que se junta uma vertente multifacetada e versátil concedida pela conjugação entre o motor a gasolina de 130 CV e a caixa automática de seis velocidades, mas também pela inclusão de tecnologia Grip Control (sabendo-se que quem compra um SUV de segmento B raramente pensa em grandes aventuras por fora de terra, que não aquelas para chegar às zonas de surf ou para ver o pôr-do-sol).

Bem dotado em termos de equipamento e com uma imagem irreverente, o C3 Aircross tem os condimentos certos para se manter entre os preferidos neste segmento, mesmo com a concorrência forte a apertar o cerco.

MAIS
Irreverência da imagem
Robustez de construção geral
Conectividade e tecnologia reforçadas
Boas prestações
Conforto geral
Versatilidade oferecida pelo Grip Control
Consumos moderados

MENOS
Dinamismo menos acutilante
Algumas hesitações da caixa EAT6

Ficha Técnica
Citroën C3 Aircross 1.2 PureTech 130 EAT6 Shine Pack
Motor: Gasolina, 1199 cc, 3 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler
Potência: 131 CV às 5500 rpm
Binário: 230 Nm às 17500 rpm
Transmissão Tração dianteira, caixa automática de 6 vel.
Aceleração 0-100 km/h 10,3 seg.
Velocidade máxima 195 km/h
Consumo de combustível (WLTP) 6,3 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP) 142 g/km
Dimensões (C/L/A): 4160/1756/1637 mm
Distância entre eixos: 2604 mm
Pneus 215/50 R17
Peso 1280 kg
Bagageira 410-520-1289 litros
Preço 23.627€
Gama desde 18.077€

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