A Mazda sempre teve um carinho especial pelo motor de pistão rotativo inventado por Felix Wankel. Embora outros fabricantes também tivessem licenciado a tecnologia – Mercedes-Benz, Citroën, Rolls-Royce, General Motors e Ford, entre outros – apenas a Mazda continuou o seu desenvolvimento, com mais de dois milhões de motores produzidos em 45 anos, e uma vitória nas 24 Horas de Le Mans.

 

Os modelos com mais sucesso foram o RX-7 e RX-8, mas a dificuldade em reduzir os consumos e o nível de emissões ditaram o fim da sua produção em 2012. Agora, a Mazda faz regressar a tecnologia, que afirma estar mais eficiente, atribuindo-lhe uma nova função no MX-30 e-Skyactiv R-EV.

A tarefa do motor rotativo a gasolina não é mover as rodas

A tarefa do pequeno motor rotativo com 830 cc, 75 cv e 116 Nm no interior deste crossover não é mover as rodas, mas sim de atuar como um gerador a gasolina para carregar a bateria de 17,8 kWh e fornecer energia ao motor elétrico com 125 kW (170 cv) e 260 Nm (o mesmo que encontramos na versão 100% elétrica do MX-30). O sistema não é fechado, a bateria pode ser carregada externamente, o que torna o MX-30 e-Skyactiv R-EV num híbrido Plug-in.

Os designers da Mazda aplicaram a linguagem “Kodo” própria da marca a este pequeno SUV com elegância suficiente para abranger um vasto leque de público. Já a opção de instalar portas traseiras de abertura “suicida”, ou freestyle como a marca lhes chama, torna o acesso ao escasso espaço existente atrás algo complicado. Mesmo sem a existência de um pilar central, todo o processo para alguém entrar ou sair dos lugares traseiros é moroso e pouco prático. Não é possível fazê-lo sem abrir as portas da frente e o respetivo ocupante ter de sair da viatura.

Não é possível abrir as portas traseiras sem que as da frente estejam abertas e o ocupante sair do veículo

À frente o espaço é suficiente, e o design minimalista. Na versão testada com a gama de equipamento “Makoto Modern Confidence” o interior está repleto de materiais de toque suave e agradável. O ecrã de info-entretenimento ocupa um lugar de destaque saindo de dentro do tablier, sendo completado por outro, mais em baixo, para onde foram digitalizados os comandos do ar-condicionado. Ao centro, numa consola flutuante, estão os comandos de marcha e modos de condução, onde se destaca, por baixo, o abundante espaço para arrumação de objetos revestido por um material inusitado: cortiça de origem portuguesa. Pelo contrário, na bagageira o espaço disponível já não é tão abundante, ficando apenas pelos 350 litros.

Na vertente dinâmica gostámos de andar no modo “EV”, que, sem surpresas, tem um comportamento igual ao MX-30 100% elétrico. Não é o carro indicado para quem quer ser o primeiro a arrancar do semáforo, mas é desenvolto o suficiente para ultrapassagens em segurança ao fazer dos 0 a 100 km/h em 9,1 segundos, e uma velocidade máxima de 140 km/h.. Obtivemos 95 quilómetros de autonomia com a pequena bateria de 17,8 kWh antes de ficar sem carga. Já com a bateria completamente descarregada, e o R-EV a funcionar em modo “Normal” – entenda-se híbrido – o funcionamento do pequeno motor rotativo revelou-se demasiado ruidoso.

Com a bateria descarregada o funcionamento do motor rotativo é ruidoso

A Mazda justifica a inclusão do gerador Wankel no R-EV para aumentar os 200 km do MX-30 original. No processo, descansa os ansiosos com uma autonomia que sobe para para 600 km em modo combinado. Como PHEV, o MX-30 R-EV tem argumentos que o colocam no pódio da classe, quer pela autonomia superior em modo puramente elétrico, quer pela conveniência de suportar carregamento até uma potência máxima de 7,2 kW (monofásica) ou de 11 kW (trifásica), demorando menos de 30 minutos entre os 10% e os 80%.

Muito embora a rapidez de ir ao posto de abastecimento para encher o depósito de gasolina possa ser tentador, para nós a forma de utilizar o MX-30 e-Skyactiv R-EV que faz sentido é carregando a bateria frequentemente. Este PHEV pode ser uma opção para quem quer um carro elétrico, mas ainda não está pronto para deixar completamente a gasolina.

Ficha técnica:

Mazda MX-30 e-Skyactiv R-EV Makoto Modern Confidence + DASO + Sunroof

  • Extensor de autonomia: Wankel, 830 cc, 75 cv, 117 Nm
  • Motor elétrico: ímanes permanentes, 170 cv, 260 Nm
  • Potência: 170 cv
  • Binário máximo: 260 Nm
  • Bateria: iões de lítio, 17,8 kWh
  • Transmissão: automática, velocidade única
  • Aceleração 0-100: 9,1 s
  • Velocidade máxima: 140 km/h
  • Emissões: 21 g/km
  • Consumos: 17,5 kWh/100 km – 1 l/100 km
  • Tempos de carga: rápido a 36 kW, de 20 a 80%, 25 minutos; 11 kW trifásica, 1,30 h; Wallbox 3,7 kW, 5 horas
  • Peso: 1 778 kg
  • Dimensões: c/l/a – 4,395; 1,848; 1,56 m
  • Bagageira: 350 litros
  • Preço: versão ensaiada, 46 173 euros
  • Pintura Polymetal Gray: 700 euros

AVALIAÇÃO
Qualidade geral
9,5
Prestações
7,5
Espaço
7
Segurança
9,5
Condução
8
Consumos
7,5
Preço/Equipamento
8