O conceito de ansiedade de autonomia que norteou os primeiros elétricos no mercado é, cada vez mais, uma coisa do passado. Modelos como o Mercedes-Benz EQA 250+ demonstram como a indústria progrediu num curto espaço de tempo, com mais de 500 quilómetros reais entre cargas, sem beliscar o refinamento por que a marca alemã é a conhecido.

A gama do EQA, que é o SUV elétrico mais compacto à disposição na Mercedes-Benz, recebeu no final do ano passado uma nova opção, pensada para quem busca maior distanciamento das tomadas de carga, a EQA 250+, que ganha autonomia acima dos 500 quilómetros graças a uma nova bateria com 70.5 kWh de capacidade útil, ligeiramente maior do que a das outras versões.

Com isto, o EQA 250+ torna-se no modelo da gama com a maior autonomia, apontando para 528 quilómetros em ciclo misto WLTP, beneficiando ainda de novo motor elétrico síncrono de ímanes permanentes de 140 kW/190 CV (a potência não se alterou). Com tração dianteira, acelera dos zero aos 100 km/h em 8,6 segundos, enquanto a velocidade máxima está limitada aos 160 km/h.

Ainda que o valor de potência não seja muito elevado, a forma como é entregue faz com que a condução se torne enérgica e ritmada, dispondo de acelerações e de retomas ‘fáceis’, sobretudo neste último caso, beneficiando da disponibilidade quase imediata dos 385 Nm de pico máximo. Ainda assim, importa salientar a distinção entre modos de condução, na medida em que têm influência importante nas prestações.

O modo mais eficiente, o ‘Eco’, acaba por ser o predileto para quem procura maior autonomia, já que atenua as prestações, sem se tornar lento, e limita também a climatização, ao passo que o modo mais desportivo, ‘Sport’, torna o EQA 250+ num modelo muito mais agressivo nas respostas, até com alguma dificuldade na colocação da potência no asfalto.

Seja como for, o EQA 250+ é bastante agradável de conduzir, com níveis de prestações muito aceitáveis, valendo-se ainda da ausência de ruídos e de vibrações para uma experiência mais suave para os ocupantes.

Mas, o maior destaque vai, então, para a questão da autonomia, que é realmente surpreendente. Isto porque, atendendo ao nível de consumo obtido em condução absolutamente normal no teste de 100 quilómetros (utilizando sempre o modo ‘Eco’, com maior retenção de regeneração (definida a partir das patilhas atrás do volante)), registámos um consumo médio de 12.5 kWh/100 km, o que lhe permite até oferecer uma autonomia superior à homologada em ciclo misto WLTP (528 quilómetros).

Fazendo a combinação de distância percorrida no ensaio com aquela que o computador de bordo ainda nos mostrava como restante, poder-se-ia chegar aos 570 quilómetros, naquele que é um valor excelente para um SUV compacto. Como não poderia deixar de ser, a questão da regeneração, dos trajetos e da própria temperatura exterior pode influenciar em maior ou menor escala a autonomia, mas parece-nos que uma autonomia superior a 500 quilómetros é facilmente alcançável.

Quanto ao comportamento dinâmico, o EQA 250+ dá sempre a impressão de estar mais vocacionado para o conforto, com suspensão branda (suspensão conforto rebaixada) e perdulária em mau piso, a que se junta uma direção que poderia ser mais direta. Nota-se que é um SUV mais para viajar em tranquilidade e com suavidade do que para percursos sinuosos abordados de forma empenhada, não obstante a sua elevada sensação de segurança (muito por obra de um chassis rígido). O peso alinhado com as duas toneladas, também não é de ignorar para essa sensação. Por outro lado, o tato do pedal de travão exige alguma habituação.

Espaço e tecnologia a bordo

O interior não se diferencia do que era o conceito do lançamento do EQA, surgindo neste caso com os dois ecrãs digitais MBUX, com painel de instrumentos e ecrã central tátil de 10.25 polegadas em ambos os casos, providenciando a tão relevante questão da conectividade de elevado nível. O painel de instrumentos é personalizável em termos de informações, a partir dos botões táteis no volante, enquanto o ecrã central serve de meio de comando para a quase totalidade dos sistemas e funções do veículo, ‘escapando’ o sistema de ar condicionado, ainda com um conjunto de teclas físicas na consola central.

O assistente virtual ativado por voz (‘Hey Mercedes’) continua a ter um bom funcionamento, podendo por exemplo alterar a cor da iluminação ambiente ou alterar a temperatura a pedido.

Com a Linha AMG escolhida (4700), o interior ganha traços mais desportivos, com volante multifunções em pele, patilhas galvanizadas para comando da regeneração atrás do volante, embaladeiras iluminadas, bancos com estofos em pele Artico/Microcut Preto com pespontos vermelhos (também no tablier e portas) ou acabamentos interiores em alumínio escovado. Elementos que adicionam uma aura mais requintada e desportiva para um modelo que se mantém atual e muito bem construído em termos de interior.

O espaço a bordo é um ponto a seu favor, sendo amplo para dois adultos nos bancos traseiros, tanto em altura, como em espaço para as pernas, sendo a largura o aspeto menos interessante – três passageiros atrás é condição difícil. A bagageira também não é propriamente espetacular, com 340 litros disponíveis.

O preço desta versão começa nos 60.749€, que já é algo elevado, embora alinhado com o padrão de posicionamento da Mercedes-Benz, sendo que o vasto leque de opcionais disponíveis tornam o EQA 250+ mais apetecível, mas por troca de uma soma ainda maior – a versão ensaiada tinha um preço de 69.350€. Não há milagres…

VEREDICTO

O EQA 250+ é uma excelente adição à gama do SUV compacto da Mercedes-Benz, assumindo-se como a versão mais adequada para quem pretende fazer viagens mais longas e sem depender tanto de carregamentos diários. Com uma autonomia realmente interessante, facilmente acima dos 500 quilómetros, este EQA é demonstrador dos progressos feitos em matéria de eficiência geral, sobretudo por obra da técnica, graças a motor elétrico mais competente e a bateria de maior capacidade.

A condução pauta-se pela sobriedade e pelo conforto, em modelo que mantém interior desafogado e bem conseguido. O preço está alinhado pela bitola do segmento premium, até porque com este tipo de autonomia não há muitos modelos de cariz semelhante.


MAIS
Boas prestações
Ótima autonomia e elevada eficiência
Conforto de condução
Funcionalidade e utilização
Qualidade do interior
Segurança

MENOS
Preço elevado
Bagageira
Direção

FICHA TÉCNICA
Mercedes-Benz EQA 250+

Motor Elétrico, síncrono de ímanes permanente
Potência 140 kW/190 CV
Binário 385 Nm
Bateria Iões de lítio, 70.5 kWh úteis
Autonomia 528 km (WLTP)
Transmissão Tração dianteira, caixa automática de 1 vel.
Velocidade máxima 160 km/h
Aceleração 0-100 km/h 8,6 s
Consumo médio WLTP 15.6 kWh/100 km
Emissões CO2 WLTP 0 g/km
Carregamento 7h35m de 0-100% a 11 kW (AC); 32m de 10-80% a 100 kW (DC)
Dimensões (C/L/A) 4463/1834/1608 mm
Distância entre eixos 2729 mm
Peso 2045 kg
Bagageira 340-1320 litros
Pneus 215/60 R18
Preço base 60.750€ (ensaiado: 69.350€)

Equipamento opcional: Pintura Standard Branco Polar (350€); Linha AMG (4700€), inclui vidros traseiros escurecidos, estética AMG Line e ar condicionado automático Thermotronic, patilhas galvanizadas para seleção de regeneração atrás do volante, jantes AMG em liga leve aerodinâmicas de 18″, embaladeiras iluminadas, barras de tejadilho em alumínio, acabamentos interiores em alumínio escovado de grão longitudinal, bancos com revestimento em pele Artico/Microcut Preta com pespontos a vermelho, volante desportivo multifunções em Pele; Pack Premium (1900€), inclui painel de instrumentos e ecrã central de 10.25”, assistente de ângulo morto, sistema de som avançado, carregador wireless para smartphone na zona dianteira, acesso mãos-livres, sistema Keyless-Go, portão traseiro com abertura/fecho elétrico, Pack parking com câmara de marcha-atrás e assistente de parqueamento Parktronic, etc.

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AVALIAÇÃO
Qualidade geral
9
Prestações
9
Espaço
8.5
Segurança
9
Condução
8
Consumos
9.5
Preço/equipamento
8.5