Mais refinada e mais fácil de conviver diariamente, a nova geração da pick-up Amarok prova que a Volkswagen tem neste modelo um aventureiro bem conseguido, que tanto pode ser aproveitada em viagens por estradas de alcatrão, como em passeios com algum nível de arrojo fora delas. Há vida para lá do alcatrão e sabe bem aproveitá-la.

A nova geração do Volkswagen Amarok procura pegar nos pontos fortes das gerações anteriores em termos de versatilidade, valendo-se do lado prático e aventureiro que os clientes típicos destes automóveis esperam, mas adicionando um certo refinamento e compostura que permitem a cinco passageiros usufruírem de viagens mais longas com agradabilidade.

O Amarok foi concebido em parceria com a Ford, que tem a sua Ranger como representante no segmento das pick-ups médias (nos EUA são consideradas pequenas…), possibilitando dessa forma a partilha de custos no desenvolvimento técnico.

É certo que muitos dos materiais no interior continuam a ser em plástico duro (de ótima aparência, note-se), mas há mais tecnologia e detalhes bem mais cuidados nos revestimentos superiores do tablier. A robustez de construção está toda lá, bem como o espaço acessível para cinco adultos, valendo a pena destacar também a habitabilidade na segunda fila.

A tecnologia embarcada está bem patente no painel de instrumentos digital de 12.3” personalizável ou no ecrã central tátil de 12” disposto na vertical, que reúne todas as funcionalidades de segurança, ajustes de conforto e permite ainda a integração com os smartphones por via do Apple CarPlay e Android Auto. Os menus estão colocados em lista, para serem de acesso mais facilitado.

A climatização é também operada através deste ecrã, nem sempre sendo fácil de operar em movimento. Algumas teclas logo abaixo desse ecrã permitem aceder diretamente a alguns menus, como o da climatização ou aos modos de condução, que serão detalhados mais abaixo.

Na consola divisória entre os bancos dianteiros estão diversos comandos, sendo que o mais relevante é o de ajuste da tração, com o condutor a poder optar entre acerto de tração a um único eixo (2H), tração integral automática (4A), tração integral com redutora (4L) ou bloqueio do diferencial traseiro. Este é um comando útil para nos dar maior controlo quando o tipo de piso assim exige, assegurando que este Amarok consegue superar diferentes tipos de terreno lamacentos, arenosos ou gelados.

Entre os modos de condução, o Amarok também tem alguns ‘truques na manga’: os modos ‘Normal’ (com tração 2WD por defeito) e ‘Eco’ são pensados para o asfalto, mas os demais – ‘Rebocar/Transportar’, ‘Escorregadio’, ‘Lama/Terra’ e ‘Neve/Areia Intensa’ – são específicos para percursos bem longe do que tipicamente se encontra no dia-a-dia.

Vale a pena sujar

O ‘coração’ deste Amarok de entrada na gama recorre a um motor 2.0 turbodiesel de 205 CV e 500 Nm, naquela que é uma opção que ainda se destaca pelo binário desde baixas rotações, mas cuja sonoridade não deixa enganar. Com caixa automática de dez velocidades (conversor de binário), o Amarok adapta-se facilmente a uma condução quotidiana, mesmo em cenários urbanos que são pouco ‘amigos’ a veículos desta envergadura.

A desenvoltura do bloco de dois litros permite-lhe oferecer boas prestações, tanto a acelerar como nas recuperações, associado a uma boa atuação por parte da caixa daquilo que o condutor pretende – a pressão mais forte no acelerador a um regime intermédio é facilmente interpretada como uma necessidade de ganhar velocidade, atuando convenientemente ao baixar de mudança.

A condução rege-se pelo refinamento e até pela exatidão, mercê de amortecimento que pende para a firmeza, com bom controlo dos movimentos em curva, embora a altura ao solo e a seleção de pneus para utilização mista estrada/offroad nunca deixem grande espaço para veleidades dinâmicas. Porque não é aí que o Amarok coloca todas as suas cartas na mesa. É quando se decide partir para fora de estrada.

Alternando entre os modos de condução e até jogando alternativamente com o seletor rotativo do sistema 4Motion entre os bancos, o Amarok ganha competências suplementares que são muito bem-vindas, sobretudo quando o levamos por muito maus caminhos. O nível de tração é francamente bom, mesmo quando desafiado por sulcos alagados mais profundos que resultam num ‘festim’ de lama a voar pelas laterais. Os ângulos de ataque (30º) e de saída (23º) também proporcionam alívio nos terrenos mais complicados.

Há, naturalmente, muita ‘mão’ oculta da eletrónica a ajudar e a controlar os níveis de tração por eixo, mas isso também ajuda a transformar a experiência do condutor e, sobretudo, a dar-lhe um nível suplementar de confiança.

E assim que acaba a vontade de ir por maus caminhos, podemos voltar à segurança do asfalto. Mesmo que a passagem pela lavagem automática seja obrigatória logo a seguir. É bom sujar, mas limpar é uma chatice…

Outra particularidade deste Amarok com motor turbodiesel é a sua economia, já que em condução dita normal, em percursos diários de estradas nacionais e até autoestrada, pode-se contar com uma média na casa dos nove litros (9,0 l/100 km no percurso de 100 quilómetros que usamos geralmente para teste e que combina todos os tipos de via), embora as idas por fora de estrada aumentem a ‘sede’ pelo aumento de esforço, sendo possível passar dos 11 litros com alguma facilidade. Nada de extraordinário, porém, sendo normal que tal aconteça atendendo às características desta pick-up.

Algo que francamente poderia ser melhor é a precisão do seletor da caixa: dificilmente acertamos à primeira na mudança que pretendemos engrenar, sobretudo quando é necessário executar uma manobra veloz, por exemplo, no estacionamento.

O preço deste Amarok em versão de 205 CV começa nos 57.045€, sendo uma versão extremamente equilibrada com bastante equipamento de série (como os faróis LED, os espelhos retrovisores elétricos, sensores de estacionamento, jantes de 18 polegadas e câmara traseira. Existem duas outras versões, uma de 170 CV com caixa manual de seis velocidades e outra de 241 CV com caixa automática de dez velocidades. Em termos comparativos, a correspondente versão Ranger da Ford tem um custo base de 55.864€ – todos os preços contam com os valores do IVA.

VEREDICTO

O Amarok tem um cunho aventureiro muito próprio que lhe permite ser tremendamente eclético fora de estrada, enfrentando terrenos difíceis com facilidade, não só pela altura ao solo bastante elevada, mas também pela competência dos sistemas eletrónicos de controlo de tração em associação aos modos de condução.

Adicionalmente, o acerto na condução em estrada faz com que seja mais confortável e mais conveniente de desfrutar em percursos diários como viagens por estradas nacionais ou autoestradas a velocidades de cruzeiro (ainda que deixe transparecer as irregularidades do asfalto). O desempenho do binómio motor/caixa é bastante interessante pela disponibilidade em diferentes regimes, proporcionando também uma boa economia quando usado de forma regular. O refinamento é um dado também a valorizar, bem como o espaço a bordo.

A parceria com a Ford proporcionou à Volkswagen uma boa base para evolução, com o Amarok a resultar numa excelente proposta entre os modelos do género.


MAIS
Qualidade geral
Versatilidade fora de estrada
Condução equilibrada
Espaço a bordo
Tecnologia

MENOS
Suspensão algo firme
Seletor da caixa vago

FICHA TÉCNICA
Volkswagen Amarok 2.0 TDI 4Motion Style
Motor: Turbodiesel, quatro cilindros, injeção direta, turbo, intercooler
Cilindrada: 1997 cm3
Potência: 205 CV às 2750 rpm
Binário máximo: 500 Nm entre as 1750 e as 2000 rpm
Transmissão: Integral, caixa auto de dez velocidades
Aceleração (0-100 km/h): 10,5 segundos
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumo médio: 8,9 l/100km
Emissões de CO2: 232 g/km
Dimensões (C/L/A): 5350/1910/1871 mm
Distância entre eixos: 3270 mm
Peso: 2321 kg
Bagageira: 959 kg (cama de carga)
Pneus: 255/65 R18
Preço (base): 57.045€

Equipamento de série principal: Airbags dianteiros laterais e de cortina, airbag central dianteiro e airbags de joelhos para condutor e passageiro; ABS; controlos de estabilidade e de tração; faróis dianteiros LED Matrix; sensores de luminosidade e de chuva; banco corrido de três lugares na segunda fila; painel de instrumentos digital Premium; proteção inferior do motor e caixa de velocidades; ar condicionado automático bi-zona; modos de condução com bloqueio de diferencial traseiro; vidros elétricos escurecidos; volante multifunções em couro; Pacote de Assistência (câmara traseira de estacionamento, reconhecimento de sinalização de trânsito dinâmica, Front Assist com travagem de emergência autónoma, Lane Assist e Side Assist, sensores de estac. dianteiros e traseiros com Rear Traffic Alert, Dynamic Light Assist e cruise control adaptativo); Pacote bancos ArtVelours (estofos em Alcantara sintética ArtVelours, banco do condutor com ajustes elétricos, bancos da frente aquecidos), Pacote de infoentretenimento (cockpit digital de 12″, sistema de infoentretenimento de 12″ com ecrã tátil, seis altifalantes e bluetooth).

Principais opcionais: Pintura metalizada (684€); barras de tejadilho cromadas (268€); estribos laterais cromados (891€); tapetes de borracha à frente e atrás (25€).

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AVALIAÇÃO
Qualidade geral
9
Prestações
8.5
Espaço
8.5
Segurança
9
Condução
8.5
Consumos
9
Preço/equipamento
8.5