A oitava geração do Volkswagen Golf pode ter ‘perdido’ a sua versão elétrica, mas isso não significa que tenha ficado privado de motorizações eletrificadas, como, por exemplo, os dois híbridos recarregáveis que a atual gama disponibiliza. Teste à versão eHybrid de 204 CV, a menos potente, mas a mais em conta.

O facto de o Volkswagen e-Golf 100% elétrico ter conquistado a sua independência ao transformar-se em ID.3. não significa que um dos Volkswagen mais vendidos em todo o mundo tenha abandonado o espectro da eletrificação, muito pelo contrário. Assim, a oitava geração passa a contar com dois híbridos plug-in, o eHybrid, de cariz mais familiar e eficiente, e o GTE, de perfil mais desportivo.

Todavia, partilham, em grande parte, a ficha técnica: a parte térmica fica a cargo de um motor 1.4 Turbo de quatro cilindros a gasolina (o EA211) com 150 CV e 250 Nm de binário e de uma caixa de dupla embraiagem DSG de seis relações e a parte elétrica entregue a um motor de 110 CV (HEM80evo) e a uma bateria de 13 kWh.

No entanto, a magia da eletrónica permite que o eHybrid anuncie 204 CV de potência combinada e o GTE, 245 CV… Felizmente são ambos rápidos, 7,4 segundos dos zero aos 100 km/h para o primeiro, aquele que é alvo do nosso teste, e 6,7 segundos para o mais desportivo.

O eHybrid pode, portanto, ser visto como uma versão minguada do GTE, talvez por isso permita anunciar uma autonomia elétrica um pouco maior, entre os 55 e os 71 quilómetros (entre os 52 e os 64 quilómetros para o GTE). A observação é a mesma para os consumos anunciados e também para o preço. Menos consumo no menos potente e menos euros na hora de passar o cheque (40.531€ para o eHybrid e 44.436€ para o GTE).

Interior moderno

Aberta a porta, é impossível não ficarmos impressionados com a qualidade do interior, com o conteúdo de elevada tecnologia proporcionado pela instrumentação digital de 10,25″, ou pelo ecrã central de 10″, com animações, comandos táteis e praticamente todas as funcionalidades ativadas a partir deste.

A multiplicidade de informação oferecida pelo sistema torna-o complexo de manusear e acaba por ser demasiado lento nas transições entre menus.

Quanto a más notícias, a instalação da bateria reduz drasticamente o volume da bagageira em relação às versões exclusivamente térmicas do Golf, passando de 381 litros na configuração de cinco lugares e 1237 litros com o encosto do banco rebatido para 272 e 1003 litros, respectivamente, o que é pouco para um compacto. Adicionalmente, o volume do depósito de combustível é de apenas 39,5 litros, comparado aos 50 das versões térmicas, o que, no entanto, tem a vantagem de incentivar o condutor a praticar uma eco-condução e/ou recarregar sempre que possível.

Veloz… na cidade e não só

Com 204 CV debaixo do pé direito, o Golf eHybrid não é de se demorar nas ultrapassagens e adora um encadeado de curvas, até porque as faz ‘à desportivo’, bem agarrado à estrada. Contudo, prefere ser conduzido de forma suave, em modo ‘Eco’, com pouco acelerador, regenerando nas travagens e nas descidas. Esta regeneração pode ser feita em três etapas, desde a mais suave à mais pronunciada, bastando para isso mudar os níveis no ecrã central. Existe também um modo automático que varia a regeneração de acordo com as condições de condução, mas as escolhas que faz são, por vezes, desadequadas.

A parte elétrica é, ainda assim, ideal para os habituais trajetos citadinos entre casa e o trabalho, por exemplo. Com 110 CV disponíveis e binário instantâneo, este Golf transforma-se no citadino perfeito, animado, fácil de conduzir e silencioso. A verdade é que, com uma condução eco é possível alcançar perto de 60 quilómetros em modo totalmente elétrico.

Se se optar pelo modo híbrido para uma viagem mais longa, a transição do motor térmico para o elétrico e vice-versa é transparente e sempre de acordo com as solicitações do condutor ou do perfil da estrada.

O conjunto oferece uma eficiência notável. Num ‘loop’ misto de quase 100 quilómetros, registámos um consumo médio de 1,9 l/100 km e ainda ficamos com 14% de bateria. Com a mesma vazia, o consumo de combustível sobre para os 5,6 l/100 km, um valor ainda assim razoável. Mas não se esqueça de o carregar, até porque foi para isso que foi feito
e é assim que se faz valer de tudo aquilo que oferece: numa tomada doméstica são precisas 7 horas e 15 minutos e numa wallbox de 3,6 kW, cerca de 3 horas
e 40 minutos.

VEREDICTO

Dono de uma eficiência bastante elevada e de uma condução precisa, confortável e competente, o Golf eHybrid assume-se como um familiar completo em todos os aspetos, embora neste caso tenha como pontos positivos a perda de alguma da capacidade da bagageira e a vertente tecnológica do habitáculo algo excessiva ao nível dos comandos.

Face à versão GTE, esta variante menos desportiva anuncia-se como mais ponderada e igualmente divertida de conduzir, conseguindo então um ótimo equilíbrio entre economia e dinamismo.


MAIS
Prestações do sistema híbrido
Consumos e eficiência
Qualidade geral
Imagem robusta e duradoura
Condução sem falhas

MENOS
Capacidade da bagageira prejudicada
Concentração de funcionalidades no ecrã tátil

FICHA TÉCNICA
Volkswagen Golf eHybrid 204 CV

Motor térmico Gasolina, 4 cilindros em linha, turbo, intercooler
Cilindrada 1395 cc
Potência 150 CV entre as 5000 e as 6000 rpm
Binário máximo 250 Nm entre as 1500 e as 3000 rpm
Motor elétrico Síncrono de íman permanente, 80 kW/109 CV, 330 Nm
Bateria Iões de lítio, 13.0 kWh
Potência combinada 204 CV
Binário combinado 350 Nm
Transmissão Dianteira, caixa DSG auto. de 6 velocidades
Dimensões (C/L/A) 4284/1789/1456 mm
Distância entre eixos 2636 mm
Aceleração 0-100 km/h 6,7 s
Velocidade máxima 210 km/h
Consumo médio 0,9 l/100 km
Emissões CO2 21 g/km
Autonomia elétrica Até 72 km
Carregamento 7h15m de 0 a 100% a 2.3 kW; 3h40 de 0% a 100% a 3.6 kW
Peso 1624 kg
Bagageira 272-1003 litros
Pneus 205/55 R16 (série)
Preço base 40.531€
Preço ensaiado 42.828€

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