Ensaio Toyota C-HR: Regresso ao futuro

04/10/2017

A tradição já não é o que era. E a Toyota, que sempre nos habituou a carros fiáveis, mas sem grandes rasgos de design, provou-o ao apresentar um crossover compacto como o C-HR, pleno de arestas vivas, futurista e uma cópia quase fiel de um concept apresentado há cerca de dois anos.

E continua a sua aposta nos híbridos, com o HSD, que já representa, em Portugal, cerca de 90% das vendas do C-HR. O Motor24 testou-o em meio urbano, onde a motorização híbrida mostrou a sua razão de ser.

Aquando da sua apresentação europeia em Madrid, o percurso escolhido pela marca, com muita estrada de montanha, fez parecer o C-HR um peixe fora de água. A caixa de variação contínua (CVT) não ajudava naqueles trajetos sinuosos, embora alguns (poucos) quilómetros pelo centro de Madrid tenham permitido perceber que é na cidade que o menino bonito da Toyota se sente bem.

Agora, no complicado trânsito do Porto, e durante meia dúzia de dias, o C-HR mostrou-se na sua plenitude. Com uma condução muito suave – uma das grandes mais valias desta caixa de velocidades – acabamento de bom nível, equipamento de topo e um desenho que faz virar cabeças, este crossover caiu-nos no goto.

Com um bom comportamento em estrada, graças a evoluídas suspensões (triângulos duplos sobrepostos atrás) e a um baixo centro de gravidade, o C-HR revelou-se o companheiro ideal para todos os dias, embora pudesse ter mais alguns espaços de arrumação.

Condução suave

Conduzido como um híbrido deve ser, com suavidade, sem acelerações bruscas (e aqui desnecessárias, face aos 122 cv), conseguimos num percurso de quatro quilómetros, feitos pouco depois da hora de almoço de um dia de trabalho, chegar ao centro do Porto com uma média de 3,8l/100km. E no regresso a casa, com mais de 10 kms de trânsito intenso, ainda que fluido, o computador de bordo indicava um consumo de 4,6 litros por cada 100 quilómetros.

Raramente encontramos um carro (excetuando o, também Toyota, Prius) em que fosse tão fácil fazer consumos tão baixos e tão difícil passar despercebido.

Mas, a tudo isto, e já não é pouco, o C-HR brinda-nos com um interior acolhedor, com bons materiais, montados de forma rigorosa e com formas mais suaves que as da carroçaria. Ao centro do tablier um monitor tátil, de 8 polegadas, que em nada belisca a visibilidade dianteira.

Todos os comando estão bem arrumados, num interior com pormenores interessantes, como seja o padrão de diamante replicado no agrupamento dos comandos do voante, nas teclas físicas na consola central, no padrão dos bancos, portas, tejadilho e embaladeiras.

Dimensões e preços

O desenho do C-HR disfarça-lhe as dimensões, pois não chega a ser dois centímetros mais curto que o pioneiro Nissan Qashqai, medindo 4,360 metros. A bagageira, com um incómodo rebordo, que obriga a levantar as malas ou sacos, tem uma capacidade de 377 litros.

Se cinco adultos viajam com algum à vontade, convém que os ocupantes do banco traseiro não sejam claustrofóbicos, pois a área envidraçada é diminuta e o perfil de coupé não permite a melhor visibilidade traseira.

Uma última nota para o sistema de abertura das portas traseiras, colocado no topo, junto ao pilar traseiro e na horizontal, que exige alguma habituação e não acessível aos mais pequenos.

A gama C-HR, que apenas tem motores a gasolina, começa com as versões 1.2T, de 116 cv, que pode ser comprado a partir de 23.710 euros. O HSD começa nos 28.430 e vai até aos 33 900 euros.

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