Nova adição à família da Renault, o Scénic E-Tech dá continuidade à estratégia de eletrificação da marca francesa, apostando também num design evoluído e muito arrojado que pretende destacá-lo por entre a multidão. O monovolume compacto evoluiu para um SUV funcional, mas o francês garante que a filosofia original de máximo aproveitamento do espaço foi mantida – e até reforçada graças à motorização elétrica.
Vidal é adepto de linhas robustas e desportivas, salientando que o mais importante no caso do novo Scénic E-Tech foi manter a filosofia de base de um modelo que surgiu como concept em 1991, transitando para a produção em 1996 com o objetivo de mostrar que um monovolume compacto podia ser tão funcional quanto versátil. Eis os mesmos princípios que orientaram a conceção do novo Scénic, agora apenas em versão elétrica.
“O mais importante foi fazer uma análise clara do que é o Scénic, mesmo culturalmente, porque muito rapidamente, toda a gente vai dizer que o Scénic é um monovolume de segmento C, mas na verdade é mais a vida que se tem lá dentro. Assim, o verdadeiro conceito do Scénic e a razão pela qual foi inventado, em 1991, na forma de um monovolume, porque era o que se conhecia da época, era mais sobre a forma como se vive no interior e como se interage no interior”, começa por explicar Gilles Vidal, relativamente ao processo de desenvolvimento do Scénic E-Tech, durante uma conversa no recente Salão de Mobilidade de Munique, na Alemanha.
“A primeira análise que fizemos foi sobre o que precisamos de fazer tendo em conta os padrões de segurança modernos. Por isso, como sabem, pode usar materiais leves em todo o lado, como na primeira geração, mas como é que mantemos o espaço, o lado prático e a luz no interior do automóvel, tendo em conta a silhueta exterior. Dissemos OK, as formas dos monovolumes estão fora de moda, à exceção de alguns amantes para sempre. A tendência global já não é o monovolume. Por isso, sem nos aproximarmos também de um SUV, apesar de ter um nariz mais comprido e algum tipo de quebra entre o para-brisas e o capot, o modelo é muito baixo. Tem 1,57 m de altura, ou seja, é muito mais baixo do que qualquer SUV ou crossover. Por isso, dissemos: ‘ok, vamos fazer este novo tipo de carro que pode ser atrativo para os clientes em termos de design exterior, mas que se compõe com uma base e um espaço muito agradáveis’. O desafio foi brincar um pouco em torno disso e o resultado final penso que respeita isso, penso que respeita o conceito do Scénic de que o mais importante é o que está a acontecer no interior”, complementa, adiantando que os próximos automóveis da marca terão um foco suplementar numa variante de minimalismo moderno.
Tirar partido da base elétricaPor outro lado, o designer da Renault assume uma maior facilidade na conceção dos elétricos para oferecer mais espaço a bordo, ainda que não deseje oferecer desenhos vincadamente diferentes entre elétricos e os automóveis híbridos ou com motor de combustão.
“Na verdade, a primeira coisa que é instantaneamente diferente são as proporções. Assim, nas plataformas elétricas, podemos colocar as rodas nos cantos do carro com extremidades curtas em comparação com os carros com motores a gasolina, caixas de velocidades e assim por diante. Também oferece muito espaço no interior, dá-nos mais liberdade. No que diz respeito à estética específica, não creio que devamos ir muito longe nesta direção, porque queremos que tudo seja elegante e moderno, quer se trate de um híbrido ou de um veículo totalmente elétrico. É claro que também teremos algumas lendas icónicas, como o 5 e o 4, que terão a sua própria linguagem de design, como é óbvio. Mas, além disso, veremos os próximos produtos no final do ano, no próximo ano, sejam eles quais forem, tentando igualmente empurrar para o futuro”, destaca Vidal, para quem a filosofia de design da Renault percorre um caminho diferente do de outras marcas.
“O que faz a diferença no design é o facto de [um elétrico] necessitar de menos arrefecimento e menos entradas de ar. Mas, mais uma vez, não queremos chegar ao ponto de o carro não ter cara. Muitas marcas de veículos elétricos optaram por painéis na dianteira na cor da carroçaria, talvez apenas com iluminação, e uma entrada de ar na parte inferior para arrefecer o carregamento ou o que quer que seja. E é respeitável, claro, é um caminho a seguir. Mas, pessoalmente, acho que lhe falta um pouco de personalidade ou de vida, ou até de uma ligação emocional com os automóveis. Por isso, mais uma vez, não sou contra, não o acho mau, nem feio, mas acho que, na Renault, podíamos dar mais personalidade e alma aos carros. Por isso, não vai ser uma grelha com muito ar para arrefecer o motor. Mas o que fizemos no Scénic, por exemplo, com este padrão, não é a grelha no sentido antigo, mas é um padrão decorativo inspirado no logótipo que se mistura muito bem à volta do logótipo. Mais uma vez, devido às diferenças técnicas entre os carros de combustão e os elétricos, podemos espoletar coisas diferentes e utilizá-las da forma que quisermos”, assume.
Relativamente à possibilidade de o Scénic E-Tech vir a contar com uma versão com mais lugares, que em tempos teve a denominação Grand Scénic, Gilles Vidal revela que tal “não está nos planos, apesar de, com esta plataforma ser possível e mais fácil acrescentar lugares. Só que ao fazê-lo ficaria maior e mais pesado, pelo que não existem planos para fazê-la”.
*Em Munique, Alemanha.
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