Claramente comprometida com a eletrificação, a CUPRA ambiciona tornar-se numa marca também capaz de manter o lado emotivo da condução, aliciando todos aqueles que admiram as prestações e o dinamismo de condução. Wierner Tietz, Vice-Presidente para as áreas de Investigação e Desenvolvimento (R&D) da marca espanhola, afirma precisamente essa ambição de tornar a CUPRA numa companhia de automóveis desportivos, sem esquecer o lado da sustentabilidade.

Com modelos no horizonte como o Raval e o Tavascan, ambos 100% elétricos, a CUPRA tem em curso um processo de renovação com vista à eletrificação total, ganhando um espaço muito próprio no seio do Grupo Volkswagen, como atesta o Dr. Werner Tietz, responsável pelo desenvolvimento e investigação de novos automóveis na CUPRA, que também participa ativamente na afinação dos novos automóveis. A intenção de tornar a marca simultaneamente desportiva e sustentável orienta todos os esforços e tenderá a aprofundar-se nos próximos anos, mas sem por em causa o prazer de condução.

“Para nós, a eletrificação é um fator chave. Pensamos que a eletrificação dos carros é o futuro e a nossa paixão é tornar os carros elétricos divertidos de conduzir e provar que a performance elétrica é algo de que podem desfrutar e é algo em que acredito totalmente”, refere Tietz, numa entrevista ao Motor24. “Assim, se olharem para todos os carros que fizemos recentemente – começámos com o Born e no final do ano vão poder testar o Tavascan –, vão ver que esta é uma promessa que podemos cumprir”, acrescenta, afiançando, ao mesmo tempo, que é fundamental criar modelos que vão ao encontro de desejos específicos dos condutores.

Num grupo que tem tantas marcas e muitas das quais com produtos baseados na mesma plataforma, Tietz diz que “é fácil [diferenciar os CUPRA] porque somos apoiados, porque queremos diferenciar-nos dentro do grupo. Queremos diferenciar os nossos carros tanto quanto possível. Os nossos clientes têm um foco diferente, os nossos clientes querem tirar mais partido da performance de condução do que do conforto. Por isso, os nossos carros não serão tão confortáveis quanto outros na mesma plataforma. Vamo-nos concentrar mais nesse comportamento desportivo e é esse o diferenciador”.

Por outro lado, falar da CUPRA é falar de uma marca irreverente e jovem, com muitas ambições de mercado que têm sido elogiadas. Werner Tietz admite que se sente “surpreendido” com o impacto e com o reconhecimento que a marca tem tido desde o seu lançamento oficial enquanto entidade independente dos produtos da SEAT.

“Fico muito surpreendido pelo reconhecimento e receção que temos tido. Nós somos uma pequena equipa e somos, de certa forma, um pequeno grupo de pessoas loucas que se sentam em conjunto e que pensamos no que é que podemos fazer e às vezes ficamos realmente surpreendidos com o impacto que temos e também no mercado enquanto marca”, assume, apontando precisamente o DarkRebel Concept como um desses projetos que visam surpreender e criar uma imagem poderosa daquilo que a CUPRA pode fazer.

“O DarkRebel tem, definitivamente, um espaço. E é um sonho. Para mim, é um dos meus maiores sonhos. Mas ainda não estamos lá [no momento de o tornar num modelo de produção]. Temos um concept, sabemos como seria possível fazer aquele carro. Mas temos de olhar para o ‘feedback’ das pessoas”, explica, assumindo que “se existir ‘feedback’ suficiente por parte das pessoas, então talvez exista uma forma de o fazer”.

Modelos de combustão? Nem de nicho

Aquando do lançamento do Formentor VZ5 com motor de cinco cilindros, a CUPRA definiu aquele modelo como uma homenagem ao legado dos desportivos com motor de combustão, sendo também visto como uma ‘despedida’ dos modelos exclusivamente a combustão. Nem a questão dos combustíveis sintéticos, nem a calorosa receção dos entusiastas perante o VZ5 parecem demover Tietz e a CUPRA de um futuro sem combustão.

“Seria possível [ter algum modelo de nicho a combustão], mas não temos esse objetivo. Queremos fazer o melhor possível no mundo elétrico. Queremos criar carros elétricos desportivos. Não vamos olhar para produtos de nicho no lado da combustão. Para mim, os combustíveis sintéticos são um tópico diferente. Para mim, o eFuel é importante para a frota de automóveis de combustão existente se tornar neutra em emissões de CO2”, assevera.

Werner Tietz também participa ativamente no desenvolvimento e afinação dos automóveis da CUPRA, como nesta imagem, em que se prepara para entrar a bordo do UrbanRebel Concept de competição.

“Se quiserem tornar os atuais carros de combustão interna neutros em CO2 precisamos de eFuel. E é por isso que eu penso que devemos apoiar a produção dos eFuels, porque são necessários em todo o lado. Mas não só para os automóveis, mas também para os aviões e navios. Para os automóveis de passageiros, o caminho certo é o da eletrificação”, acrescenta.

Outro tópico que se apresta a mexer também com a definição dos automóveis na Europa é o da segurança, com a implementação de cada vez mais sistemas de segurança. A combinação desses com as normas de homologação torna-se fundamental, mas impõe desafios, sobretudo a marcas como a CUPRA que pretendem ter um lado mais emocional na condução.

“É uma questão difícil, porque devido aos regulamentos legais estes sistemas de assistência no acerto de base do automóvel vão tornar-se obrigatórios. A questão é o quê? O que é que será permitido desligar no futuro se quiserem desfrutar da condução?”, interroga-se Werner Tietz, admitindo, no entanto, que “enquanto for possível vamos oferecer alguma forma de desligar os sistemas se quiserem desfrutar da condução sem ajudas”.

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