Simbólico para o processo de eletrificação da Porsche, o novo Macan assume-se como o primeiro desportivo da companhia germânica a fazer a transição completa dos motores de combustão para os elétricos. A expectativa para sentir a sua energia em pista era, naturalmente, elevada. Após a primeira experiência, fica claramente a ideia de que este Macan é brutalmente eficaz.

Na era da eletrificação, o hábito começa a ditar uma certa normalização das potências elevadas e, sobretudo, dos autênticos ‘disparos’ nos arranques, mesmo quando se trata de automóveis de cariz familiar, como são os casos dos Tesla Plaid ou, para ficar dentro do mesmo construtor, do Porsche Taycan na sua configuração mais potente Turbo S – ambos aceleram dos zero aos 100 km/h em menos de três segundos.

Daí que a ideia de aceleração descomunal não é, de todo, uma novidade. No entanto, o primeiro arranque no Macan, em modo ‘Launch Control’ e nas mãos de um dos pilotos de desenvolvimento da marca alemã, no circuito de testes de Leipzig, foi… inesperado!

Para este pequeno contacto no Centro de Experiências de Leipzig, junto à fábrica onde são produzidos os novos Panamera e estes mesmos Macan, os quatro modelos para ‘boleias’ tinham por missão mostrar as credenciais dinâmicas do novo SUV compacto, sempre apelando a uma filosofia de que o foco está na condução, mesmo quando os motores de combustão ficaram no passado. Somos agraciados com unidades totalmente camufladas – embora as linhas sejam facilmente observáveis – e tapados no interior para não expor a configuração do habitáculo, mais para os momentos em que cumpre testes fora do recinto do que neste evento…

Tratando-se da versão de topo, ou seja, com 450 kW/612 CV de potência e com mais de 1000 Nm de binário, praticamente instantâneo no momento de arranque, o Macan é delirantemente viciante. E aqui julgo que é relativamente interessante que passe para a primeira pessoa… Sou recebido pelo tal piloto e, desde logo, cumpre o ritual de fazer uma pequena descrição do que vai acontecer a seguir. “Vou demonstrar as capacidades dinâmicas do novo Macan e brincar também um bocadinho com ele ali no miolo do circuito”, diz-me.

O piloto chega ao final da linha de saída das boxes e diz-me que “vamos começar por um ‘Launch Control’ e pergunta-me se estou pronto. ‘Claro’, respondo. Afinal, este não é o primeiro ‘rodeo’, que é como quem diz, que já estou habituado. Só que não estava. O impulso de arranque é de tal forma fulgurante que me cola ao banco e o ganho de velocidade é impressionante. Chegamos às primeiras curvas e percebemos que o Macan é um Porsche ‘a sério’: transferências de massas impressionantes, ‘drifts’ absolutamente controlados e um ganho de velocidade impressionante nas retas. Não menos impressionante é a capacidade de travagem, que estanca a sua progressão com eficácia assinalável!
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O circuito com curvas inspiradas noutras de circuitos espalhados pelo mundo, como o mítico Carrossel de Nürburgring Nordschleife, ou a ‘Saca-Rolhas’ de Laguna Seca, é um excelente palco para colocar à prova as capacidades e tenacidade dinâmica do novo Macan. Face aos anteriores modelos de combustão, nada se perde, apenas a sonoridade se transforma – não há motores, nem escapes ‘zangados’ a acompanhar, mas uma outra sonoridade artificial que trata de sincronizar com a velocidade.

Este percurso foi feito naquele que é o modo mais desportivo de todos, o ‘Sport Plus’, no qual todas as afinações do Macan são colocadas em modo de ‘ataque’, ou seja, com entrega mais bruta da potência, direção mais direta e uma sonoridade mais condizente. Mas essa não foi a única experiência do dia com o Macan.

Maus caminhos? Boa solução

A outra parte do programa ‘táxi’, em que fomos conduzidos, teve lugar numa pista de todo-o-terreno bem ao lado do circuito de asfalto. Os Macan são aqui submetidos a agruras que, talvez, apenas 5% dos seus compradores alguma vez irão experimentar – valas cobertas de água para ensaiar a passagem a vau, cruzamentos de eixos, descidas e subidas íngremes, ângulos de inclinação lateral e muito cascalho e lama.

Em todos os momentos, o Macan, agora no modo ‘Off-Road’, que eleva a altura ao solo, exibe um compromisso tremendamente eficiente, superando todos os obstáculos sem grande dificuldade. A gestão eletrónica da potência naturalmente tem um papel muito relevante nessa sua aptidão fora de estrada.

Mas, mais do que demonstrar a sua competência para superar os corta-matos de Leipzig, estes trajetos servem para assegurar a resistência e fiabilidade dos principais componentes do SUV elétrico, nomeadamente, a estanquicidade face aos elementos mais agrestes e a resistência a pancadas que possam ocorrer sob o piso, os quais poderiam ser potencialmente danosos para a bateria, por exemplo. O conforto e a forma como a suspensão absorve o mau piso também nos pareceu bastante boa, mesmo quando equipado com jantes de 21 polegadas que pouco apelam à prática do TT.

Estes testes visam, por isso, simular as condições mais desafiantes a que os automóveis são sujeitos, mesmo que poucos as venham alguma vez a replicar em ‘vida real’. Mas, seja como for, o novo Macan impressiona tanto fora de estrada, como dentro dela.

No entanto, é preciso esperar pelas impressões de condução para confirmar indicadores de performance, mas também de precisão de direção, feedback do pedal de travão e competências em estradas ‘abertas’ ao público. Em circuito fechado já sabemos que consegue ser uma máquina de condução ao bom estilo da Porsche.

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