Completamente entregue aos objetivos da eletrificação, a Nissan aposta no Ariya como o próximo modelo de ponta de um segmento que se mostra cada vez mais populado. Previsto para chegar a Portugal em setembro, o novo crossover da Nissan alia a experiência e conhecimento da marca no campo dos elétricos à sua competência no desenvolvimento dos SUV, do qual o Qashqai é um dos máximos representantes. Quando chegar a Portugal, para já apenas com a versão de duas rodas motrizes e bateria de 63 kWh, terá um preço base de 49.200€.

É uma nova era para a Nissan, que pretende ter toda a sua gama na Europa composta por automóveis 100% elétricos no final desta década (incrementando gradualmente a fatia dos eletrificados ao longo dos próximos anos). Além do Leaf, a Nissan prepara-se agora para receber mais dois elétricos, o Ariya e o Townstar, este último um comercial cuja apresentação oficial está prevista para uma fase posterior.

As atenções focam-se agora no Ariya, um SUV de dimensões médias que pretende colocar a marca num segmento importante, o dos crossovers de segmento C, valendo-se de linhas que são apelidadas de “design futurista intemporal”, combinando a imagem vanguardista com a estética mais tradicional japonesa, numa fusão que está assente em três pilares: linhas esguias com superfícies ‘limpas’, precisão japonesa de conceção e pose confiante enquanto um crossover musculado e robusto, sendo mesmo o mais alto do segmento. Este facto, argumenta Bhagawati, oferece ao condutor uma posição de condução mais confiante e facilita o acesso e saída do habitáculo sem comprometer as dimensões (4595 mm de comprimento, 1850 mm de largura, 1660 mm de altura e 2775 mm de distância entre eixos).

A bagageira varia a sua capacidade consoante a versão, com os modelos de duas rodas motrizes a anunciarem 468 litros disponíveis contra os 415 litros dos modelos de tração integral. A razão para a diferença prende-se com a presença de um segundo motor elétrico no eixo traseiro do e-4ORCE.

O interior segue o conceito japonês ‘Ma’, ou seja o de utilizar espaços vazios para construir algo, sendo fundamental para o crescimento. Uma referência interpretativa para a ideia de produzir algo a partir de uma folha em branco, neste caso, a nova plataforma CMF-EV desenvolvida pelos engenheiros da Nissan para toda a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. Ao mesmo tempo, o Ariya destaca-se pelo interior minimalista, refinado e de qualidade comprovada com couro Napa e superfícies em madeira nas quais surgem alguns comandos integrados com resposta háptica. Esta é uma das soluções mais impressionantes do novo SUV da Nissan, que em termos qualitativos está mesmo em muito bom nível.

A marca garante ainda que conseguiu melhorar o espaço a bordo graças a algumas soluções apenas permitidas pela utilização da nova plataforma, nomeadamente a movimentação da unidade de refrigeração para a frente do habitáculo, a bateria praticamente plana (embora com um degrau na zona traseira), os eixos mais ‘esticados’ para as extremidades e a consola central deslizável de forma elétrica entre os bancos da frente. Na prática, a habitabilidade parece-nos bastante boa, mas os lugares traseiros estão em posição algo elevada, limitando a altura permitida a bordo. Já o piso plano é nota positiva.

Outro dos méritos da CMF-EV é a de permitir uma distribuição de peso otimizada, sendo mesmo de 50/50 na versão e-4ORCE de tração integral (52/48 entre os eixos dianteiro e traseiro, respetivamente, na versão de duas rodas motrizes). Adicionalmente, o chassis foi também otimizado para melhor sensação de condução: direção mais direta, chassis com rigidez reforçada e baixo centro de gravidade para ajudar a passagem em curva.

Ainda no capítulo das modificações para melhor refinamento, a Nissan garante que o isolamento foi muito trabalhado, permitindo viagens em enorme silêncio face ao ruído exterior. Em suma, a Nissan procurou conceber um interior de sensação lounge idêntica à de automóvel de segmento superior, devendo fazer-se jus aos seus esforços: este é um ótimo automóvel para se estar e para se viajar.

Tecnologia ‘Human-centric’

Recorrendo novamente a outro conceito japonês, a Nissan explica que o Ariya aposta no ‘Iki’, ou seja, tecnologia de ponta centrada nas necessidades dos clientes. Dessa forma, entre os elementos mais chamativos encontra-se a combinação de dois ecrãs de 12.3 polegadas, com o do sistema multimédia em posição elevada para minimizar as distrações e facilitar a utilização. O condutor tira partido de um painel de instrumentos digital (já referido com 12.3”), mas pode ainda tirar partido de sistema head-up display com projeção das informações essenciais no para-brisas, como as informações da navegação, velocidade ou sinais de trânsito.

Entre a tecnologia proposta pelo novo sistema de infoentretenimento da Nissan, a marca destaca o seu novo planeador de rotas inteligente (que planeia a rota ideal com os melhores postos de carregamento para a viagem, atualizando a rota automaticamente consoante a eficiência), navegação com informações de trânsito em tempo real e atualizações de mapas, controlos remotos através de aplicação, Google Street View com Pontos de Interesse (POI), assistente pessoal virtual, Amazon Alexa e atualizações remotas ‘over-the-air’ para manter o sistema sempre atualizado. O novo sistema permite ainda a personalização de widgets a gosto do condutor.

Na segurança, a marca aposta na nova geração de tecnologias como a ProPilot com Navi Link, que reconhece curvas e rotundas adaptando a velocidade automaticamente, incluindo também outras tecnologias de segurança: o assistente de luzes de máximos e o assistente de estacionamento ProPilot Park, entre outras.

Apesar da propensão cada vez mais normal para a congregação no ecrã tátil de todos os comandos, a Nissan manteve alguns botões para alguns comandos, como os da climatização ou modos de condução, mas com uma particularidade – são também táteis, com resposta háptica, estando inculcados na superfície em madeira, permanecendo ocultos quando o veículo está desligando e apenas se iluminando assim que o botão de arranque é pressionado.

Motorizações

No capítulo das motorizações, a Nissan volta a apostar em motores elétricos síncronos de íman permanente, mas mais compactos e potentes, sendo a bateria mais fina em 33% comparativamente com a utilizada no Leaf (na zona dos pés). Num dado que é bastante importante, o sistema de gestão térmica da bateria procede agora à refrigeração por intermédio de líquido, podendo também o condutor ativá-la manualmente.

O Ariya será produzido em Tochigi, a fábrica mais avançada da marca, na qual o superdesportivo GT.R foi produzido.

O novo Ariya estará disponível em três versões: 2WD com bateria de 63 kWh, 2WD com bateria de 87 kWh e e-4ORCE AWD com bateria de 87 kWh, sendo esta a única disponível para o modelo de tração integral.

O modelo de tração dianteira com bateria de 63 kWh conta com 160 kW/218 CV de potência e 300 Nm de binário, acelerando dos zero aos 100 km/h em 7,5 segundos e atingindo os 160 km/h de velocidade máxima. A outra versão de tração dianteira mas com bateria de 87 kWh tem uma potência de 178 kW/242 CV (binário igual), demorando 7,6 segundos a acelerar dos zero aos 100 km/h. A velocidade máxima é a mesma, ou seja, 160 km/h.

Já o modelo com tração integral e-4ORCE com bateria de 87 kWh tem uma potência de 225 kW/306 CV, 600 Nm de binário e acelera dos zero aos 100 km/h em 5,7 segundos, atingindo uma velocidade máxima de 200 km/h.

Em termos de carregamento, o Ariya surge equipado em Portugal com um carregador de bordo de 7.4 kW, podendo receber opcionalmente (por mais 1500€) um carregador de bordo de 22 kW que reduz substancialmente o tempo de espera em postos AC trifásicos. A versão com bateria de 63 kWh (66 kWh brutos) demora dez horas a carregar a 7.4 kW e 3h30m a carregar numa tomada de 22 kW. Já a versão de 87 kWh (91 kWh brutos) leva 13h30m a carregar numa tomada de 7.4 kW e cinco horas numa tomada de 22 kW.

Por outro lado, o Ariya pode também repor a carga da bateria de forma rápida em postos CC, admitindo até 130 kW, com o modelo de 87 kWh a poder recuperar até 350 quilómetros em apenas 30 minutos.

A autonomia oficial excede até as previsões da própria marca, sendo de até 403 quilómetros com a versão de bateria de 63 kWh e até 533 quilómetros com a versão de bateria de 87 kWh (associada a tração dianteira). O modelo com tração e-4ORCE com bateria de 87 kWh tem uma autonomia de até 500 quilómetros.

Equipamentos e preços

O novo Ariya estará disponível com dois níveis de equipamento, Advance e Evolve, sendo este último o mais completo. A versão Advance conta já com sistema ProPilot com Navilink, navegação, dois ecrãs de 12.3”, jantes de liga leve de 19”, carregador sem fios para smartphone, E-Pedal Step, câmara 360º e abertura elétrica do porta-bagagens.

Já a versão Evolve complementa com os sistemas ProPilot Park para o estacionamento, chave inteligente com memória, sistema de áudio da Bose com dez altifalantes, teto panorâmico, luzes intermitentes sequenciais, bancos com revestimentos em pele e Alcantara, espelho interior com visão inteligente (projetado as imagens captadas a partir da câmara traseira) e a consola central deslizante elétrica. Em ambos os casos, o carregador de 22 kW para tomadas CA é sempre opcional pelos tais 1500€ já referidos anteriormente.

Os preços começam nos 49.200€ para o equipamento Advance de 63 kWh, subindo para os 55.200€ para a bateria de 87 kWh.

No nível Evolve, o preço arranca nos 53.700€ para a bateria de 63 kWh, subindo para os 59.700€ para a bateria de 87 kWh.


Contacto Nissan Ariya 2WD 63 kWh Evolve

A Nissan elegeu a cidade sueca de Estocolmo para apresentar o novo Ariya à imprensa internacional, permitindo um novo contacto ao volante deste novo crossover 100% elétrico com base na plataforma CMF-EV. Uma boa experiência geral, com o Ariya a superar com grande mérito esta primeira prova.

Apesar de ter sido a primeira vez que pudemos conduzir o Ariya em estradas públicas, não foi a primeira vez que nos sentamos ao volante deste SUV, já que a marca levou a cabo um outro evento dinâmico em Jarama, há algum tempo. Porém, naquela ocasião, apenas pudemos experimentar o Ariya em circuito, com este a ter diversos tipos de percursos simulados no seu interior, o que não era propriamente representativo das suas potencialidades.

Agora, porém, com dois percursos de cerca de 90 quilómetros cada, foi possível perceber melhor como o novo Ariya se posiciona num segmento dos SUV compactos, almejando quase a um meio mais premium, graças a um interior bem construído, bem iluminado e com um reforço da vertente tecnológica que é muito bem-vinda. Com muita atenção aos detalhes e ao nível de acabamentos, o novo Ariya destaca-se pelo habitáculo muito acolhedor e repleto de materiais de boa qualidade, nomeadamente no tablier e nas portas, não faltando mesmo elementos em pele, Alcantara e madeira.

Nesta, os comandos táteis com resposta háptica são detalhe interessante e de fácil utilização.

Ao volante, com uma posição de condução elevada e boa visibilidade geral, este Ariya sobressai, antes de mais, pela qualidade de rolamento e pela excelente insonorização, sendo estas duas credenciais registadas logo aos primeiros metros. Um pisar sólido e suave, que as jantes de 19″ não traem, contribuindo assim para uma sensação de robustez durante a viagem.

A motorização elétrica de 160 kW/218 CV de potência e 300 Nm de binário é mais do que suficiente para todas as situações, valendo-se sobretudo das recuperações muito competentes, embora não tenha o ‘disparo’ em aceleração (desde parado) que muitos outros elétricos oferecem. Ao invés, uma fase inicial de arranque mais ‘morna’ que depois ganha fulgor em aceleração. Regra geral, um modelo de prestações convincentes, que também tira partido de modos de condução diferentes para variar as suas prestações, entre ‘Eco’, ‘Normal’ e ‘Sport’. As diferenças entre esses modos não nos pareceram muito profundas.

Por outro lado, num país onde os radares são às dezenas e com limites de velocidade a variar entre os 30, 50, 70 e 110 km/h, a autonomia do Ariya beneficia largamento com a ausência de excessos. Após 85 quilómetros num trajeto já efetuado com calor e com o ar condicionado sempre ligado, o consumo médio registado foi de 13.7 kWh/100 km, o que é um ponto muito positivo, permitindo (em teoria) superar por larga margem a autonomia anunciada de 403 quilómetros para esta versão, já que após 180 quilómetros de testes pelas estradas escandinavas, deixámos o Ariya com 257 quilómetros restantes e 56% de carga restante.

Preços
Ariya Advance 63 kWh: 49.200€
Ariya Advance 87 kWh: 55.200€

Ariya Evolve 63 kWh: 53.700€
Ariya Evolve 87 kWh: 59.700€

*Em Estocolmo

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