Uma versão e um nível de equipamento apenas. O novo Honda Jazz traz uma aposta simplificada em termos de gama, destacando-se pelo facto de ter apenas uma motorização híbrida ao abrigo do esforço de eletrificação acelerado que está a ser levado a cabo pela marca japonesa.

O Jazz chega à sua quarta geração, assumindo que apenas poderá existir como modelo híbrido, com recurso a uma versão evoluída do sistema i-MMD que já se encontrava no SUV de grandes dimensões CR-V Hybrid. A Honda reconhece a importância deste modelo, sabendo do carinho que os portugueses nutrem pelo Jazz. De acordo com os dados da marca, foram vendidas em solo nacional 22.500 unidades desde a primeira geração, em 2002, mantendo-se em circulação mais de 21.800 dessas unidades, o que denota não só a grande fidelidade dos clientes ao modelo, mas também a sua fiabilidade.

Assim, a quarta geração serve como súmula de muitos dos critérios que guiaram as gerações anteriores, mantendo-se a ideia base de um mini-monovolume compacto (ainda que supere pela primeira vez a barreira dos quatro metros de comprimento, com 4044 mm) e versátil, sobretudo pela sua grande distância entre eixos (2517 mm). A Honda fala de uma ‘Estética da Utilidade’, mas o novo Jazz não destoa dos modelos anteriores nas suas linhas, ainda que alguns detalhes sejam muito mais evoluídos, como o pilar A dividido muito fino que permite maior visibilidade.

Nessa mesma conjugação de ‘confortável e prático’, a Honda manteve alguns detalhes como os bancos mágicos atrás, podendo assim levantar o assento em direção às costas dos bancos para libertar espaço no chão, além de habitabilidade muito generosa, concedendo assim que este é um modelo orientado para pequenas famílias, com muito espaço em altura e para a arrumação das pernas dos passageiros. Porém, em aspetos de versatilidade, a passagem para a mecânica híbrida traz consigo a redução da capacidade da bagageira em 56 litros face ao Jazz anterior. Agora, oferece 304 litros com os cinco bancos colocados, embora possa chegar aos 1200 litros com o rebatimento do encosto das costas. A razão prende-se com a colocação da bateria de iões de lítio do módulo híbrido na traseira. Não se pode ter tudo e, em troca, oferece um piso plano do compartimento de carga.

O interior pauta-se por uma certa noção de minimalismo, embora não levado ao extremo. O condutor beneficia de um ecrã de 7.0 polegadas para as informações de condução, enquanto ao centro do tablier está um ecrã de 9.0 polegadas, com boa leitura e acessibilidade melhorada face ao atual Jazz. Nota-se ainda uma boa construção geral e recurso a materiais com qualidade, mesmo que não se esperem semelhanças a um Premium.

Sobretudo, ao volante (com um desenho clássico de dois braços que não é particularmente bonito…), transmite uma boa sensação de conforto, até mesmo pela espessura dos bancos, que suportam bem os corpos dos ocupantes.

Solidez e silêncio

Tempo de andar. O Jazz combina um motor 1.5 i-VTEC de 98 CV com um motor elétrico de tração de 109 CV e 253 Nm de binário, o que se traduz numa potência combinada de 109 CV – recorde-se que a potência dos híbridos não é meramente a soma dos dois motores. Mas há ainda mais um motor elétrico, embora se trate de um gerador que serve para alimentar o motor elétrico de tração com energia proveniente do motor de combustão. Confuso? Vamos explicar.

Apesar de ter dois motores elétricos, apenas um consegue movimentar o Jazz, sendo esse também o motor primordial de locomoção, ativando-se por defeito e em situações em que a condução não seja particularmente exigente – por exemplo, a baixa velocidade ou velocidade constante, embora não é obrigatório que assim seja sempre, podendo assumir a tarefa de locomoção em situações mais exigentes caso a bateria tenha carga.

Na prática, há três modos de condução. O ‘EV Drive’ (100% elétrico), o ‘Hybrid Drive’ (híbrido… com um truque) e o ‘Engine Drive’ (com motor de combustão em ação). O primeiro é autoexplicativo – apenas energia elétrica proveniente da bateria de iões de lítio cuja capacidade é inferior a 1 kWh.

Uma vez que é bastante compacta, é fácil ‘vazar’ a sua carga total (mas também de preencher em descida), pelo que entra em ação o motor de combustão para o modo hibrido, mas com uma variação ao que é comum, já que o bloco 1.5 i-VTEC não move as rodas. Alimenta sim o motor elétrico de tração com o gerador a fazer de conversor de energia para movimentar o carro. A energia em excesso é acumulada na bateria.

Quando é pedido mais esforço ainda, o motor térmico a gasolina é chamado a mover o Jazz, alimentando diretamente as rodas através de uma engrenagem simples que é ‘bloqueada’. Este método difere daquele utilizado por caixas de velocidades automáticas ou CVT convencionais.

Esta foi a parte técnica. O resultado final é ‘suave’ e impercetível em condução normal, ligando-se o Jazz em modo EV e ficando assim uma boa parte do tempo em condução citadina, com bom isolamento acústico do exterior. O motor de combustão também não é intrusivo quando é chamado a alimentar o gerador para o método híbrido, ouvindo-se apenas um ligeiro trabalhar de motor ‘ao longe’. O caso muda de cenário quando se ‘esmaga’ o acelerador qual ‘Hulk‘, com o motor 1.5 i-VTEC a fazer-se ouvir um pouco mais alto, mas – surpresa! – menos do que seria de esperar e com mudanças simuladas, algo que deverá ser feito com recurso ao binário do motor elétrico, baixando assim as rotações do motor de combustão. A aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em 9,4 segundos, para uma velocidade máxima de 175 km/h.

Seja como for, o Jazz não é para ser ‘abusado’, mas sim para ser desfrutado em ritmo mais pacatos, nos quais sobressai com consumos tão baixos como 3,4 l/100 km, que obtivemos num percurso de 37 quilómetros por Lisboa na apresentação, com passagens pela Ajuda, Monsanto, Autoestrada A5 em zonas de subidas e descidas mais pronunciadas mas numa utilização mais ‘racional’… E nem sempre com o botão ‘Econ’, que retira algum ‘entusiasmo’ ao conjunto motriz em prol da poupança acionado.

Acima de tudo, há sempre uma sensação de suavidade ao volante, não parecendo, apesar dos 109 CV e do generoso binário, velocista nas prestações, mas também não demonstrando problemas para subir de ritmo. Já a afinação do chassis está sempre mais orientada para o conforto do que para uma prestação dinâmica acelerada, com a carroçaria a denotar já alguma inclinação lateral quando se pede mais em curva. A confirmar no ensaio prolongado que o Motor24 tem já em plano. Nota, ainda, para a maior rigidez estrutural (em 13%) derivada da utilização de maior quantidade de aços de elevada resistência.

Oficialmente, a marca anuncia um consumo médio de 4,6 l/100 km (no único nível de equipamento a comercializar em Portugal, o Executive), mas poderá ser fácil ficar abaixo disso. Já as emissões ficam-se pelos 104 g/km de CO2.

Preço e equipamento

De forma algo curiosa, a Honda quer posicionar este Jazz a meio caminho entre os segmentos B e C, mas com um preço mais orientado para este último, quase rivalizado com o Civic no custo. Ao PVP de 28.500€ é depois somado o desconto de campanha para um custo de 25.500€, o que é justificado pelo custo do sistema híbrido e pelo equipamento mais completo em virtude de um nível de equipamento avolumado que tem como itens de destaque o conjunto de tecnologias de segurança Honda Sensing (com câmara melhorada), o airbag dianteiro central (para evitar colisões entre cabeças nos passageiros da frente) ou os sensores de luminosidade e de chuva e o sistema multimédia mais avançado com ecrã de 9.0 polegadas.

Além disso, para os proprietários de modelos da Honda, a marca concretiza mais uma campanha que se pode assumir como aliciante e chamativa para os atuais clientes, já que propõe um desconto suplementar de 4000€ para quem já tiver um automóvel da marca – isto sem ter necessidade de entregar o modelo antigo, não se tratando por isso de uma campanha de incentivo ao abate. A marca terá assim a intenção de manter fidelizados os seus clientes.


Crosstar: A imagem também conta

Além da versão dita ‘normal’ do novo Jazz, a Honda contará também com o novo Jazz Crosstar, uma variante ao estilo SUV que se demarca essencialmente pelo aparato estético inspirado na vida fora do asfalto e maior altura ao solo. Seguindo as tendências do mercado, a Honda deposita até mais esperança comercial no Jazz Crosstar na fase de lançamento do que na variante mais ‘rasteira’.

No essencial, o Crosstar é igual ao Jazz, tanto no ambiente interior, como na versatilidade, com os bancos mágicos disponíveis e muita amplitude a bordo. Exteriormente, há maiores diferenças, a começar pela maior altura ao solo (152 mm), proteções inferiores em plástico, barras de tejadilho, grelha dianteira e possibilidade de optar por decoração bi-tom. O sistema motriz híbrido não sofre qualquer alteração face ao seu ‘irmão’, com 109 CV de potência total. A aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em 9,9 segundos, para uma velocidade máxima de 173 km/h. Já o consumo é marginalmente superior, com uma média anunciada de 4,8 l/100 km para emissões de CO2 de 110 g/km.

Será vendido, a exemplo do Jazz, com o nível de equipamento Executive, propondo por isso uma quantidade abundante de elementos, mas com um preço também mais elevado, de 28.500€. Pode, também, beneficiar de desconto de 4000€ para atuais clientes da Honda sem obrigatoriedade de entregar carro.

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