A nova geração do Mercedes-Benz Classe E é um regalo para os sentidos. A nova berlina executiva da marca germânica permite viajar com total conforto, mas também oferece métodos a pensar no relaxamento (incluindo jogos e streaming) e na vida de escritótrio, com aplicações como o Zoom. A eletrificação ganha espaço com as variantes plug-in, mas há espaço (ainda) para os motores Diesel e a gasolina.

Com um passado repleto de sucessos e de modelos emblemáticos (ler aqui), o novo Classe E segue as tendências do momento em termos de competências tecnológicas e de eletrificação, naquele que é um modelo de três volumes e dimensões generosas que procura oferecer grande habitabilidade e conforto de referência. A versão carrinha, também já revelada, irá ampliar algumas destas competências, nomeadamente, as da habitabilidade e da funcionalidade, com uma capacidade de carga bem mais volumosa.

Com uma carroçaria berlina, o novo modelo mede 4949 mm de comprimento, 1880 mm de largura e 1468 mm de altura, num estilo que não deixa de ser tradicional, beneficiando de mais dois centímetros na distância entre eixos, que é agora de 2961 mm (o espaço para os joelhos e para as pernas nos lugares posteriores aumentou 10 e 17 milímetros, respetivamente). A capacidade da bagageira chega aos 540 litros.

O conceito estético faz a ponte entre o tradicionalismo dos atuais modelos com a gama elétrica mais futurista EQ, sobretudo quando se observa o painel negro que conecta a grelha do radiador e os faróis. O desenho tridimensional do radiador pode ser em estilo progressivo ou clássico, dependendo do nível de equipamento selecionado, ao passo que a marca permite ainda a opção de uma grelha com contornos iluminados.

O novo Classe E está equipado de série com faróis LED de alta performance, podendo receber tecnologia Digital Light em opção, com ou sem função de projeção, para maiores funcionalidades à noite. Como característica comum, as luzes diurnas revelam a forma de uma sobrancelha.

Os destaques na traseira incluem os grupos óticos traseiros em LED bipartidos com um novo contorno e design especial, não faltando também alusões à estrela da marca germânica. As jantes podem chegar agora às 21 polegadas, dependendo do equipamento selecionado. Porém, a marca garante que o conforto está sempre assegurado.

Vida de luxo a bordo

O interior revela uma construção irrepreensível em todos os aspetos, misturando bons materiais e conceitos de design elaborados, auxiliados pela componente luminosa muito presente no habitáculo. A secção frontal do tablier é iluminada pela faixa de luz da Iluminação Ambiente Ativa, que se estende em forma de arco desde o para-brisas, passando pelos pilares A e terminando nas portas, servindo não só fins estéticos, mas também de alerta para situações de perigo na condução e ao abrir portas, por exemplo.

A vertente tecnológica está perfeitamente assegurada, graças à adição do conceito MBUX Superscreen, mais uma derivação do Hyperscreen que a marca alemã apresentou nos automóveis da gama EQ. Com um ecrã central tátil de 14.4”, todo o conceito de conectividade e de interação com o automóvel passa por aqui, implementando a mais recente evolução da tecnologia MBUX. Tal como noutros modelos, há também a possibilidade de contar com um terceiro ecrã do lado do passageiro da frente (de 12.3”), havendo uma superfície em vidro a unir esse e o central tátil.

Este ecrã serve de centro secundário de comando independente (ou comum) do sistema de infoentretenimento, dando ao passageiro a opção de ver um filme ou ouvir música (com auscultadores) sem importunar o condutor. Este está isolado de qualquer distração graças a um filtro especial que, durante a condução, escurece o ecrã para que só o passageiro possa vê-lo. Embora possa parecer difícil, a verdade é que funciona na perfeição – durante a apresentação, o passageiro passou uma parte da viagem a ver a fantástica transmissão do canal Deutsche Welle e trailers de filmes sem que o condutor se apercebesse minimamente.

O painel de instrumentos, também digital de 12.3”, está separado, em posição elevada frente ao condutor. Há vários estilos à disposição, podendo o condutor personalizar as áreas de apresentação consoante o seu interesse (navegação, assistentes ou serviços).

Outro destaque é a consola de controlo flutuante nas portas que incorpora o interruptor de abertura da porta e os interruptores de controlo das funções do banco. As saídas de climatização também podem ser geridas de forma eletrónica a partir de menu próprio do ecrã tátil – embora ainda seja possível controlá-las de forma manual.

Nova arquitetura tecnológica

A marca aposta também numa nova arquitetura eletrónica que tem por base uma capacidade melhorada de processamento de dados e de compreensão de todos os componentes digitais a bordo. O pack MBUX Entretenimento Plus estará disponível para o novo Classe E. Inclui os serviços Mercedes me connect e o pack de dados de um operador de comunicações móveis. Um módulo de comunicações com 5G como tecnologia de transmissão é utilizado para potenciar a capacidade tecnológica deste sistema avançado, permitindo ao mesmo tempo uma enorme velocidade de transferência de dados – o acionamento por voz da assistente virtual (agora capaz de reconhecer até se o condutor se encontra sozinho ou não no habitáculo) é mais rápido e tem novas funcionalidades, como a disponibilização de informações sobre monumentos e pontos de interesse circundantes. E, apesar de recorrer a fontes online como a Wikipedia, fá-lo de forma muito rápida!

Para dar uma ambiência mais em linha com a dos smartphones, a Mercedes-Benz procurou simplificar os logótipos nos ecrãs táteis para uma acessibilidade melhorada, havendo desta forma uma correspondência mimética acentuada.

Lazer ou trabalho?

A marca alemã sabe que uma grande parte dos condutores também recorre aos automóveis como centro de trabalho e que tempo… é dinheiro, mesmo em viagem. Assim, a nova arquitetura permite também acolher novas aplicações desenvolvidas por terceiros, como a TikTok, Angry Birds, Webex ou Zoom para videochamadas – eis o escritório a chegar ao automóvel de forma oficial. Tal é possível graças a uma arquitetura separada daquela do sistema nevrálgico, tendo por base a estrutura Android de instalação, a qual permite contar com aplicações de terceiros para facilitar o dia-a-dia ou, simplesmente, melhorar a funcionalidade. Aplicações como o Spotify, Apple Music ou o Tidal, por exemplo, são essenciais para quem privilegia a variedade sonora.

Outra funcionalidade interessante é a adoção de uma câmara de selfies (também para vídeos) montada no interior, um dos opcionais do MBUX Superscreen. Mesmo em viagem, o condutor pode participar em reuniões por via da ‘app’, mas a câmara não funciona em ambos os sentidos para evitar distrações por parte do condutor.

No total, o novo Classe E dispõe de cinco câmaras, apenas uma de série (infravermelhos), para detetar a fadiga ou distração do condutor. As restantes quatro, entre infravermelhos e RGB, são opcionais. A Mercedes-Benz garante que a privacidade e proteção de dados são fundamentais, respondendo dessa forma aos anseios de quem teme partilha de dados inadvertidas.

A inteligência artificial é utilizada pela marca para aprender os itens de conforto ou funcionalidades que o condutor ou ocupantes mais utilizem ou apreciem numa determinada altura do dia, permitindo automatizar algumas funções ou seleções que o veículo entende que o condutor irá escolher. A marca apelida esta condicionante de ‘rotinas’, dando a capacidade aos clientes de criarem rotinas para os seus veículos.

De resto, não faltam também as tecnologias de comodidade a bordo Energizing Comfort e Energizing Coach, as quais procuram melhorar a qualidade de vida e a saúde dos ocupantes, estando esperada até uma função de bio-feedback para a Energizing Coach, com vista à redução dos níveis de stress através de exercícios como os de respiração. Os bancos ventilados, aquecidos e com massagem são outras benesses de um modelo que dá grande importância à qualidade das viagens.

Nota, ainda, para outra tecnologia importante, que á a chave digital (Digital Vehicle Key) que está disponível para o iPhone e Apple Watch, permitindo assim a partilha da chave de forma digital mas criando diferentes autorizações para o veículo, limitando por exemplo a velocidade máxima permitida ou o raio de condução. O veículo reconhece diferentes utilizadores ao mesmo tempo e a chave pode ser partilhada com até 16 utilizadores.

O sistema de som da Burmester com tecnologia Dolby Atmos é outra qualidade excecional no interior, dando aos passageiros uma qualidade sonora de primeira linha, também com uma particularidade de efeito de batida no encosto do condutor.

Reforço na aposta híbrida plug-in

Para a Mercedes-Benz, a eletrificação é agora uma tónica comum e quando se diz que o novo Classe E faz a ponte com a gama EQ não é meramente artifício semântico. Embora os modelos 100% elétricos sejam unicamente da gama EQ, os novos Classe E beneficiam de algum tipo de eletrificação, com natural destaque para os híbridos plug-in de quarta geração, que apontam já para autonomia elétrica superior aos 100 quilómetros.

Além da sobrealimentação, os motores Diesel e os motores a gasolina integram assistência inteligente de um motor de arranque/alternador integrado (ISG). São, portanto, híbridos parciais, ou ‘mild hybrids’. Graças a uma nova bateria, a potência do motor elétrico foi aumentada de 15 para 17 kW, enquanto o binário suplementar foi aumentado para 205 Nm.

Abordando apenas as versões de eletrificação simples, no lançamento europeu, a gama conta com versões E 200 com motor 2.0 a gasolina de 204 CV de potência, E 220d com motor 2.0 Diesel de 197 CV e E 200d 4MATIC com igual motor e tração integral. Todos eles contam com sistema ‘mild hybrid’ assente na tecnologia já referida ISG com potência adicional de 17 kW/23 CV e binário suplementar de 205 Nm.

Adicionalmente, estarão disponíveis três versões híbridas plug-in de quarta geração, incluindo com base no motor turbodiesel (posteriormente), numa solução que apenas a Mercedes-Benz continua a oferecer. Com uma potência elétrica de 95 kW/129 CV, binário de 440 Nm e bateria com capacidade de 25.4 kWh (19.5 kWh úteis), exibe autonomia elétrica superior a 100 quilómetros (WLTP), com a marca a pretender dar assim a possibilidade de circular em modo puramente elétrico de forma mais frequente e para a maior parte das situações de condução diárias.

Assim, nota para os E 300e e E 300e 4MATIC, que utilizam o motor 2.0 de 204 CV a gasolina, a que se associa o motor elétrico de 95 kW/129 CV e 440 Nm de binário. No total, debitam 230 kW/313 CV de potência e 550 Nm, com consumos baixos que arrancam nos 0,5 l/100 km (E 300e), distinguindo-se ambos pela tração (traseira ou integral).

Numa fase posterior, espera-se também a chegada do E 300de, que alia motor 2.0 de quatro cilindros de elevada eficiência com uma máquina elétrica de 95 kW/129 CV, ou seja, a mesma componente elétrica que é também utilizada pelos motores a gasolina. A potência combinada é de 335 CV, com 750 Nm de binário máximo.

Na apresentação internacional, em Viena, Áustria, pudemos sentir o ‘pulso’ ao E 300e 4MATIC e, também, ao E 300de, sendo que, independentemente da motorização, uma das características comuns a ambos os modelos é a do refinamento de condução. Tudo se passa com suavidade e com uma qualidade de amortecimento excecional, mas sem colocar em causa o dinamismo, que está bem defendido, fruto de um acerto de chassis (ver mais abaixo) que é muito bem conseguido.

O E 300e 4MATIC responde com decisão em ambos os modos, destacando-se a combinação dos dois motores (combustão e elétrico) quando em modo ‘Sport’ do ‘Dynamic Select’ para respostas mais dinâmicas. O facto de dispor de amortecimento adaptativo e de eixo traseiro direcional influencia positivamente o seu comportamento, notoriamente ordeiro nas passagens em curva.

Trata-se de um pacote de equipamento opcional denominado Technology que inclui suspensão pneumática Airmatic com ajuste contínuo de amortecimento ADS+ e eixo traseiro direcional (ângulo de 4.5º), o que reduz o ângulo de viragem em 90 centímetros quando em manobras na cidade, mas também incrementando o nível de estabilidade em condução em estradas nacionais ou autoestradas. O consumo médio deste modelo, após um contacto inicial com a bateria totalmente carregada, rondou os 2,0 l/100 km, não tendo existido grandes preocupações com os consumos.

Pelo lado da motorização turbodiesel plug-in, as respostas são também muito despachadas, fruto, sobretudo, dos 750 Nm de binário máximo que lhe permitem assim impor ritmos fortes, ainda que este percurso tenha sido particularmente dominado por autoestrada e percursos já citadinos na entrada de Viena. Não obstante, mesmo não estando com a carga da bateria a 100% quando iniciámos o contacto de cerca 100 quilómetros, obtivemos uma média de 3,8 l/100 km, com 44 quilómetros em modo elétrico.

No capítulo técnico, vale a pena notar, também, que as motorizações eletrificadas estão equipadas de série com suspensão com molas helicoidais Agility Control com sistema de amortecimento seletivo. É também 15 milímetros mais curta do que a suspensão das motorizações híbridas plug-in.

Maior controlo autónomo na autoestrada

A marca introduziu ainda novos sistemas de assistência que preveem uma adição cada vez maior de condução autónoma, passando a incluir sistema Attention Assist com deteção de distração do condutor (parando o carro em situações em que o condutor tenha adormecido, por exemplo), além de prever a adoção também de sistema de estacionamento autónomo de Nível 4 (Intelligent Parking Pilot) com funções remotas de parqueamento.

Outra adição relevante é a do sistema de mudança autónoma da via de rodagem, que funciona apenas em autoestrada ou estradas com mais do que uma via e com separação central. Este sistema vale-se dos diversos sensores para monitorizar a área envolvente e assim, quando ativado pelo condutor, avaliar o tráfego em seu redor. Quando ativado, o sistema pode também proceder, de forma absolutamente autónoma, a ultrapassagens de outros veículos: associado ao sistema Distronic de cruise control, o sistema pode decidir ultrapassar um veículo precedente que circule a uma velocidade inferior em autoestrada, retornando depois à sua via de rodagem uma vez cumprida a ultrapassagem.

Além dos airbags do condutor e do passageiro dianteiro, um airbag para os joelhos do condutor também é um equipamento de série, bem como um airbag central entre os bancos dianteiros, evitando que as cabeças embatam entre si numa colisão lateral.

As primeiras unidades do Classe E (200 e 220d) chegam a Portugal a 23 de setembro, com o 300 e a chegar no último trimestre, com preços ainda por divulgar.

E 300 e E 300 e 4MATIC
Motor térmico Cilindrada 1999
Potência CV 204
Binário rpm 320
Motor elétrico kW/CV 95/129
Binário motor elétrico Nm 440
Potência combinada CV 313
Binário combinado Nm 550
Bateria (total/útil) kWh 25.4 (19.5)
Velocidade máxima km/h 236 234
Aceleração 0-100 km/h seg. 6.4 6.5
Consumo médio combinado (WLTP) l/100 km 0.8 – 0.5 0.9 – 0.6
Consumo energético médio (WLTP) kWh/100 km 20.7 – 18.4 21.5 – 19.2
Emissões de CO2 combinadas (WLTP) g/km 18 – 12 20 – 14
Autonomia máxima (WLTP) km 97 – 115 95 – 109

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