A Ford pretende desafiar (novamente) marcas como a Ferrari ou Lamborghini, criando para o efeito o Mustang GTD, um superdesportivo com mais de 800 CV de potência e chassis afinado a preceito com muitas soluções provenientes das pistas. Porém, apesar do aparato visual e técnico, o Mustang GTD também está homologado para estrada.

A ideia para uma versão mais desportiva do já de si radical Mustang nasceu ainda em 2021, no Michigan, nos Estados Unidos da América, durante uma sessão de testes em túnel de vento, com os engenheiros da Ford Performance a imaginarem aquele que seria um verdadeiro rival para os mais recentes superdesportivos europeus, mais concretamente, aqueles provenientes da Ferrari, Porsche ou Lamborghini. O resultado final é um modelo de produção limitada com performance oriunda da pista, mas para utilização em estradas públicas.

Mantendo a alma do Mustang inalterada, o GTD inspira-se na versão GT3 que irá competir nas 24 Horas de Le Mans de 2024 ao abrigo das novas regras da categoria para o próximo ano, esbatendo dessa forma as fronteiras entre a competição e a estrada. “O Mustang GTD quebra todas as noções pré-concebidas de um supercarro. Esta é uma nova abordagem para nós. Não desenvolvemos um carro de estrada para a pista, criámos um carro de corrida para a estrada”, refere Jim Farley, Presidente e CEO da Ford, assinalando precisamente os laços que unem o GTD ao GT3.

Forma e função

De acordo com a marca, cada alteração feita no GTD segue um efeito funcional, tendo como objetivo ser mais rápido em pista, mas também dotado de mais tecnologia do que os carros de competição, nos quais a luta contra o peso é uma constante.

Este novo modelo foi desenhado e desenvolvido numa parceria entre a Ford e a Multimatic, companhia que já havia trabalhado na conceção dos Mustang GT3, Mustang GT4 e no Ford GT com que a marca americana voltou recentemente a Le Mans, com bons resultados.

Assim, o Mustang GTD conta com soluções de aerodinâmica ativa, enquanto o ‘splitter’ dianteiro, o capot com tomadas de ar e os extratores de ar nas cavas das rodas exercem funções de melhoria da refrigeração geral e no fluxo do vento em torno do GTD. Atrás, o destaque vai para a enorme asa traseira (também ativa e com controlo hidráulico) para se manter ‘colado’ ao asfalto.

A carroçaria beneficia de uso extensivo de painéis em fibra de carbono para reduzir o peso, baixar o centro de gravidade e melhorar as respostas dinâmicas. As cavas das rodas, o capot, a tampa daquela que era a bagageira, as embaladeiras, o ‘spliter’ dianteiro, o difusor traseiro e o tejadilho são totalmente produzidos em fibra de carbono, com elementos opcionais no mesmo material para a dianteira e traseira.

Também está disponível um pacote aerodinâmico, que inclui uma bandeja inferior aerodinâmica também em fibra de carbono, para canalizar melhor o ar sob o veículo, e ‘flaps’ dianteiros ativos que têm a mesma missão. Onde estaria a bagageira, encontra-se agora o conjunto de suspensão semi-ativa, o sistema de controlo hidráulico e o sistema de refrigeração transeixo, estando coberta por uma tampa em carbono com tomadas de ar para canalizar o ar pela traseira.

A Ford explica que estas soluções aerodinâmicas resultam numa melhoria massiva na carga aerodinâmica nos dois eixos.

Técnica das pistas

Ao nível do chassis, a suspensão foi especificamente trabalhada para suportar uma maior velocidade lateral, oferecendo maior rigidez. Em destaque a suspensão traseira conta com um sistema ‘pushrod’ como os carros de competição, com amortecedores adaptativos em posição horizontal e não suspensos, estando integrados no subquadro tubular inspirado na competição. O acerto da suspensão permite-lhe estar cerca de 40 mm mais perto do solo no Modo Pista, possibilitando dessa forma uma utilização próxima à de um carro de competição.

Os grandes pneus – com 325 mm de largura na frente e 345 mm na traseira – tratam de transferir a potência ao solo, estando montados em jantes de 20 polegadas feitas em alumínio (alternativamente, em magnésio, para reduzir ainda mais o peso). Para travar, o modelo recorre a um sistema de discos em carbocerâmica da Brembo, otimizados para a resistência à fadiga e à temperatura.

Quanto ao motor, a marca revela que o GTD conta com uma versão melhorada do V8 de 5.2 litros com mais de 800 CV, desenvolvido pela Ford, com cárter seco para melhorar a sua performance em condições extremas, podendo atingir as 7500 rpm. A potência é transmitida às rodas traseiras por intermédio de uma transmissão em carbono associada a uma caixa de velocidades de oito velocidades de dupla embraiagem. O equilíbrio de peso deste modelo é quase perfeito, estando perto dos 50/50 entre a dianteira e a traseira. O sistema de escape pode ser concebido em titânio com válvula ativa para variar a sonoridade.

Os sistemas eletrónicos também foram revistos, como o controlo de tração variável, cujo Modo Pista permite ao condutor feito piloto extrair o máximo de performance do Mustang GTD, com ajustes feitos continuamente através do volante.

Com a expectativa de um tempo por volta ao circuito de Nürburgring Nordschleife abaixo dos sete minutos, algo que poucos carros com homologação para estrada conseguiram, o novo Mustang GTD terá produção limitada, com diversos elementos de personalização à disposição e um preço base em redor dos 300 mil dólares (nos EUA). As primeiras entregas a clientes deverão ocorrer entre o final de 2024 e início de 2025.

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