A Mercedes-Benz apresentou aquele que é o seu projeto mais ambicioso de automóvel elétrico para o futuro: altamente eficiente, o Vision EQXX recolhe os ensinamentos e competências dos diversos departamentos de engenharia da marca alemã – como o da competição – e apregoa uma autonomia superior a 1000 quilómetros com um único carregamento.

Apresentado antes da Feira de Eletrónica de Las Vegas (CES), o Vision EQXX é precisamente uma visão daquilo que poderão ser os automóveis elétricos do futuro, focando-se na eficiência.

Ou seja, recorrendo a tecnologia de ponta e aos conhecimentos recolhidos ao longo dos anos, o Vision EQXX apresenta uma vertente aerodinâmica extremamente evoluída, com linhas afiladas, jantes cobertas para melhorar o fluxo de ar e uma secção traseira de ‘cauda’ longa para fomentar essa mesma eficiência em redor da carroçaria. O valor apresentado pela Mercedes-Benz é, com efeito, impressionante, já que o Vision EQXX tem um coeficiente aerodinâmico de apenas 0.17 Cd.

Fruto de novas evoluções em simulação computacional, a marca aponta para um consumo em autoestrada na ordem de um dígito, oferecendo assim uma autonomia em condições reais, de acordo com a Mercedes-Benz, superior a 1000 quilómetros entre carregamentos. A atenção ao detalhe foi bastante elevada e, para incrementar a eficiência, o Vision EQXX apresenta, por exemplo, painéis solares no tejadilho que conseguem alimentar diversas funções e estender a autonomia em 25 quilómetros.

Esta ideia é proclamada por Markus Schäffer, responsável do Conselho de Administração da Mercedes-Benz para o desenvolvimento técnico, para quem “a eficiência é a nova moeda” do mercado automóvel. O objetivo foi o de esticar as fronteiras da engenharia e criar soluções que poderão ser aplicadas nos automóveis de produção em série no futuro a médio prazo.

O CEO da marca germânica, Ola Källenius, destacou, por outro lado, que este “é o ano para mostrar o que as nossas equipas são mesmo capazes de fazer”, tendo este sido o resultado de um desafio de 18 meses de conceção. A missão de desenvolver novas soluções foi também o de “reinventar o automóvel e a mobilidade pessoal”, como admite.

Evoluído num todo

A abordagem holística foi determinante para se chegarem a estes resultados, como aponta o CEO da marca. A ideia foi ter um automóvel elétrico que fosse o melhor de forma integrada, com o contributo de todos os departamentos da marca. O resultado mais evidente é de que o Vision EQXX é o “Mercedes-Benz mais eficiente de sempre” enquanto a marca caminha para concretizar a sua visão de “produzir os carros elétricos mais desejáveis”.

Dando mais um passo em frente em relação ao EQS, a bateria de tração usada neste Vision EQXX tem uma capacidade próxima dos 100 kWh, mas com um volume reduzido em 50% e um peso inferior em 30% em relação à da berlina de luxo que se encontra à venda no mercado – o seu peso é de apenas 495 kg.

O sistema motor foi desenvolvido totalmente pela Mercedes-Benz, recorrendo sempre que possível aos engenheiros da divisão da Mercedes-Benz Grand Prix (MGP) e da High Performance Powertrains (HPP) para desenvolver um motor elétrico compacto e altamente eficiente, bem como um invólucro de baixo peso para a bateria de tração. Graças a estas evoluções, a eficiência da bateria para as rodas é de 95%.

Sem revelar muitos detalhes técnicos deste motor elétrico, sabe-se que terá uma potência em redor dos 150 kW (204 CV), proporcionando um consumo energético inferior a 10 kWh/100 km.

Além da elevada competência aerodinâmica, o Vision EQXX beneficia ainda de outros detalhes, como os pneus de ultra-baixa resistência com geometria igualmente preocupada com a eficiência e com jantes de magnésio de baixo peso. O sistema de travagem não escapou à ‘dieta’ com discos concebidos numa liga de alumínio, enquanto o sub-chassis deriva do esquema utilizado na Fórmula 1.

Todas estas medidas traduzem-se num peso bastante comedido, ficando bem abaixo das duas toneladas (1750 kg) que seria de esperar num modelo com 2,80 metros de distância entre eixos.

O interior aposta fortemente na digitalização, com uma grande componente tecnológica fomentada pela evolução da filosofia ‘Hyperscreen’ visto no EQS, para se obter agora um único ecrã em peça única num formato flutuante para uma sensação de continuidade no habitáculo, algo que é também possibilitado pela consola central também flutuante. A marca recorreu ainda a materiais sustentáveis para uma visão ecológica em todos os aspetos, como fibras de bambu para o piso e Deserttex, biocomposto proveniente de cacto, que é usado nos bancos.

O sistema de infoentretenimento bastante evoluído conta com o tal ecrã horizontal em peça única de 47.5″ e resolução 8K de nova geração, fundindo tecnologias avançadas que “permitirão que o condutor e o automóvel funcionem como um todo e até utilizar tecnologia que replica o funcionamento do cérebro humano”.

Sem se tratar concretamente de um modelo de produção em série, o Vision EQXX é um projeto ‘laboratório’ para apresentar e desenvolver funcionalidades e tecnologias que poderão vir a ser incluídas em modelos a lançar no futuro. Aliás, a própria Mercedes-Benz aponta que muitas das suas tecnologias e desenvolvimentos estão já a ser integrados na próxima plataforma para veículos elétricos, a MMA, que será usada para os modelos compactos e de segmento médio.

a carregar vídeo

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.