Nascida em 2017, a Aiways é ainda uma marca bastante jovem, mas já com um percurso bastante interessante. O seu lançamento na Europa estava prometido para o Salão de Genebra de 2020, mas a chegada da Covid-19 obrigou a uma reestruturação de planos, com o U5 a ser lançado com relativo sucesso no ano passado no meio de uma outra crise – a dos chips semicondutores.
Mas, com o mercado automóvel a avançar a um ritmo cada vez mais frenético, a Aiways estende agora a sua gama europeia com o U6, um modelo que apresenta uma nva linguagem de design, com extremidade dianteira ‘nariz de tubarão’ altamente aerodinâmica, neste caso, de apenas 0.248 Cx. Este valor garante ao modelo uma reduzida resistência aerodinâmica e, consequentemente, boa eficiência geral.
Para o efeito, além do já referido ‘nariz de tubarão’ à frente, conta com elementos como defletores de ar inferiores, que reforçam o desempenho aerodinâmico na parte dianteira e nas embaladeiras laterais, acompanhados por um estabilizador de ar na parte traseira. Para reforçar a sua presença e ‘musculatura’, o U6 monta jantes de liga leve de alumínio de 20″, com dois tons e efeito aerodinâmico.
A temática do tubarão é novamente assumida no desenho dos pilares C, com imagem que remete para a barbatana desse predador, destacados pelo design de dois tons do veículo.
A marca recorre à sua plataforma MAS totalmente elétrica, o que possibilita a obtenção de um baixo peso, com a Aiways a indicar apenas 1790 kg, graças a uma inovadora combinação de alumínio e aço na produção da sua estrutura e de muitos dos componentes. Com 4,80 m de comprimento, 1,88 m de largura e 1,64 m de altura, o U6 destaca-se ainda pelo excelente espaço a bordo, mercê de 2800 mm de distância entre eixos.Habitáculo em grande
A bordo, o U6 está perto daquilo que se pode considerar um ambiente premium, surpreendendo como uma proposta bastante bem concebida, com construção rigorosa, apesar de as unidades com que tivemos o primeiro contacto serem pré-série, ou seja, ainda com algumas arestas por limar. Nota para a grande quantidade de revestimentos macios ao toque e elementos em alumínio, não faltando também iluminação ambiente integrada capaz de oferecer 360 opções de iluminação. O tejadilho panorâmico de grandes dimensões também ajuda a ‘inundar’ o interior com luz, com a marca a referir que este é o tejadilho em vidro mais resistente da indústria automóvel da atualidade.
Num exemplo de atenção ao visual, os difusores de ar estão parcialmente dissimulados, para uma climatização isenta de correntes de ar. Já o volante desportivo multifunções tem revestimento em pele/microfibra e tratamento antibacteriano, num detalhe curioso e que faz lembrar que, apesar do retorno à normalidade, a questão dos vírus e afins entrou no campo de preocupações dos construtores… O seletor de condução é inspirado no universo náutuco, aparentando-se com a alavanca das velocidades dos iates de luxo, mas apenas rodando a zona central como se fosse o punho de uma moto.
A Aiways denomina a estrutura de ergonomia de ‘AI Cabin’, com um cockpit totalmente digital em que o painel de instrumentos de 8.2” é complementado pelo ecrã tátil central de 14.6”, no qual se pode encontrar um novo sistema de infoentretenimento totalmente desenvolvido pela marca para este modelo (apesar de ter como base o código Android Automotive).
O ecrã congrega, pois, a grande maioria das funcionalidades de comodidade, como o ar condicionado e sistemas de assistência à condução, podendo aqui ser ajustadas a preceito consoante o gosto do condutor. Pode-se, também, desligar o U6 a partir do ecrã num botão dedicado. A marca promete também compatibilidade com Apple CarPlay e Android Auto, a partir de meados deste ano, com uma experiência ao longo da apresentação internacional a integrar bem o Android Auto, ainda que com uma mensagem semitransparente no ecrã a indicar que se trata de uma versão em desenvolvimento, logo para não ser comercializada.
Há ainda um sistema de áudio de alta qualidade com dez altifalantes premium da Magnat, com subwoofer e conectividade auxiliar através de USB e Bluetooth. O sistema de bomba de calor é de série, garantindo um aquecimento e ar condicionado mais eficientes para o habitáculo, limitando assim o efeito da climatização na autonomia do veículo.
O espaço a bordo é um dos seus melhores predicados, sobretudo nos lugares posteriores, onde dois adultos viajam certamente sem problemas, tanto em altura, como em espaço para as pernas. A capacidade da bagageira varia entre os 472 e os 1260 litros.
Os bancos dianteiros integrais conferem maior desportividade ao habitáculo, com reforços almofadados nos assentos e nos encostos. Inspirados em detalhes de equipamento dos veículos de luxo chineses, os bancos deste modelo apresentam encostos de cabeça com almofadados macios nos lados, envolvidos numa almofada adicional, para cujo desenho em formato de asa a equipa de designers da Aiways se inspirou nos vaivéns espaciais.
Em termos de motorização, a Aiways apresenta um sistema denominado AI-PT, que foi desenvolvido pela marca, com maior potência de pico, ou seja, 160 kW/218 CV, com 315 Nm de binário máximo. Face a estes números, a aceleração dos zero aos 100 km/h decorre em menos de sete segundos (6,9 s), enquanto a velocidade máxima está limitada eletronicamente a 160 km/h.
Com modos de condução diferenciados (‘Eco’, ‘Normal’ e ‘Sport’), alteram-se os grafismos dos ecrãs e também o desempenho motriz, sendo notoriamente mais despachado no modo mais desportivo, ganhando velocidade de forma bastante rápida. Ainda assim, num detalhe peculiar que a marca vai ainda melhorar, as retomas com pé direito ‘a fundo’ evidenciam um pequeno momento de indecisão.
Já o comportamento dinâmico pareceu-nos bastante interessante, com solidez de rolamento em mau piso e boa estabilidade em tiradas mais sinuosas, naquele que é um exemplo de bom trabalho de acerto para os gostos dos condutores europeus – atreitos a modelos dinâmicos, mas também desejosos de conforto em estradas não raras vezes em mau estado.
A bateria está concebida em ‘sanduíche’, com células CATL e capacidade de 63 kWh, o que lhe permite anunciar até 405 quilómetros de autonomia, de acordo com o ciclo WLTP, com consumo misto entre 15.9 e os 16.6 kWh/100 km.
Quanto aos sistemas de assistência, a Aiways não fica a dever a muitas das marcas rivais, propondo onze sistemas de assistência ao condutor com AI-Drive de série, possibilitando uma condução autónoma de nível L2+. Os sensores e o software dos sistemas foram desenvolvidos e implementados em conjunto com a Continental e a Mobileye.
No primeiro contacto dinâmico pelas estradas lusas (a apresentação nacional decorreu na região de Lisboa), achámos o desempenho do sistema excessivamente intrusivo, sobretudo em autoestrada, enquanto o nível de alertas sonoros (por apitos) obriga a silenciá-los no ecrã central assim que possível.
‘FOME’ DE EXPANSÃO
Se é ainda uma marca jovem, a Aiways tem entrado ousadamente em novos mercados, oferecendo uma combinação de engenharia avançada oriunda da China, design atraente e alta tecnologia, tudo isto sem descurar a questão do posicionamento. A ideia não é muito distante da que é anunciada também por outras marcas provenientes da China, como a BYD, por exemplo, ganhando agora mais fôlego com a chegada de novos modelos, como é o caso do U6.
As instalações da marca na China incluem uma fábrica em Shangrao dotada dos mais modernos equipamentos, cuja capacidade de produção atual é de 150.000 viaturas, e centros de investigação e desenvolvimento e de design em Xangai, bem como uma linha de montagem de baterias em Changshu.
A sede internacional da marca situa-se em Munique, na Alemanha, onde é afinada a condução e os sistemas para o gosto dos clientes europeus, entre outros detalhes, estando apostada em acelerar o desenvolvimento da atividade de negócios da Aiways à escala global.
A Aiways planeia lançar um modelo novo por ano. Após a estreia do SUV Coupé U6, que será visto nas estradas europeias lado a lado com o SUV U5 em meados de 2023, a marca trabalha já a todo o vapor nos próximos modelos.
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