Lançado em 2021, no contexto de uma pandemia sem precedentes, o Spring tornou-se logo num dos modelos de maior sucesso entre os elétricos, sobretudo para os clientes particulares, que viram neste pequeno elétrico uma ‘porta’ de entrada no mundo da mobilidade elétrica sem necessidade de investimento inicial substancial. Até ao momento, o Spring já vendeu cerca de 140 mil unidades em todo o mundo e, na Europa, é o terceiro automóvel elétrico mais vendido (só no ano passado, matricularam-se 61.803 na Europa).
Para enquadrar o Spring, a Dacia recorre às suas próprias estatísticas: a média dos europeus conduz 37 quilómetros por dia, a uma média de 37 km/h, com 75% dos utilizadores a carregar em casa, logo sem necessidade de carregamentos rápidos. Além disso, o Spring tornou-se, também, num modelo de conquista, tanto para a mobilidade elétrica (93% dos clientes do Spring são pela primeira vez compradores de elétricos), como para a marca romena (79% dos compradores do Spring nunca tiveram um Dacia antes).
A tarefa do novo Spring é, por isso, bastante relevante, tendo de dar continuidade ao modelo anterior, mas sem prejudicar as virtudes que apresentava.
Design mais musculado
O desenho do novo Spring incorpora a mais recente linguagem estética da Dacia, numa carroçaria que mantém as proporções gerais, como os 3,70 m de comprimento. Os protetores de carroçaria nos para-choques e, também, nas cavas das rodas dão-lhe um aspeto ligeiramente mais robusto em linha com um certo ideal mini-SUV, a que se juntam ainda jantes de 14 polegadas (de liga leve ou com embelezadores) e em liga leve de 15 polegadas no modelo de topo, o Extreme.Há autocolantes nas portas e, também, nos para-choques, os quais têm como função protegê-los de pequenos toques em cidade. Claro que também poderão vir a representar opções de personalização no futuro. O novo modelo terá duas cores de lançamento, em vermelho ‘Brick’ e cinzento ‘Lightning’, a que se juntarão outras quatro tonalidades (branco ‘Kaolin’, azul ‘Slate’, preto nacarado e bege ‘Safari’), para um total de seis.
O Spring mantém a mesma plataforma que o atual, pelo que não se podem esperar grandes ganhos na habitabilidade, mas a marca promete ganhos ligeiros neste aspeto, enquanto a bagageira permite entre 308 e 1004 litros, neste caso com o rebatimento dos bancos traseiros. Sob o capot, pode ser adquirido também uma ‘caixa’ de arrumação (‘frunk’) com capacidade adicional de 35 litros que pode servir para arrumar o cabo de carregamento, por exemplo. Já as barras de tejadilho, consideradas redundantes, foram eliminadas, ajudando a reduzir o peso geral e na eficiência aerodinâmica.
Também o número de espaços de arrumação a bordo foi aumentado, dispondo agora de até 32,7 litros para depositar pequenos objetos. No tablier, existe uma área de arrumação no lado do passageiro acima do porta-luvas, o qual pode ser opcionalmente transformado num segundo compartimento fechado.
Nota para um acréscimo de peso de apenas 6 kg em comparação com o modelo precedente, continuando a respeitar o ideal da ligeireza, que é bastante querido à Dacia, com um peso total inferior a uma tonelada (984 kg). A versão Cargo (N1) de dois lugares com 1085 litros de bagageira ou 385 kg continuará a ser oferecida como solução de âmbito mais profissional.
Interior mais tecnológico
A bordo, se as dimensões não se alteraram radicalmente, muda tudo o resto, a começar pelo acréscimo na vertente tecnológica: painel de instrumentos digital com ecrã de 7”, o qual pode ser personalizado com as informações que o condutor considera mais interessantes, e ecrã central tátil de 10” para o novo sistema de infoentretenimento no caso das versões mais equipadas.
A este respeito, a Dacia irá propor dois sistemas. O Media Control é um sistema pensado para quem considera desnecessário gastar mais em algo que tem à sua ‘mão’, pelo que recorre ao smartphone do utilizador e a uma aplicação integrada da Dacia que deve ser instalada. Isso permite uma comunicação bidirecional de informações entre o dispositivo e o veículo. A aplicação não é nova, mas foi totalmente redesenhada para ser mais intuitiva e completa. Atrás do local onde se pode colocar o smartphone está uma tomada USB-C para carregá-lo. Este sistema estará disponível para as verões de equipamento Essential e Expression, sendo que a Extreme recorre a uma outra versão, a tal com ecrã de 10 polegadas com sistema Media NAV Life, que é três vezes mais potente do que o sistema anterior e partilhado com outros modelos do Grupo Renault.
Disposto em quatro ‘blocos’ de interação, este sistema mantém o foco na simplicidade, permitindo navegação conectada fornecida pela HERE Maps (para mapas sempre atualizados) e alertas de segurança, numa subscrição que será oferta por oito anos. Adicionalmente, está garantida a integração dos sistemas Apple carplay e Android auto sem fios.
A climatização recebe um novo painel de controlo, ao passo que o volante é também de nova geração, sendo mais moderno. Os elementos decorativos em branco estão em destaque, num modelo em que a Dacia trabalhou, também, para melhorar a sensação de qualidade de construção e dos materiais. Os revestimentos dos bancos na versão Extreme autorizam uma utilização mais robusta, não faltando também tapetes em borracha fácil de limpar.
Solução estreada no novo Duster, o YouClip faz também a sua entrada na gama Spring. Trata-se de um pequeno dispositivo multifacetado que pode ser agregado a pontos de ancoragem no veículo para melhorar a sua funcionalidade. No Spring, pode ser ancorado na consola central (em dois locais) e na área acima do porta-luvas. Enquanto dispositivo três em um, o YouClip pode funcionar como um suporte para smartphone com ou sem carregador wireless ou gancho para segurar uma mala de senhora. No futuro, esperam-se mais acessórios para ampliar a versatilidade com um custo muito reduzido.
Motorizações não se alteram
A gama de motorizações continua a confiar em duas opções, as quais transitam da anterior geração: uma com 45 CV de potência, a qual é exclusiva do equipamento Essential, e outra com 65 CV, que é a única opção do Extreme. A versão intermédia Expression pode ter os motores de 45 CV ou de 65 CV, dependendo da vontade do condutor.
A bateria tem uma capacidade de 26.8 kWh e pesa 190 kg, com a Dacia a indicar que pretende oferecer um modelo bastante eficiente, valendo-se de um consumo inferior a 14.6 kWh/100 km para uma autonomia que pode superar os 220 quilómetros entre carregamentos, mediante o estilo de condução e as condições de utilização. Para auxiliar na autonomia, o novo Spring estreia um sistema de travagem regenerativa com modo específico ‘B’ a partir do seletor de condução.
De série, o novo Spring tem um carregador de bordo de 7 kW, o que lhe permite repor de 20 a 100% da bateria em menos de 11 horas, embora a marca disponibilize, como opcional, um carregador rápido de 30 kW, que lhe permite carregar de 20 a 80% em 45 minutos.
O veículo pode ter ainda carregamento bidirecional, pelo que o Spring pode alimentar outros dispositivos elétricos de baixa potência, graças a um adaptador externo. De série no nível Extreme, carrega a um máximo de 3.3 kW/16 A, com limite mínimo de 15% de capacidade de bateria como salvaguarda, podendo o utilizador alterar esse limite no ecrã tátil para garantir que tem carga suficiente para fazer o trajeto de regresso a casa, por exemplo. Se o condutor assim quiser pode alimentar uma máquina de café para tirar uns ‘expressos’ entre viagens – é uma utilização pouco provável, mas se é possível… porque não?
Quanto a preços, a Dacia ainda não comunicou os valores a pedir, mas sabe-se que o novo Spring terá um valor a rondar o do atual modelo.
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