O início das conversas formais para a fusão dos 2º e 3º maiores fabricantes nipónicos é um momento histórico para a indústria automóvel do Japão e acontece num contexto de ameaça existencial dos novos fabricantes chineses de veículos elétricos chineses.
A qualidade, a tecnologia e os preços dos automóveis chineses são um dos maiores desafios que enfrentam os construtores tradicionais, que estão a perder o mercado chinês para os fabricantes locais.
A fusão da Honda e Nissan numa única empresa é a resposta encontrada pelos dois construtores para os novos desafios.
A fusão criaria o terceiro maior grupo automóvel do mundo em termos de vendas de veículos, depois da Toyota e da Volkswagen. Daria também às duas empresas escala e uma oportunidade de partilhar recursos face à intensa concorrência da Tesla e de rivais chineses mais ágeis, como a BYD.A fusão das duas marcas japonesas será, a concretizar-se, a maior reformulação na indústria automobilística global desde que a Fiat Chrysler Automobiles e a PSA se fundiram em 2021 para criar a Stellantis, num negócio de US $ 52 mil milhões orquestrado pelo português Carlos Tavares.
Mas a Honda e a Nissan podem não ficar sozinhas neste processo. Hoje foi também anunciado que a Mitsubishi Motors, de que a Nissan é acionista de topo, também está a considerar a possibilidade de aderir, tendo assinado outro memorando de entendimento “para explorar a possibilidade de participação, envolvimento e partilha de sinergias da Mitsubishi Motors em relação à integração empresarial através da criação de uma sociedade gestora de participações sociais conjunta”
Os diretores executivos das três empresas deram uma conferência de imprensa conjunta em Tóquio, onde Toshihiro Mibe, CEO da Honda, afirmou que “a ascensão dos fabricantes de automóveis chineses e de novos atores mudou bastante a indústria automóvel^”.
“Temos de desenvolver capacidades para lutar com eles até 2030, caso contrário, seremos derrotados”, afirmou.
As conversações deverão ficar concluídas até junho de 2025, e a criação de uma sociedade gestora de participações sociais deverá ocorrer até agosto de 2026, altura em que as ações de ambas as empresas serão retiradas da bolsa.
A Honda tem uma capitalização de mercado de mais de 40 mil milhões de dólares, enquanto a Nissan está avaliada em cerca de 10 mil milhões de dólares.
A Honda nomeará a maioria dos membros do conselho de administração da sociedade gestora de participações sociais, foi ainda anunciado.
A combinação com a Mitsubishi Motors elevaria as vendas globais do grupo japonês para mais de 8 milhões de automóveis. O atual terceiro grupo automóvel é o sul-coreano Hyundai e Kia.
