A Audi está empenhada em tornar a sua pegada ecológica totalmente neutra em 2050 e até lá tem em curso um intensivo processo de transformação de todas as suas áreas, não só com veículos elétricos, mas também na da produção, além de procurar oferecer energia ‘verde’ para o carregamento dos seus veículos elétricos, que passarão a ser norma de 2033 em diante.

A produção do derradeiro Audi com motor de combustão interna irá começar em 2025, chegando ao mercado como o símbolo do fim de uma era, já que em 2033 apenas versões elétricas chegarão ao mercado. Mas, além desse passo importante, a marca alemã quer também tornar a sua pegada de carbono neutra em toda a sua cadeia de valor, incidindo na produção de automóveis, na produção de energia e também na segunda vida e reciclagem das baterias, um ponto que é considerado fundamental.

Em 2025, a Audi pretende oferecer mais de 20 modelos 100% elétricos, procurando reduzir a pegada ecológica da sua gama em 30% quando comparado com 2015. Um dos objetivos passa pela produção neutra em carbono nas suas fábricas já em 2025, algo que a marca garante que já alcançou esse objetivo intermédio nas fábricas da Hungria e da Bélgica. Além disso, pretende que todo o processo de produção e de fornecimento de materiais se incluam nessa meta, sobretudo no que diz respeito às baterias de iões de lítio, sendo nesse processo que a Audi estima que resulte quase um quarto das emissões de carbono por cada carro da marca. Assim, os responsáveis da Audi apostam na utilização de recursos de forma inteligente, trabalhando em conjunto com os seus fornecedores e parceiros formas para reduzir as emissões de CO2.

De acordo com os cálculos da Audi, o conjunto das suas medidas de sustentabilidade terá o potencial de poupança de uma média de 1.2 toneladas de CO2 por automóvel em 2025. Atendendo apenas ao ano de 2020, a companhia de Ingolstadt conseguiu poupar mais de 335 mil toneladas de CO2 na sua cadeia de fornecimento.

A produção dos modelos e-tron GT, e-tron, e-tron Sportback e Q4 e-tron decorre já sem quaisquer emissões de CO2, assim como o processo de entrega aos clientes, com a marca a revelar que todo CO2 emitido de forma inevitável ao longo do processo na produção e logística é compensado com créditos de carbono, que considera ser a forma mais correta de compensação. Por outro lado, a Audi está a trabalhar com os fornecedores de energia, entre outros, para assegurar que a eletricidade utilizada para recarregar os seus automóveis provém de fontes renováveis.

“Queremos oferecer aos nossos clientes uma experiência de condução holística. Em adição aos modelos atrativos, temos de ser capazes de oferecer energia verde de forma generalizada. Estamos a trabalhar para tornar possível a mobilidade neutra em carbono. A expansão de fontes de energia renováveis a uma escala industrial é o próximo passo lógico”, refere Oliver Hoffmann, membro do Conselho de Administração para o Desenvolvimento Técnico da Audi AG. Exemplo disso é o que a o Grupo Volkswagen já oferece com a subsidiária Elli para o carregamento em casa ou com a rede IONITY.

Para o processo de redução de emissões será igualmente fundamental a transição para energias renováveis. Por exemplo, as baterias de alta voltagem têm de ser produzidas a partir de eletricidade verde. O reaproveitamento de materiais secundários, como é o caso do alumínio, também faz parte do programa ecológico da Audi. Na utilização de materiais reciclados, a Audi aponta casos práticos como o do Q4 e-tron, no qual 27 componentes são feitos com materiais reciclados. Também alguns dos revestimentos e materiais de isolamento do habitáculo são feitos de materiais reciclados, como garrafas de plástico ou restos de tecidos. Os tapetes do Audi e-tron GT e o revestimento do piso são feitos em Econyl, um material resultante de 100% de fibras de nylon recicladas e no Audi A3 são usadas até 45 garrafas de plástico de 1,5 litros nos bancos.

Para o efeito, a marca está a trabalhar na instalação de novos parques solares e eólicos para a produção de energia, os quais terão uma capacidade de produção de cerca de cinco TWh de eletricidade verde para vários países da Europa em 2025. O primeiro projeto, um parque solar no estado alemão de Mecklenburg-Vorpommern, está a ser desenvolvido em colaboração com a igualmente alemã RWE. Deverá estar em funcionamento em 2022 e poderá gerar até 170 milhões de kWh. Com cerca de 420 mil painéis solares, será um dos maiores parques solares independentes na Alemanha.

Já no campo da avaliação particular, para que cada pessoa possa medir a sua pegada ecológica no dia-a-dia, a Audi tira partido do seu centro de inovação de Berlim, tendo uma equipa desenvolvido a aplicação Ecomove, que avalia as viagens, por exemplo, seja de automóvel, seja de avião.

A segunda vida das baterias

Tema sempre muito discutido, o da reutilização das baterias também é abordado pela Audi. A marca dos quatro anéis aposta no conceito de segunda vida com uma solução de carregamento que irá, primordialmente, cobrir os picos de consumo energético na rede. O conceito dos Audi Charging Hubs é exatamente o de permitir o carregamento rápido dos automóveis elétricos de forma confortável, com uma área de estilo ‘lounge’ para que os utilizadores possam passar o tempo. Por detrás destes espaços está uma ideia de ‘cubos’, ou seja, contentores que podem ser dispostos de maneira flexível, os quais albergam baterias de iões de lítio reutilizadas para acumular energia – provenientes de automóveis fora de circulação, podem assim ter um novo propósito.

Partindo de 11 kW por cada cubo com uma tomada de 400 volts, o Audi Charging Hub já pode ser aplicado no terreno, sendo, de acordo com a marca, mais fácil de estabelecer em diferentes localizações, mas também menos dispendiosa. O espaço (hub) pode ser rapidamente transportados, instalado e adaptado a um local em específico. Na localização-piloto em testes, um total de 200 kW é suficiente para manter em funcionamento de forma contínua três módulos de carregamento com uma capacidade total de 2.45 Mwh. No cômputo geral, estes módulos permitem cerca de 70 ciclos de carregamento rápido de até 300 kW por dia. O primeiro posto será colocado em funcionamento em Nuremberga, no outono.

Quando se esgota a sua utilidade, a Audi garante um procedimento bastante completo de reciclagem, recorrendo a práticas modernas e à infraestrutura do Grupo Volkswagen em Salzgitter, na Alemanha, sendo aí que é feita a análise ao estado da bateria, potencial de reaproveitamento como acumulador de energia ou desmantelamento. O software foi desenvolvido pela Audi Bruxelas e o plano é que mais fábricas deste género sejam montadas.

Parceiros também escrutinados

Aliando competências tecnológicas, a utilização de inteligência artificial na monitorização da cadeia de fornecimento é igualmente uma das chaves para a Audi, estando sempre atenta a eventuais falhas éticas na produção ou atuação dos seus parceiros ou fornecedores (embora existam também caixas de correio e e provedores para reportarem casos suspeitos). Num projeto-piloto organizado pelas marcas Audi, Porsche e Volkswagen em cerca de 150 países, os algoritmos inteligentes da start-up austríaca Prewave analisam informações provenientes de órgãos de comunicação online e de redes sociais – a análise aborda suspeitos de riscos relacionados com a sustentabilidade, poluição, violações dos direitos humanos e corrupção. Quando são encontrados, o algoritmo de inteligência artificial faz soar um alarme para que a Audi possa abordar a questão.

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