Com os combustíveis sintéticos (e-Fuels) a serem apontados como alternativas mais sustentáveis aos combustíveis de origem fóssil que hoje são usados nas estradas, alguns dos carros presentes no recente Festival da Velocidade de Goodwood demonstraram o seu potencial e a facilidade de adaptação a diferentes tipos de veículos, mesmo em clássicos com mais de 100 anos ou em modelos de competição.

Apologista de uma forma mais sustentável de viver o automobilismo, o tetracampeão do mundo de Fórmula 1 Sebastian Vettel esteve em Goodwood com dois dos seus monolugares clássicos que pertencem à sua coleção, um Williams FW14B de 1992, pilotado então por Nigel Mansell, e um McLaren-Ford MP4/8 que foi utilizado por Ayrton Senna.

Porém, a sua participação no evento teve como objetivo demonstrar o potencial da filosofia ‘Race without Trace’ (competir sem deixar rasto), numa alusão ao potencial de utilização de combustíveis sustentáveis.

Para tal, utilizou em ambos os monolugares combustível sintético fornecido pela P1, empresa que já fornece o Mundial de Ralis (WRC) com gasolina sustentável e sem elementos de origem fóssil.

Mas, além dos carros de Fórmula 1, que não receberam qualquer modificação em termos técnicos para receber combustível sustentável, outros automóveis históricos também demonstraram que esta solução pode ser mais abrangente, mesmo em veículos de outros tempos e com tecnologias mais datadas, como é o caso do Fiat S76 de 1910, comummente apelidado de ‘Besta de Turim’ pelo seu motor de quatro cilindros e impressionantes 28.4 litros de cilindrada.

O seu proprietário, Duncan Pittaway, revelou em Goodwood que “fizemos um teste com o Fiat antes de virmos para Goodwood e o que descobrimos foi que arranca pela manivela de forma mais fácil e [o motor] funciona de forma mais suave, mais frio e utiliza menos combustível nas subidas que fizemos em comparação com os anos anteriores”.

Um Mercedes-Benz de 1907 também utilizou o combustível sintético da P1 para participar em Goodwood, com Ben Collins ao volante, a destacar que o motor funcionou “de forma mais suave, o que é fantástico para nós”.

A discussão em torno dos combustíveis sintéticos (ou renováveis) continua a ser bastante acesa, pois é visto por muitos como uma alternativa à estratégia de eletrificação, sobretudo atendendo aos parques automóveis extremamente datados, ou a países onde a eletrificação está mais atrasada. Porém, outras vozes discordam da sua mais-valia ambiental, apontando custos elevados na sua produção (também em termos energéticos) e uma pegada ecológica que pode não ser totalmente neutra.

Entre os construtores que também estão a apostar fortemente nos combustíveis sintéticos está a Porsche, por exemplo, que tem no Chile uma fonte de produção de e-Fuels sem emissões.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.