A Bosch está a apostar forte na tecnologia de mobilidade a hidrogénio, com a companhia alemã a dar início à produção dos seus módulos de pilha de combustível a hidrogénio (‘fuel cells’) na fábrica de Estugarda-Feuerbach. O objetivo é acelerar a adoção desta tecnologia na mobilidade, mas também para a criação da chamada sociedade do hidrogénio.

A fornecedora de componentes e de serviços está apostada no desenvolvimento de soluções em toda a cadeia de valor do hidrogénio, encontrando-se a desenvolver tecnologia para a sua produção e aplicações. Em 2030, a Bosch espera ter um volume de vendas em redor dos cinco mil milhões de euros relacionado com a tecnologia de hidrogénio.

Num evento realizado em Estugarda-Feuerbach, o Presidente do Conselho de Administração da Robert Bosch GmbH, explicou que “nesta fábrica cuja história precede a de qualquer outra fábrica da Bosch, o futuro do hidrogénio está prestes a acontecer”, ambicionando assim tornar-se um ator importante nesta área da transição energética.

Nas suas soluções para a economia do hidrogénio, preconizada também por muitos construtores automóveis, como é o caso da Toyota ou da Hyundai, a Bosch assenta a sua estratégia numa rede global de produção, com destaque para os centros alemães. Como exemplo, a fábrica de Bamberg irá fornecer pilhas de combustível (comummente apelidadas de ‘fuel cells’, em inglês) à fábrica de Feuerbach para implementação nos seus projetos. A Bosch vai também dar início à produção destas células da hidrogénio na China, em Chongqing, esperando também fazer o mesmo nos Estados Unidos da América (EUA), na sua fábrica da Carolina do Sul.

Markus Heyn, membro do Conselho de Administração e Presidente da divisão Bosch Mobility, refere que a companhia “é uma das poucas que são capazes de produzir em massa tecnologia tão complexa como as pilhas de combustível. Não só temos a sabedoria necessárias para os sistemas, mas também a capacidade de aplicar rapidamente novos desenvolvimentos para a produção em massa”.

No cerne desta estratégia está a crença de que uma parte da mobilidade rodoviária será efetuada com recurso à tecnologia de pilha de combustível a hidrogénio: a Bosch espera que, em 2030, um em cada cinco novos camiões com peso acima das seis toneladas contenha um motor a hidrogénio.

A este respeito, a Nikola Corporation (que tem em vigor uma parceria estratégica com a Iveco), será uma cliente-piloto das pilhas de combustível a hidrogénio nos seus camiões superiores, cuja chegada ao mercado está agendada para o terceiro trimestre de 2023.

Mas não só. A Bosch trabalha também na conversão de motores de combustão a gasóleo para utilização com hidrogénio, observando aqui ganhos potenciais em eficiência ambiental. “Um motor a hidrogénio pode fazer tudo o que um motor Diesel faz, mas acima disso, é neutro em carbono. Permite uma entrada rápida e de baixo custo na mobilidade com base no hidrogénio”, refere Markus Heyn.

Uma grande vantagem é a de que mais de 90% das tecnologias de desenvolvimento e de produção necessárias já existem. O motor de hidrogénio deve ser lançado em 2024.

Investimento na produção do hidrogénio

Entre 2021 e 2026, a Bosch terá investido um total de quase 2.5 mil milhões de euros no desenvolvimento e produção de tecnologias relacionadas com o hidrogénio, com a companhia germânica a entender que existem muitas potencialidades na expansão do negócio e também a nível laboral, com larga maioria dos postos de trabalho a serem mantidos (havendo uma conversão dos atuais departamentos de motores de combustão). Atualmente, o número de empregados na área do hidrogénio ronda os três mil.

No entanto, além do investimento financeiro para o desenvolvimento desta tecnologias, a Bosch está também empenhada na área de produção do hidrogénio, tendo começado no início de 2023 a produzir protótipos para a eletrólise, tendo por objetivo chegar aos protótipos na ordem de 1.25 MW disponíveis para aplicações-piloto até 2025. Só então irá produzir em série sistemas semelhantes, que poderão ser usados para as mais diversas funções, incluindo alimentação de hospitais ou espaços públicos.

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