Contacto Audi e-tron 55 quattro: Novo mundo silencioso

03/04/2019

A primeira aposta da Audi no campo dos automóveis 100% elétricos é o e-tron quattro, um SUV de grandes dimensões que coloca a marca germânica num patamar de destaque na mobilidade elétrica. Com um preço base de 84.251€, este e-tron é a porta de entrada para um novo mundo de condução sem emissões e sem ruído, prefigurando também um novo capítulo em matéria de conectividade.

Visualmente, o Audi e-tron é claramente… progressista. Não rompe com a linha fundada e instituída na marca alemã, embora seja evidentemente mais evoluída e chamativa, graças às suas dimensões imponentes que são bem aproveitadas para a criação de uma imagem agressiva tanto na dianteira, como na traseira. A grelha ativa na frente aliada aos faróis com tecnologia LED mostram arrojo, o mesmo se aplicando na traseira, aqui com uma linha contínua horizontal na tampa da bagageira, mas com o difusor traseiro a não ter, naturalmente, qualquer saída de escape.

No evento de lançamento do e-tron em Portugal, tivemos a oportunidade de efetuar um primeiro contacto com este SUV elétrico com bateria de 95 kWh de capacidade e autonomia superior a 400 quilómetros em ciclo WLTP. Mas, também foi o momento de tomar o ‘pulso’ ao seu refinamento em estrada, à fidelidade da sua autonomia ou à evolução tecnológica proporcionada pelos espelhos virtuais assentes em câmaras exteriores laterais, que transmitem imagens para ecrãs táteis situados nos painéis das portas em posição superior.

Mas, voltemos à condução. O Audi e-tron tem como primeiro atributo o silêncio. Impressiona a forma como isola o habitáculo de todo o mundo exterior, notando-se apenas, de forma muito sumida, um ligeiro ruído aerodinâmico proporcionado pela passagem do vento, mas que só estando mesmo ‘à procura’ dele é que se consegue ouvir. A configuração do habitáculo não foge ao que já nos habituámos, com materiais de elevada qualidade e construção sem qualquer falha a apontar. Os dois ecrãs centrais oferecem vanguardismo a custo de alguma necessidade de habituação para a sua utilização, sendo preciso carregar com alguma intensidade nas teclas virtuais, o que em andamento nem sempre é simples.

Por outro lado, a condução é extraordinariamente simples. A Audi recorre neste 55 quattro a uma configuração de dois motores elétricos assíncronos, com rotores de alumínio para uma potência combinada de 265 kW (360 CV) e 551 Nm, embora um modo ‘Boost’ com duração máxima de 60 segundos permita aumento da potência até aos 300 kW (408 CV) e de binário para os 664 Nm. Com isso, o e-tron pode acelerar dos zero aos 100 km/h em 5,7 segundos (ou 6,6 se não se utilizar o modo ‘Boost’) e atinge uma velocidade máxima limitada de 200 km/h.

Interior

Em condução dita ‘normal’, para o quotidiano e sem excessos, o e-tron é um carro fácil de conduzir, com a potência a ser entregue de maneira progressiva, tornando-se quase uma entrega quase ‘contida’ quando no modo mais eficiente do Audi drive select, o Efficiency. Aí, com primazia dada à eficiência de rolamento, o e-tron quattro é suave na entrega da energia às rodas, mas em modo Dynamic, o mais desportivo, ganha uma maior urgência que, como seria de esperar, paga-se na autonomia, que cai nem sempre à mesma cadência com que os quilómetros se suplantam. O binário disponível a partir do arranque permite-lhe ser lesto a partir, aproximando-se do que seria expectável num desportivo.

Porém, falamos aqui apenas de percursos de autoestrada, já que a rota escolhida pela Audi para a apresentação deste modelo compreendia cerca de 102 quilómetros, com 90 dos quais em via rápida… Assim, também a eficiência se tornou menos apetecível, com uma média de consumo energético que varia entre os 26 e os 30 kWh, fugindo ligeiramente dos 20-23,7 kWh/100 km apontados em ciclo WLTP.

No entanto, os valores que obtivemos devem ser ‘lidos’ com a atenção de que o primeiro contacto teve 90% de utilização em autoestrada a 120 km/h (ou pouco acima), não se aproveitando aquele que é um dos seus pontos fortes – a regeneração.

O jogo das patilhas

Ao volante, o manuseamento das patilhas atrás do volante (como se fossem as de caixa automática) é essencial para estender a autonomia, podendo aproveitar as fases de desaceleração e travagem para repor energia para a bateria de 95 kWh. O efeito da regeneração é notório e permite, de facto, ganhar quilómetros em descidas, mas no nosso percurso não houve muita ocasião para tal…

Ainda assim, entre a Azambuja e a Barragem de Castelo do Bode, percorremos 200 quilómetros e sobraram 115 quilómetros de autonomia no painel de instrumentos.

Quanto aos parâmetros dinâmicos, poucas observações: elevada estabilidade em linha reta, um pisar sólido que transmite pouquíssimas vibrações aos ocupantes e o já referido silêncio que aumenta o conforto de viagem. Em curva, nas poucas que tivemos, pareceu-nos ter um equilíbrio muito correto, mesmo que não esconda o seu peso a rondar as duas toneladas e meia. Não é fácil fazer ‘magia’…

Em suma…

São cada vez menos surpreendentes mas, mais interessantes de explorar. Os veículos elétricos adquirem uma utilidade superior e funcionalidade também muito avançada proporcionada pelos ganhos de autonomia, sendo neste caso, uma proposta que é muito valorizada pela qualidade e robustez geral, a par de uma solução motriz que lhe permite impor ritmos fortes praticamente desde o arranque, dispondo da tração integral como garantia de segurança em curva. Como bónus, este é um SUV que será sempre Classe 1 nas portagens.


Espelhos meus, espelhos meus… Para onde vai o olhar?

Possivelmente, hoje a Bruxa Má teria recorrido a uma câmara de um smartphone ou de um tablet para interrogar sobre a existência de alguém mais bela do que ela, dispensado o sempre fiel espelho ‘real’. E aqui, a denominação ganha importância, porque na Audi está já em uso o sistema de espelhos retrovisores virtuais (por 1800€), que acrescentam um pouco mais de vanguardismo a um habitáculo já de si muito tecnológico.

O ecrã é tátil e permite ajustar o posicionamento da câmara e até fazer ‘zoom’. Mas o seu posicionamento requer habituação…

Mas, na condução, do ponto de vista particular, há ainda um percurso a fazer no capítulo da habituação ao sistema e à forma como o olhar ‘roda’ sempre para o local tradicional dos espelhos, sendo necessário depois baixar um pouco os olhos para a parte superior das portas onde se encontram os dois ecrãs – um de cada lado – que reproduzem o que se passa ‘lá atrás’. Até mesmo acertar o posicionamento dos espelhos em andamento se torna um pouco mais complexo, mas as potencialidades deste sistema são grandes. Mas, da experiência que registámos, não tivemos problemas de visibilidade na observação dos ecrãs.
Características Audi e-tron 55 quattro
Motores Dois, elétricos assíncronos
Potência 300 kW (408 CV)
Binário 664 Nm
Transmissão Integral, relação única
0-100 km/h 5,7s
Velocidade máxima 200 km/h
Consumo (anunciado/medido) 20.0 kWh/100km (27,1 kWh)
Emissões CO2 0
Comp./Larg./Alt./Entre eixos 4901 mm/1935 mm/1616 mm/2928 mm
Peso 2490 kg
Suspensão (Fr/Tr) Independente McPherson/independente, pneumática
Mala 600 (+60 à frente)/1725 litros
Pneus 265/55 R19
Preço Preço: 84.251€

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