Visualmente, o Audi e-tron é claramente… progressista. Não rompe com a linha fundada e instituída na marca alemã, embora seja evidentemente mais evoluída e chamativa, graças às suas dimensões imponentes que são bem aproveitadas para a criação de uma imagem agressiva tanto na dianteira, como na traseira. A grelha ativa na frente aliada aos faróis com tecnologia LED mostram arrojo, o mesmo se aplicando na traseira, aqui com uma linha contínua horizontal na tampa da bagageira, mas com o difusor traseiro a não ter, naturalmente, qualquer saída de escape.
No evento de lançamento do e-tron em Portugal, tivemos a oportunidade de efetuar um primeiro contacto com este SUV elétrico com bateria de 95 kWh de capacidade e autonomia superior a 400 quilómetros em ciclo WLTP. Mas, também foi o momento de tomar o ‘pulso’ ao seu refinamento em estrada, à fidelidade da sua autonomia ou à evolução tecnológica proporcionada pelos espelhos virtuais assentes em câmaras exteriores laterais, que transmitem imagens para ecrãs táteis situados nos painéis das portas em posição superior.
Mas, voltemos à condução. O Audi e-tron tem como primeiro atributo o silêncio. Impressiona a forma como isola o habitáculo de todo o mundo exterior, notando-se apenas, de forma muito sumida, um ligeiro ruído aerodinâmico proporcionado pela passagem do vento, mas que só estando mesmo ‘à procura’ dele é que se consegue ouvir. A configuração do habitáculo não foge ao que já nos habituámos, com materiais de elevada qualidade e construção sem qualquer falha a apontar. Os dois ecrãs centrais oferecem vanguardismo a custo de alguma necessidade de habituação para a sua utilização, sendo preciso carregar com alguma intensidade nas teclas virtuais, o que em andamento nem sempre é simples.
Por outro lado, a condução é extraordinariamente simples. A Audi recorre neste 55 quattro a uma configuração de dois motores elétricos assíncronos, com rotores de alumínio para uma potência combinada de 265 kW (360 CV) e 551 Nm, embora um modo ‘Boost’ com duração máxima de 60 segundos permita aumento da potência até aos 300 kW (408 CV) e de binário para os 664 Nm. Com isso, o e-tron pode acelerar dos zero aos 100 km/h em 5,7 segundos (ou 6,6 se não se utilizar o modo ‘Boost’) e atinge uma velocidade máxima limitada de 200 km/h.
Porém, falamos aqui apenas de percursos de autoestrada, já que a rota escolhida pela Audi para a apresentação deste modelo compreendia cerca de 102 quilómetros, com 90 dos quais em via rápida… Assim, também a eficiência se tornou menos apetecível, com uma média de consumo energético que varia entre os 26 e os 30 kWh, fugindo ligeiramente dos 20-23,7 kWh/100 km apontados em ciclo WLTP.
No entanto, os valores que obtivemos devem ser ‘lidos’ com a atenção de que o primeiro contacto teve 90% de utilização em autoestrada a 120 km/h (ou pouco acima), não se aproveitando aquele que é um dos seus pontos fortes – a regeneração.
O jogo das patilhas
Ao volante, o manuseamento das patilhas atrás do volante (como se fossem as de caixa automática) é essencial para estender a autonomia, podendo aproveitar as fases de desaceleração e travagem para repor energia para a bateria de 95 kWh. O efeito da regeneração é notório e permite, de facto, ganhar quilómetros em descidas, mas no nosso percurso não houve muita ocasião para tal…
Quanto aos parâmetros dinâmicos, poucas observações: elevada estabilidade em linha reta, um pisar sólido que transmite pouquíssimas vibrações aos ocupantes e o já referido silêncio que aumenta o conforto de viagem. Em curva, nas poucas que tivemos, pareceu-nos ter um equilíbrio muito correto, mesmo que não esconda o seu peso a rondar as duas toneladas e meia. Não é fácil fazer ‘magia’…
Em suma…
São cada vez menos surpreendentes mas, mais interessantes de explorar. Os veículos elétricos adquirem uma utilidade superior e funcionalidade também muito avançada proporcionada pelos ganhos de autonomia, sendo neste caso, uma proposta que é muito valorizada pela qualidade e robustez geral, a par de uma solução motriz que lhe permite impor ritmos fortes praticamente desde o arranque, dispondo da tração integral como garantia de segurança em curva. Como bónus, este é um SUV que será sempre Classe 1 nas portagens.
Espelhos meus, espelhos meus… Para onde vai o olhar?
Possivelmente, hoje a Bruxa Má teria recorrido a uma câmara de um smartphone ou de um tablet para interrogar sobre a existência de alguém mais bela do que ela, dispensado o sempre fiel espelho ‘real’. E aqui, a denominação ganha importância, porque na Audi está já em uso o sistema de espelhos retrovisores virtuais (por 1800€), que acrescentam um pouco mais de vanguardismo a um habitáculo já de si muito tecnológico.
Características | Audi e-tron 55 quattro |
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Motores | Dois, elétricos assíncronos |
Potência | 300 kW (408 CV) |
Binário | 664 Nm |
Transmissão | Integral, relação única |
0-100 km/h | 5,7s |
Velocidade máxima | 200 km/h |
Consumo (anunciado/medido) | 20.0 kWh/100km (27,1 kWh) |
Emissões CO2 | 0 |
Comp./Larg./Alt./Entre eixos | 4901 mm/1935 mm/1616 mm/2928 mm |
Peso | 2490 kg |
Suspensão (Fr/Tr) | Independente McPherson/independente, pneumática |
Mala | 600 (+60 à frente)/1725 litros |
Pneus | 265/55 R19 |
Preço | Preço: 84.251€ |
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