Energia verde vai estar no topo da agenda para 2020

25/12/2019

A empresa de gestão de energia Eaton efetuou um levantamento de tópicos que irão marcar o ano 2020. Ciaran Forde, responsável de marketing para os mercados da Europa e que supervisiona também o centro de dados e a divisão de IT da Eaton, reuniu alguns pontos cruciais que pautarão o setor energético.

A energia verde estará novamente no topo da agenda, bem como o setor de data centers.

Novas variáveis para os operadores

No tocante à energia, Ciaran Forde chama a atenção para o facto da adoção de mais energia renovável trazer também uma instabilidade potencial e novas variáveis ​​para os operadores do sistema de transmissão da gestão de rede.

Forde salienta duas questões que se colocam:

1. A adoção de energia renovável pelo operador da rede tornará a rede menos estável e, portanto, aumentará a possibilidade de interrupções?
2. A energia armazenada de um grande data center pode ser usada para fornecer esses serviços auxiliares, proporcionando assim um novo fluxo de receita e diminuindo o risco da energia primária?

Para a Eaton é claro: “A transição de energia exigirá que o operador de dados repense e potencialmente transforme a sua infraestrutura elétrica da rede de energia com novas funcionalidades”.

Proliferação de mini/micro centros de dados

Para esta empresa de gestão de redes de energia, 2020 será pautado pela proliferação de mini/micro centros de dados discretos na nuvem em cidades ou bairros. “Existem países inteiros, sem falar nas cidades, sem a presença de centros de dados em nuvem em superescala e eles não são menos sofisticados nas suas necessidades de TI do que outros. O motivo é o uso bem colocado de centros de dados, redes de banda larga fixa e móvel”, diz Ciaran Forde, para o qual, “com base no 5G, a indústria de telecomunicações está idealmente posicionada para produzir e oferecer suporte ao ‘edge computing’ na estrutura das suas redes – independentemente ou com parceiros de nuvem”.

Este responsável de IT da Eaton sublinha que em 2020, o crescimento dos centros de dados em nuvem em superescalanos crescerá a par dos o eixo dos centros de dados com vários inquilinos, “à medida que mais empresas apliquem estratégias ‘fora do local’ e mais novos modelos e processos de negócios explorarem a eficiência da nuvem”, reforça este técnico que projeta um terceiro eixo dos centros de dados, o do operador nacional de centros de dados multi-tenant: “Estes são mais locais em termos de natureza e dos seus modelos de negócios. Eles fornecem aos clientes locais os benefícios de estratégias externas, mas ao mesmo tempo fornecem amplo e facilitado acesso aos profissionais de TI da empresa para realizar trabalho, atualizações e operações no centro de dados”.

Segundo Forde, algumas empresas desejam o benefício oferecido pelos centros de dados em nuvem e comerciais, mas não querem perder o controlo de ativos e dos dados. “Talvez não na escala dos grandes operadores internacionais de centros de dados, mas esses centros de dados nacionais são numerosos, fornecem um serviço essencial e formam uma parte significativa de nosso cenário digital. A transformação digital não tem fronteiras e beneficia organizações de todos os tamanhos, tanto quanto aumenta a necessidade pela capacidade internacional e nacional de centros de dados”.

5G em pleno andamento

Na visão de Ciaran Forde, as implantações 5G estarão em pleno andamento no próximo ano (10 a 100 vezes mais rápido que 4G). “O próximo ano será um momento emocionante para os consumidores que querem velocidades mais rápidas e conteúdo em HD. Mas também será um momento interessante para as empresas que desejam dar o próximo passo na transformação digital”, antevê este especialista.

Para este responsável da Eaton, em 2020, os líderes dos setores energético e de telecomunicações delinearão uma nova estratégia de rede de energia para a ampla adoção do 5G: “Quando o 5G for totalmente implementado, terá um grande impacto no tecido de energia para os operadores e para o próprio país. Mas equilibrar dados e consumo de energia não é apenas um problema para o operador, é um problema crescente para o consumidor. Os consumidores de hoje querem uma pegada digital maior, mas, ao mesmo tempo, querem uma pegada de carbono inferior. O cenário ideal é que os centros de dados e as operadoras de telecomunicações usem a sua infraestrutura elétrica para ajudar as operadoras de rede a adquirir mais energia verde. Felizmente, existe essa tecnologia com consciência energética, precisamos apenas ver a vontade de adotá-la em larga escala. No final, se priorizarmos as energias renováveis e descarbonizarmos a eletricidade, os consumidores não precisarão sentir culpa digital”, conclui.

Geração de energia local

Também em 2020, mais centros de dados serão projetados com geração de energia local é a antevisão da Eaton. “O processo de seleção de locais para um centro de dados é uma tarefa complexa. Um parâmetro importante é a disponibilidade de energia suficiente na rede. Um local pode ser ideal em todas as áreas, mas pode ficar aquém porque a energia pode não estar nele disponível. No futuro, os operadores podem procurar a geração primária de energia primária, pois a formação de suas próprias micro-redes pode oferecer muitos benefícios. Além de atender às suas próprias necessidades de energia, o operador pode até decidir exportar energia e usar a instalação para outros serviços de rede auxiliares”, refere Ciaran Forde.

Essas soluções no local podem variar de painéis fotovoltaicos gratuitos a turbinas a gás ou Diesel em larga escala. “Mas considerações sérias devem ser feitas para equilibrar essa necessidade prática com os objetivos da energia verde”, adverte Ciaran Forde.

O problema do arrefecimento dos centros de dados

Em 2020 veremos uma mudança visivel pelo número de maneiras criativas de resfriar os centros de dados, principalmente pelo resfriamento direto por líquidos, considera Ciaran Forde. Isto porque à medida que o poder de processamento da computação aumenta, o calor gerado também aumenta: “Para cada kW de energia elétrica consumida num centro de dados, há outro kW necessário para resfriar o equipamento e mantê-lo numa faixa de temperatura operacional”.

Nesse sentido, Forde sugere que em vez de resfriar todo o espaço com resfriamento por ar livre ou mecânico a uma determinada densidade de potência, uma abordagem de resfriamento mais direta ou direcionada pode ser implantada. “Isso pode ser feito por resfriamento por imersão, onde servidores inteiros são submersos em tanques de líquido termicamente condutor, mas não eletricamente condutor, ou por resfriamento líquido direto, pelo qual os sistemas eletrónicos e o dissipador de calor na placa-mãe podem ser encapsulados num coletor e com o fluxo de líquido pelo qual é removido o calor”, aponta.