M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Os motores dos automóveis emitem tipos diferentes de poluentes, que afetam o ambiente e a saúde pública de maneiras distintas. Embora o dióxido de carbono, fator contribuinte para o efeito de estufa e aquecimento global, seja o mais conhecido, também emitem outros elementos, como as micropartículas, que podem causar problemas de respiração. Mas enquanto os motores têm proteções contra eles, outra peça tornou-se a principal produtora destas micropartículas: os travões.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

As micropartículas têm elementos metálicos ou químicos potencialmente tóxicos que podem entrar facilmente no aparelho respiratório, implementando-se nos pulmões. Nos motores Diesel, historicamente os seus principais produtores, este problema é minimizado pelo filtro de partículas, obrigatório nos automóveis atuais com este tipo de combustível. E nas próximas décadas vão desaparecer completamente das estradas, à medida que vão sendo proibidos de circular nas cidades e que a indústria os vai substituindo por motores elétricos, sem emissões.

Atualmente, os travões passaram a ocupar o lugar dos motores Diesel como principais produtores de micropartículas, desde a entrada em vigor nas estradas europeias da legislação anti-poluição Euro 6. Nos motores, estas são produzidas pela queima de combustível, nos travões, pelo contacto entre as pastilhas e o metal dos discos, que são mais solicitados pelo condutor em ambiente citadino.

Um estudo publicado em 2014 pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos já identificava os travões como fonte de 21 por cento das emissões de micropartículas oriundas de veículos lançadas na atmosfera, e de 55 por cento das emissões fora dos motores. Um estudo mais recente, feito pela Agência Federal Ambiental da Alemanha, aponta para os travões já produzirem quatro vezes mais micropartículas que os motores Diesel. Enquanto estes caíram para 6820 toneladas por ano, nos travões já são de 21.610 toneladas.

Para reduzir este valor, vai ser necessários os condutores mudarem os seus hábitos ao volante, reduzindo a velocidade mais cedo em vez de acelerar até atingir o ponto de travagem. Mesmo com os automóveis elétricos, ainda há muita tendência para carregar no pedal no travão, sendo que estes, mesmo sendo mais pesados, aproveitam não só a força de travagem mas também uma simples desaceleração para recarregar a bateria. Se puder poupar o pedal do travão, um condutor vai contribuir menos para estas emissões que podem ter efeitos nefastos na sua saúde.