Responsável pelo estabelecimento da estratégia inicial da Ford no caminho da eletrificação, Mark Fields, hoje fora da companhia americana, acredita que a tendência de crescimento dos veículos elétricos não será tão rápida como muitos especialistas apontam hoje, revelando mesmo que os construtores devem estar preparados para um reajuste das suas margens face à menor procura do que o antecipado.

A posição de Mark Fields, anterior CEO da Ford Motor Co., demonstra que, mesmo no seio da indústria automóvel, a rapidez de crescimento da eletrificação está longe de ser uma questão unânime. Discursando no EcoMotion, evento de mobilidade que decorreu em Tel Aviv, Israel, Fields demonstrou a sua confiança de que a eletrificação irá decorrer, efetivamente, não com a velocidade e intensidade com que muitos preveem.

“A minha visão é de que sim, a eletrificação vai crescer ao longo dos anos, mas não vai crescer à velocidade com que todos os peritos estão a dizer”, é citado Fields no site Automotive News Europe, apontando para uma necessidade de todos reajustarem as suas expectativas.

Hoje consultor na empresa TPG, Fields referiu ainda que, em virtude do crescimento menos acentuado do mercado de elétricos, os fabricantes automóveis devem estar preparados para ‘blindar’ o seu negócio quanto aos custos de produção elevados e à falta de procura imediata.

“Vão ter de, em primeiro lugar, reestruturar as margens [de lucro] do negócio e, sobretudo, ter de incentivar a procura”, afirmou, alertando ainda que, “se existir uma recessão, que vai acontecer nalgum momento, será colocada uma grande pressão nos fabricantes”. O ex-executivo da Ford destaca, ainda, o papel da China na implementação da eletrificação à escala global, indicando que está a “estabelecer o andamento e o ritmo da eletrificação em todo o mundo”.

Por fim, sobre a condução autónoma, outra área na qual ajudou a Ford a estabelecer grandes metas, Mark Fields referiu que a sua proliferação “apenas deverá acontecer no final da próxima década”, restringindo-se, em grande parte, às grandes áreas urbanas e para fins específicos, como entregas ou transportes de passageiros em trajetos delineados.