Da união de esforços entre o Grupo Renault e a Geely nasceu, oficialmente, a Horse, empresa que vai tratar do desenvolvimento de motores de combustão interna (e híbridos) numa fase em que a sua relevância em muitos mercados globais tenderá a reduzir-se, fruto da crescente aposta na eletrificação. A Horse combina, numa só entidade, os conhecimentos e perícia do Grupo Renault e da Geely com vista à produção e fornecimento da próxima geração de grupos motopropulsores térmicos e híbridos de baixas emissões.

A nova empresa, com sede em Madrid (Espanha), é composta por 9000 antigos colaboradores do Grupo Renault, que trabalham em oito fábricas com uma capacidade de produção total de 3.2 milhões de unidades por ano. Opera também três centros de Investigação e Desenvolvimento (I&D), com uma presença global em sete países (Argentina, Brasil, Chile, Portugal, Roménia, Espanha e Turquia).

No seu lançamento, a Horse será um fornecedor global autónomo de soluções de sistemas de propulsão, desenvolvendo tecnologias isentas de carbono e de baixas emissões. Espera-se que a nova empresa forneça os seus atuais clientes industriais, incluindo a Renault, a Dacia e também a Nissan e a Mitsubishi Motors Company.

No futuro, poderá também oferecer tecnologias de grupos motopropulsores a marcas automóveis de terceiros, tendo por objetivo tornar-se líder na próxima geração de motores de combustão interna e híbridos com baixas emissões, não fechando a porta, também, a novos parceiros e acionistas que queiram trabalhar em motores de baixas emissões.

Em particular, oferecerá uma gama completa de tecnologias em todos os componentes – motor, caixa de velocidades, sistemas de hibridização (xHEV) e baterias – ao mais alto nível. Os sistemas de propulsão Horse estarão eventualmente prontos para integrar todos os tipos de energias existentes ou alternativas e futuras (e-fuels, hidrogénio, GPL, GNC, etanol).

Patrice Haettel será o CEO desta nova companhia, nascida oficialmente a 1 de junho, explicando que “em 2040, os automóveis de combustão e híbridos continuarão a representar mais de 50% das vendas mundiais. A Horse será líder neste mercado com as suas avançadas soluções de baixas emissões e aprofundados conhecimentos técnicos. É uma experiência única e um grande orgulho coletivo contribuir para a criação de uma empresa desta dimensão”.

Adaptar para produzir

Além da Horse, tanto a Geely como o Grupo Renault vão criar nas próximas semanas, e tal como anunciado no final de 2022, uma nova entidade através da combinação das suas filiais especializadas na conceção e produção de grupos motopropulsores (nomeadamente a Aurobay, pela parte da Geely, e a Horse).

A Aramco, que assinou uma carta de intenções com o Grupo Renault e a Geely a 2 de março de 2023, está a avaliar um investimento estratégico nesta nova empresa de tecnologia de grupos motopropulsores. O investimento da Aramco apoiará o crescimento da empresa e contribuirá para a investigação e o desenvolvimento de soluções de combustíveis sintéticos e da próxima geração de tecnologias de hidrogénio.

Graças a este projeto, a carteira de produtos combinada prevista entre a Geely e o Grupo Renault, bem como a presença geográfica da nova empresa, permitir-lhe-ão oferecer soluções para 80% do mercado mundial de ICE (motores de combustão interna). Este crescimento é impulsionado pela alargada cobertura geográfica, com acesso a todos os mercados da Europa, da América Latina e do Norte, bem como da China, e pela complementaridade dos produtos, para oferecer aos fabricantes de automóveis soluções e sistemas completos de baixas emissões, bem como a próxima geração de tecnologias de hidrogénio.

As fábricas da Horse e da Geely Aurobay terão, em conjunto, capacidade para produzir mais de cinco milhões de sistemas de transmissão e grupos motopropulsores por ano. A nova empresa terá um volume de negócios superior a 15 mil milhões de euros, empregará 19.000 pessoas (das quais 9000 serão da Horse) e explorará 22 instalações em todo o mundo, da Geely (instalações da Geely e da sua filial Aurobay na China e na Suécia) e do Grupo Renault/Horse (centros de I&D e instalações de produção em Portugal, Roménia, Espanha, Turquia e América do Sul).

Estas bases permitirão igualmente aos parceiros desenvolver em simultâneo a próxima geração de combustíveis.