As grandes metrópoles japonesas são conhecidas pela enorme vivacidade e diversidade de estilos, mas também pela ausência de espaço para habitação. Além disso, reconhecida igualmente a enorme ética de trabalho de muitos dos cidadãos locais, muitos não utilizam sequer a sua habitação ao longo de dias, recorrendo a cubículos para dormirem entre turnos. Outra opção, apontam as empresas locais de carsharing, são os automóveis, adquiridos por muitos como ‘casa’ móvel.

A informação é avançada pelo Asashi Shimbun, que dá conta de que algumas fornecedores de serviços de carsharing, como a Orix Auto Corp. e a Times24 Co., registaram vários alugueres de automóveis sem que se tenham registado viagens em termos de quilómetros. Intrigadas com este facto, as duas companhias chegaram à conclusão de que muitos dos alugueres foram feitos com intuitos completamente distintos daquele que seria o mais óbvio, ou seja, a mobilidade entre dois pontos.

Com efeito, os carros estão a ser utilizados pelos trabalhadores japoneses como locais de estudo, de refeição ou de descanso dentro das grandes cidades, como é citado um dos utilizadores deste esquema naquele mesmo site: “Aluguei um carro para comer uma refeição ‘pronta-a-comer’ numa loja de conveniência, porque não encontrei mais nenhum sítio onde pudesse almoçar”, é citado um trabalhador de 31 anos da zona de Saitama, junto a Tóquio.

A elevada densidade populacional e o parco espaço livre nas grandes metrópoles são apontadas como as justificações para o aluguer dos veículos em regime de carsharing para efeitos variados, como por exemplo, para pequenas sestas ou refeições, acabando por ser alternativas tão ou mais acessíveis do que as comuns, incluindo refeições em restaurantes. Outros, ainda, chegam a reservar os veículos para poderem assim recarregar os seus aparelhos móveis como smartphones.

Mas, as possibilidades são ainda mais variadas, como aponta o mesmo artigo: uma pessoa indicou que utiliza os veículos partilhados como local de arrumação quando os cacifos públicos estão cheios.

Em declarações ao Asashi Simbun, um porta-voz da Orix Auto Corp. mostrou a relativa pouca satisfação com a utilização dos veículos de carsharing como ‘cápsulas’ de vivência alternativa, referindo que “não recomendamos que os nossos clientes aluguem os veículos para fins que não sejam viajar. Acreditamos que é o melhor para os nossos carros se forem utilizados em condução”.

A razão é simples: não só permite mais alugueres e maior rentabilidade, mas também permitem maior longevidade dos próprios carros, na medida em que a energia consumida não provém da bateria, nomeadamente quando estão a comer ou a carregar dispositivos eletrónicos sem condução envolvida.

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