O setor automóvel continua a sentir os impactos da guerra na Ucrânia e, entre paragens nas linhas de produção por falta de componentes e decisões de parar as operações na Rússia por parte de companhias de outros países, também duas das marcas mais importantes da Rússia estão a atravessar dificuldades por falta de componentes e por ação das sanções impostas pelo Ocidente.

Consideradas marcas emblemáticas pela resiliência durante o período da União Soviética, a Lada e a Kamaz estarão com dificuldades nas suas linhas de produção, prevendo-se a paragem das mesmas durante períodos temporais ao longo deste mês.

De acordo com o Wall Street Journal (por subscrição), a Lada terá sido obrigada a interromper a produção dos seus automóveis, naquela que será mais uma consequência das dificuldades na obtenção de componentes em virtude das sanções económicas impostas pela União Europeia e outros países à Rússia.

Com modelos como o Granta e o Niva, a Lada conta com a maior rede de concessionários na Rússia, com mais de 300 pontos de venda, estando presente também em 20 países em redor do mundo. Em virtude da paragem nas linhas de produção, diversos trabalhadores foram enviados para casa.

Recorde-se que a Lada é detida pela AvtoVAZ, uma das companhias automóveis mais importantes da era soviética, fundada em 1966, mas viria depois a ser ‘aberta’ ao investimento estrangeiro com a globalização e com a entrada do Grupo Renault no capital da empresa. O grupo detém atualmente 67,61% e, em busca da rentabilidade, levou a cabo um trabalho de partilha de componentes para os automóveis que, neste caso, provêm da Roménia. Com as sanções a impedirem exportações para o mercado russo, a Lada vê-se forçada a parar a produção de automóveis.

Por sua vez, a Kamaz, marca de camiões com um fornecimento bastante forte de viaturas ao exército russo, também estará com dificuldades na produção de modelos. A Daimler Trucks já tinha anunciado no início deste mês que iria cessar todos os seus investimentos na Rússia e, muito concretamente, a parceria que tinha em vigor com a fabricante russa, ampliando ainda mais as dificuldades do país em matéria de obtenção de peças para os seus automóveis.