Apresentado oficialmente esta semana, o Mercedes-EQ Lounge na Nazaré traduz a vontade da marca alemã de estruturar as suas operações em torno de uma ideia de sustentabilidade que é bastante clara para companhia germânica em prol da defesa do planeta.

A ideia de um espaço social pensado de forma totalmente sustentável surgiu das cogitações da marca em parceria com o surfista Garrett McNamara, que é, simultaneamente, uma das figuras apoiadas pela Mercedes-Benz e como que um embaixador da Nazaré e das suas potencialidades em termos de destino de surf. Foi após a sua onda recordista em 2011 que aquela vila de génese piscatória centrou em si os olhos do mundo, começando a atrair desportistas sedentos de adrenalina.

Com a Nazaré a tornar-se ponto de encontro para os surfistas, a Mercedes-Benz aproveitou para conceber um espaço que servisse de ponto de encontro de gostos e de experiências entre surfistas e adeptos da marca, recorrendo unicamente a materiais reutilizados ou reciclados (madeiras, restos de cordas ou cintos) que, caso contrário, teriam o lixo como destino. O Mercedes-EQ Lounge nasce assim como exemplo do que é a sustentabilidade associada à estratégia da própria companhia alemã, como explicou o CEO da Mercedes-Benz Portugal, Holger Marquardt, durante a conferência de apresentação daquele lounge.

“A sustentabilidade surge como necessidade para fazer face às necessidades de alterações climáticas, escassez de recursos, digitalização e Covid-19. Apresenta-nos muitos desafios, mas também novas oportunidades”, refere o alemão, adepto de Portugal e que, tendo regressado em novembro para liderar a marca alemã, já havia passado pelo nosso país noutras funções muitos anos antes.

Apostando em criar um “valor duradouro” para todos os acionistas, investidores e parceiros, esta mudança apregoada para uma maior sustentabilidade está cada vez mais fundida a nível estratégico para tornar o negócio igualmente sustentável, ao “estabelecer a Mercedes-Benz para uma nova era, reduzindo as emissões e sendo economicamente sustentável”.

“Por isso, implementámos a estratégia ‘Ambition 2039’, avançando rumo à neutralidade carbónica com medidas implementadas em toda a cadeia de valor. Nos próximos 20 anos, a marca pretende ter uma frota neutra em carbono. Serão veículos híbridos plug-in (PHEV) ou totalmente elétricos que irão representar mais de 50% das nossas vendas ate 2030. A estratégia ‘Ambition 2039’ será um marco concreto de uma estratégia sustentável da Mercedes-Benz Cars”, afirma Holger Marquardt.

Mas, além dos veículos, a Mercedes-Benz aponta também para “soluções de mobilidade completas, seja na oferta, seja na utilização dos veículos, com energia limpa. Além disso, também a produção e a cadeia de fornecimento irão seguir o rumo da neutralidade carbónica”. Neste sentido, a partir de 2022, todas a fábricas terão apenas energia verde resultado da aplicação de painéis fotovoltaicos e energia eólica, apontando-se para 2039 a neutralidade nas emissões de carbono (CO2).

Na estratégia a longo prazo, em 2025 as vendas de veículos eletrificados irão representar 25% do ‘mix’, aumentando para 50% em 2030, rumo à tal neutralidade carbónica em 2039.

“A sustentabilidade será parte integral do nosso negócio. Apenas seremos bem-sucedidos a longo prazo se conduzirmos a nossa operação de forma sustentável. Temos seis áreas de atuação: a proteção do clima e da qualidade do ar, conservação de recursos, tornar as cidades mais desejáveis para se viver, cidades habitáveis, proteção de dados e segurança na mobilidade.

É precisamente neste contexto que o EQ Lounge nacional permite encontrar os principais pilares estratégicos da Mercedes-Benz, ao ser construído com o mínimo de impacto ambiental, unicamente com madeiras e materiais reaproveitados, num projeto com uma visão estratégica por trás, como aponta o diretor de marketing da marca alemã em Portugal, Jorge Aguiar, destacando componentes como a utilização dos painéis fotovoltaicos e da sua integração com as baterias em segunda vida, derivando de uma unidade elétrica do Classe B de geração anterior.

Paralelamente, Marquardt indica também que existe um interesse de explanar a ligação entre a natureza e o desporto até pelo lado da motivação. “Tudo o que fazemos lá [na Nazaré] está ligado à natureza e ao despoto. O desporto pode mudar o mundo e a Nazaré mostra a natureza em toda a sua força, mostra que nao podemos mudar a natureza”.

“Pensavam que éramos loucos e que íamos morrer”

Afinal, o que mudou na Nazaré nestes dez anos desde que Garrett McNamara lá surfou a maior onda do mundo? O próprio surfista explica.

“Antes, os estrangeiros iam para outros países. Não tínhamos grandes expectativas quando chegámos a Portugal, mas quando cheguei ao farol vi a maior onda da minha vida. Depois, passeámos pela localidade e vimos que a tinta estava a cair nos edifícios, o porto estava em ruínas, não havia muita gente e existia uma sensação de conformismo, de que nada era possível”, começa por dizer, contando depois a forma como os locais se surpreenderam com os surfistas e o receio de se fazerem seus amigos, temendo sempre que o mar os ‘levasse’.

“A Nazaré era conhecida como se a Praia Norte fosse uma zona de morte, ninguém queira lá ir, nem podia lá ir. Quando os habitantes locais viram que íamos surfar lá, pensaram que éramos loucos. Nos primeiros anos, as pessoas não queriam ser nossas amigas porque achavam que íamos morrer. Mas, depois, conseguimos o recorde e os olhos passaram a estar na Nazaré, tudo começou a ser melhorado e em Portugal começou a haver uma onda deste género, de valorização das ondas, a Nazaré tornou-se num foco de esperança para Portugal como um todo”.