Um Porsche 911 ‘alimentado’ a combustíveis sintéticos (e-fuel) tornou-se no recordista de altitude, ao atingir os 6734 metros acima do nível do mar. Com esta façanha, Romain Dumas e a Porsche atingiram um recorde, indo até onde nenhum automóvel alguma vez logrou chegar.

Numa demonstração de capacidades de homem e máquina, um Porsche 911 bastante modificado e movido a e-fuel atingiu os 6734 metros de altitude no passado dia 2 de dezembro, ao subirem a vertente Ocidental do vulcão de Ojos del Salado, no Chile.

A equipa que ajudou a concretizar este recorde, composta por membros de diversos países, do Chile à Alemanha, passando por França ou Estados Unidos da América, enfrentou desafios relacionados com a densidade do ar, mas também com a temperatura ambiente (cerca de 20 graus abaixo de zero).

“Nunca irei esquecer esta experiência. Foi uma sensação extraordinária conduzir até onde nenhum automóvel foi antes”, referiu Romain Dumas após a descida do vulcão. “O 911 conseguiu chegar mais alto do que qualquer outro veículo terrestre na História. Chegámos a um ponto em que fomos ‘recebidos’ pelo verdadeiro pico da vertente Oeste – não podíamos ir mais alto”, complementou o experiente piloto francês, cujo currículo inclui triunfos nas 24 Horas de Le Mans.

No Chile, as velocidades foram, obrigatoriamente, mais baixas. Mas não menos desafiantes. Na expedição foram usados dois Porsche 911 bastante modificados, com assistência de parceiros como a HIF Global, Schaeffler Group, Mobil 1, BFGoodrich e TAG Heuer. Relevante é o facto de os 911 terem sido abastecidos com e-fuel produzido pela HIF Global, precisamente na infraestrutura em que a Porsche tem também um papel decisivo no seu estabelecimento.

A equipa já havia ido ao local em 2022, atingindo então pouco mais de 6000 metros de altitude nessa data, quebrando agora o recorde que era de 6694 metros, estabelecido em 2020.

Os dois 911 tinham nomes curiosos, ‘Doris’ e ‘Edith’, sendo resultado do trabalho de desenvolvimento levado a cabo entre a Porsche e a RD Limited, com o 911 ‘Edith’ a ser comissionado como o modelo mais leve e ágil. A base de ambos os modelos foi o 911 Carrera 4S com motor ‘boxer’ de seis cilindros e 443 CV de potência, associado a caixa manual de sete velocidades de série.

Entre as modificações mais relevantes estão a aplicação de eixos portais nos 911, uma solução usualmente vista unicamente nos jipes de maior altura ao solo, atingindo aqui os 350 mm. Essa configuração de eixo também reduziu o rácio de caixa, permitindo dessa forma uma maior precisão do acelerador a baixa velocidade. A parte inferior dos 911 foi também protegida com uma placa em fibra de aramida que protegeu os órgãos mecânicos mais importantes dos dois Porsche. Ambos os carros tinham bancos em fibra de carbono e cintos de cinco pontos.

Um dos 911 dispunha também de outro avanço tecnológico importante, direção eletrónica sem ligação mecânica (‘steer-by-wire’), desenvolvida pela Schaeffler Group, dando a Dumas um maior controlo das rodas do seu veículos nos momentos mais delicados.

O e-fuel usado foi produzido no Chile, produzido a partir da captação de dióxido de carbono e com recurso a água e a energias renováveis, permitindo assim ter motores de combustão com emissões potencialmente neutras, já que o CO2 capturado no processo de produção iguala o CO2 emitido durante a utilização do veículo.

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