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Conhecido pelo seu poderio à escala global, o setor militar dos Estados Unidos da América (EUA), englobando força aérea, exército, marinha e Marines, é um dos maiores poluidores do mundo, demonstrando uma enorme pegada ambiental em termos de emissões de carbono.

Um novo estudo da Royal Geographical Society calculou a contribuição da enorme infraestrutura militar americana para as alterações climáticas, demonstrando que “é um dos maiores poluidores da história, consumindo mais combustíveis líquidos e emitindo mais gases com ação de alterações climáticas do que a maior parte dos países de média dimensão”.

Aliás, de acordo com este mesmo estudo, se o setor militar dos Estados Unidos da América fosse um país independente, “ficaria entre Peru e Portugal na tabela global dos compradores de petróleo, comparando a tabela de 2014 do Banco Mundial para o consumo de combustível líquido com a do consumo de combustível líquido do setor militar americano de 2015″.

O estudo adianta ainda que no ano de 2017, o setor militar americano comprou cerca de 269.230 barris de petróleo diariamente, emitindo mais de 25.000 quilotoneladas de equivalente a dióxido de carbono pela sua queima, mais concretamente, 25,375.8 kt-CO2e. A Força Aérea dos Estados Unidos comprou 4.9 mil milhões de dólares em combustível e a Marinha 2.8 mil milhões, seguindo-se o exército, com 947 milhões de dólares e os Marines com 36 milhões de dólares.

Em termos de emissões poluentes, usando uma medida de Equivalência em dióxido de carbono (CO2e), a Força Aérea é, sem surpresas, a que mais impacto tem, com 13,202.4 quilotoneladas, seguindo-se a Marinha, com 7,847.1 quilotoneladas, o Exército, com 2,204.7 quilotoneladas e os Marines, por último, com 1,12.1 quilotoneladas. No total, o equivalente de dióxido de carbono é de 23,367.1 quilotoneladas (acrescentando-se os valores de emissões de fontes diretas estacionárias ou indiretas móveis e o uso de eletricidade, atinge-se o valor superior a 25.000 quilotoneladas. No cômputo, o estudo indica que a força militar americana é a 47ª maior emissora de poluentes com efeitos de estufa no mundo, uma vez mais apenas tendo em conta que se trata de resultados da queima do combustível fóssil.

O facto de o combustível queimado na atmosfera ser mais prejudicial para o aquecimento global acaba por ter, de acordo com os autores do estudo, uma relevância significativa e revela a necessidade de se reduzirem os esforços e exercícios militares com recurso a aviões militares.

Os autores do estudo, Oliver Belcher, Patrick Bigger, Ben Neimark e Cara Kennelly, reconhecem que a análise dos dados de emissões provenientes da área militar dos EUA não é de fácil obtenção, “uma vez que é difícil obter dados consistentes do Pentágono e dos diversos departamentos governamentais” e que a ausência daquele país do Acordo de Paris mantém os seus dados ocultos da opinião pública, algo que no Acordo de Quioto já havia sido pedido pelo governo de então.

Contudo, este novo trabalho deriva de diversos pedidos à Agência de Logística da Defesa dos EUA ao abrigo da Lei da Liberdade de Informação. Face aos resultados, os autores do estudo pedem que a ‘maquina militar’ dos EUA comece a alterar igualmente o seu funcionamento e, sobretudo, instou à redução do orçamento disponibilizado para o Pentágono.

Ao mesmo tempo, apontam que o setor militar reconhece os riscos potenciais das alterações climáticas, como o aumento do nível do mar, levando muitas bases militares a prepararem-se para tal, ao mesmo tempo procurando – embora em escala muito reduzida – limitar o seu peso nas emissões poluentes.