O preconceito existente com os produtos “made in China” tem os dias contados. Há cada vez mais marcas de renome que recorrem a fabricantes chineses para produzirem os seus produtos com um nível de qualidade inquestionável –veja-se o exemplo dos iPhones da Apple.

Se já foi verdade que os veículos fabricados na China pecavam por um mau design, falta de qualidade na montagem, nos acabamentos e pouca fiabilidade, atualmente isso já não acontece e os mais atentos certamente já repararam na quantidade de motos que circulam nas nossas estradas e são oriundas daquele país. A impressionante capacidade de adaptação dos fabricantes chineses tornou possível criarem motos com um bom design, qualidade de construção e fiabilidade a par com as restantes marcas mundiais.

A CFMOTO é um exemplo de uma marca que iniciou atividade em 1989, tendo desenvolvido entre motociclos e ATV’s, mais de 100 veículos e 50 motores. Emprega mais de 1300 funcionários e tem mais de 205 patentes tecnológicas registadas. Anualmente fabrica cerca de 800.000 motores, 600.000 veículos e conta com mais de 3000 concessionários por todo o mundo.

Na sua pretensão de se tornar global e provar que é um construtor com padrões elevados de qualidade, estabeleceu um acordo de parceria estratégica com a KTM criando uma nova empresa, a CFMOTO-KTMR2R, da qual detém 51%. A KTM vê assim assegurada a produção do motor LC8 de 799cc que equipará a 790 Duke, bem como modelos Duke 200 e Duke 390 para o mercado indiano. Por seu lado a CFMOTO comprou os direitos de produção do motor V-twin de 999cc, que equipa as KTM da gama 990 e recorre aos serviços de design da Kiska, que desenvolve projetos para marcas como a Adidas, Zeiss, Audi entre outras e é detida pela KTM.

Em Portugal a CFMOTO é representada pela Puretech, uma empresa de Matosinhos, cidade onde foi feita a apresentação das motos da marca. A novidade mais aguardada era a 800MT, uma trail do segmento intermédio com o motor LC8, o mesmo bicilindrico paralelo com 95 cv que equipa a KTM 790. Com um design muito apurado, é normal a surpresa por parte de quem a vê ao esperar ver nela o logótipo de uma marca mais familiar, porventura europeia ou japonesa. Da extensa lista de funcionalidades e equipamento destacamos: ride-by-wire, modos de condução, quick-shifter, cruise-control, punhos e assento aquecidos, smart-key, luzes automáticas com DRL, luzes de nevoeiro, alarme antirroubo, sistema de navegação integrado e painel TFT de 7 polegadas. A suspensão e amortecedor são KYB (Kayaba), os travões com pinças radiais J.Juan (marca espanhola comprada pela Brembo), temos embraiagem assistida e deslizante e ainda vem montado um amortecedor de direção. Vai estar disponível em duas versões: com rodas em liga leve ou de raios e pneus de estrada ou perfil misto, mas com o mesmo diâmetro 19 e 17 polegadas. Por fim o depósito com 19 litros de capacidade garante uma excelente autonomia.

No breve contato que tivemos com a 800MT foi impossível não deixarmos de encontrar semelhanças com as KTM onde está montado o mesmo motor LC8, com potência e muito binário disponível desde cedo, a ergonomia e a ciclística é igualmente muito boa e confere grande agilidade a uma moto cujo peso passa dos 230 kg pronta a andar. As suspensões pareceram-nos competentes e fáceis de ajustar a gosto para diversos tipos de terreno e estilo de condução, por fim os travões J.Juan são uma surpresa ao serem postos à prova no circuito de karting de Baltar e não demonstrarem sinais de fatiga depois de a moto rodar pelas mãos de vários jornalistas. Disponível a partir de 12 798 euros, a 800MT é assim uma proposta a ser considerada tanto pelo público como pela concorrência.

 

Ainda houve oportunidade de dar umas voltas ao circuito aos comandos da 300SR, a pequena desportiva com um motor monocilíndrico de 292,4 cc e 29 cv, com provas dadas em competição. Mais uma vez com um design agressivo, agilidade, motor e preço muito interessante que decerto irá agradar aos potenciais jovens “Marc Marquez” pelo mundo fora. Preço: a partir de 4 690 euros.

Já os adeptos de moto-turismo devem prestar atenção à 650GT, uma viajante por natureza com um bicilindrico paralelo com 649 cc e 70 cv de potência. Desprovida de extras desnecessários, tem tudo o que é preciso para viajar a dois com conforto: boa proteção aerodinâmica, motor com disponibilidade para ultrapassagens com segurança em auto estrada e binário suficiente para circular em cidade sem recurso frequente à caixa de velocidades. Pelo meio ainda oferece um apelativo painel de instrumentos em TFT e um depósito de combustível de 19 litros para uma autonomia até 300 km. Preço: a partir de 6 990 euros.

Os modelos que mais nos impressionaram foram as 700 CL-X Heritage e Sport, mais uma vez logo pelo design, mas também pela qualidade de construção e detalhe. A Heritage é uma scrambler moderna com design retro que lhe confere um visual intemporal, tem um motor de dois cilindros paralelos de 692,2 cc, com injeção eletrónica Bosch, e debita 74 cv. Da lista de funcionalidades e equipamento destacamos: o acelerador eletrónico ride-by-wire, a embraiagem deslizante, sistema de travagem J.Juan com disco dianteiro de 320 mm e pinça radial de 4 pistões, forquilha invertida regulável, cruise-control de série, bem como a conexão por Bluetooth ao smartphone que possibilita ouvir música ou atender chamadas. Além disso, através de aplicação específica e disponível para iOS e Android, permite controlar todos os dados da moto ou das viagens efetuadas. A Sport partilha o motor bem como os restantes componentes, diferindo nos travões da frente estando equipada com dois discos de 300 mm e pinças radiais de 4 pistões Brembo Stylema. A diferença está no design contemporâneo e irreverente para uma moto naked com elevadas prestações. Preço: a partir de 7 490 euros.

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