Um dia para a história do motociclismo nacional e um dia inesquecível para Miguel Oliveira, que obteve o seu primeiro triunfo no MotoGP no GP da Estíria, na Áustria, e também o primeiro para um piloto luso. No final da prova, o homem da Red Bull KTM Tech3 não escondeu a sua imensa satisfação, a sua comoção e a convicção de que poderia capitalizar com um potencial duelo entre os seus dois rivais que seguiam imediatamente à sua frente na última volta.

“Antes de mais, estava a assegurar-me que era mesmo a última volta. Durante toda a corrida não conseguia ver a informação no muro das boxes e nem sequer sabia se o quarto classificado estava perto de mim ou não”, começou por explicar o piloto de Almada, na conferência de imprensa que se seguiu à primeira vitória de um português na categoria rainha do Mundial de velocidade em motociclismo.

Oliveira, de 25 anos, explicou que, na última volta, viu que o espanhol Pol Espargaró (KTM), com quem teve uma colisão na prova anterior, também na Áustria, “começou a adotar linhas muito defensivas. Pensei que podiam ambos perder tempo [na luta pelo primeiro lugar] e eu podia beneficiar com isso. Na última curva deixei-os lutar um com o outro e meti por dentro. Quando vi a bandeirada de xadrez e ninguém à minha volta, foi um momento de pura alegria”, contou Miguel Oliveira.

O piloto luso destacou o facto de poder ter dado à equipa Tech3 a primeira vitória no campeonato do mundo: “São grandes seres humanos, muito profissionais e já mereciam. Merecemos esta vitória por todas as batalhas que travámos desde o ano passado” Miguel Oliveira lembrou que a equipa entrou nesta temporada revelando “um enorme potencial”, mas que, “por uma razão ou outra”, não pôde concretizar.

“Finalmente sou um desses, que dão troféus às suas equipas”, disse Miguel Oliveira após a corrida.

Um dos segredos para o triunfo esteve na escolha de pneus. Depois da interrupção da corrida, devido ao acidente sofrido pelo espanhol Maverick Viñales a 12 voltas do final, Miguel Oliveira montou um pneu de composto duro na frente e um médio na traseira.

Felicitações presidenciais

O Presidente da República também felicitou Miguel Oliveira pela primeira vitória no Mundial de MotoGP, considerando tratar-se de “um feito extraordinário de um promissor piloto português. É um feito extraordinário de um promissor piloto português, que muito orgulha Portugal e os portugueses e que merece o reconhecimento do Presidente da República”, lê-se numa nota divulgada no ‘site’ da Presidência da República.

“Senti-me melhor do que na primeira parte e achei que podia lutar pelo pódio”, explicou, na conferência de imprensa. Depois, tirou partido da batalha que se travava à sua frente, entre o australiano Jack Miller (Ducati) e o espanhol Pol Espargaró (KTM).

“Aqui nesta pista [Red Bull Ring, em Spielberg], quando um piloto está muito próximo do da frente, tira partido do cone de aspiração. Conhecendo o Pol e o Miller como conheço, sabia que se iriam atrapalhar”, admitiu o português. Oliveira admitiu que “não teria hipóteses de passar numa situação normal”, mas tirou vantagem “da sua luta”, tendo jogado as suas cartas “de forma segura e inteligente”.

Miguel Oliveira reconheceu que a sua carreira na categoria rainha “não tem sido fácil”, depois da lesão sofrida na segunda metade da época passada. Agora, o piloto da Tech3 acredita que “toda a gente em Portugal está contente” com este triunfo e que “escutar o hino nacional no pódio foi mesmo especial”.

Corrida decidida em poucos metros: assim se definiu o pódio à saída da última curva, com Miguel Oliveira (88) a aproveitar ao duelo entre Jack Miller (43) e Pol Espargaro (44) para saltar de terceiro para primeiro. Metros depois, Oliveira recebia a bandeira de xadrez, selando o seu primeiro triunfo. Foto: Gold & Goose/Red Bull Content Pool

Depois deste triunfo, Miguel Oliveira admite que tem “os pés bem assentes na terra, mas a cabeça já não”, até porque o campeonato termina em 22 de novembro no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão.

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