Juntando-se ao coro de vozes críticas para com o Orçamento do Estado apresentado pelo Governo, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) lamenta que não tenha havido uma atenção mais especial ao setor automóvel, especialmente considerando que em Portugal, ao contrário de outros países europeus, não houve incentivos para a compra de automóveis novos mais ecológicos.

Conhecida a versão preliminar do Orçamento do Estado para 2021, que será ainda discutida pelos diversos partidos representados no Parlamento, Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, demonstrou-se algo desapontado com uma nova omissão de qualquer ajuda estatal à aquisição de veículos novos.

“Desde março que estamos em contacto estreito com o Governo e o mesmo deve ser dito em relação ao ministério da Economia, que sempre percebeu as nossas questões e o próprio ministro do Ambiente chegou a dizer que ia haver um incentivo ao abate no Orçamento do Estado para 2021”, referiu Hélder Pedro ao Motor24, acrescentando que na realidade não foi isso que aconteceu.

“Mas, de facto, não foi o entendimento do Governo e nós, há duas semanas, já tínhamos sido informados numa reunião no ministério das Finanças de que este orçamento era exclusivamente para as famílias e para o apoio ao rendimento das famílias e que não se queriam comprometer com quaisquer despesas extra para qualquer setor económico”, apontou o responsável da ACAP, que deu o exemplo de outros países europeus igualmente bastante afetados pela pandemia de Covid-19 e com perspetivas de incentivos estatais à aquisição de novos veículos, mesmo que elétricos ou mais ecológicos, como os híbridos.

Aludindo a conversas com associações automóveis doutros países sobre o mesmo tema, recorda que “tirando o Reino Unido, que também não aprovou nada, outros países como Espanha, França e Itália implementaram estímulos de incentivo à procura e à economia. No nosso país, mesmo os elétricos de que o ministro do Ambiente tem falado tanto, não vão ter qualquer aumento no incentivo, porque a verba para esses veículos é a mesma, pelo que não se prevê aqui qualquer incentivo extra. Em Espanha, passou para 6000 euros, em França para 5000 euros”.

Hélder Pedro faz ainda menção ao contributo enorme do setor automóvel para as receitas do Governo anualmente e, se em 2020 as estimativas são de uma perda de 270 milhões de euros de receita do ISV resultante da quebra das vendas na ordem dos 39%, as propostas produzidas pela ACAP entregues ao Governo poderiam minimizar essa quebra e obter um acréscimo nas suas receitas.