Adamastor Fúria: Superdesportivo português vai custar 1,6 milhões de euros

23/05/2024

O Adamastor Fúria é o primeiro carro superdesportivo português – todo construído e desenvolvido em Portugal – da história e custará 1,6 milhões de euros.

 

Produzido em Matosinhos, o veículo tem um limite de produção estipulado nos 25 exemplares por ano e pretende competir com outros superdesportivos de grandes marcas do segmento. “Duas versões foram desenhadas e vão entrar em produção: a versão de estrada, limitada a 60 unidades, e a versão de competição, que em princípio não terá limite, porque as equipas podem sofrer acidentes e ter que necessitar de reparar ou substituir chassis”, afirmou Ricardo Quintas, cofundador e gerente da Adamastor, empresa automóvel portuguesa fundada em 2012, à Lusa.

Um projeto de Ricardo Quintas e Nuno Faria, sócios e fundadores da marca, referem que se trata de um automóvel desportivo “exclusivo de elevado desempenho, sendo composto por componentes específicos de superior qualidade, oferecendo mais potência e tecnologia de ponta a entusiastas e colecionadores de todo o mundo”, diz a empresa. As primeiras unidades deverão chegar ao mercado no próximo ano e terão um preço de venda ao público de 1,6 milhões de euros, mais impostos.

“O chassis #1 do Furia agora apresentado representa o início de uma nova era para a Adamastor, o ponto de partida a partir do qual irá concretizar a sua visão e estratégia, a de se assumir como um dos principais players no exclusivo segmento dos supercarros, um fabricante de automóveis de baixo volume com indiscutível apelo emocional e elevadíssima performance, em estrada, mas também nos circuitos mundiais”, refere a empresa, em comunicado. Dá ainda conta que em causa está uma posição num mercado global de supercarros que deverá ter atingido um valor de 16 mil milhões de euros em 2022 e que se prevê que, até 2028, atinja os 20 mil milhões.

Ricardo Quintas assume que a intenção foi apostar num setor de nicho, “com um produto raro, único, tecnologicamente avançado, em que o preço não é questão, mas sim a exclusividade e a performance”. E, por isso, o Furia será “produzido à mão, longe dos grandes volumes”, naquilo que classifica de “expoente máximo” da tecnologia automóvel. “O nosso objetivo é produzir 25 automóveis por ano e que cada um deles seja feito em exclusivo por uma equipa, do início ao fim. O cliente, assim, conhece as pessoas que construíram o seu carro e pode dirigir-se a elas na eventualidade de qualquer problema”, explica.

Europa e Emirados Árabes Unidos são os mercados alvo, no imediato, “por questões relacionadas com a homologação” dos veículos, mas o objetivo da Adamastor é ir mais longe e expandir para os EUA, América do Sul, Oceânia e Ásia. Os carros vão ser vendidos “exclusivamente na fábrica, onde o cliente poderá configurar o seu supercarro ao seu gosto”. Não haverá, por isso, showrooms da marca. E quando for necessária uma intervenção, seja ela de manutenção ou reparação, é a aquipa da Adamastor que vai ao encontro do cliente.

Pensado, criado e desenvolvido pela Adamastor, que nasceu, em 2012, pela mão dos dois sócios, mas que hoje conta com uma equipa de 14 trabalhadores, o Furia será produzido nas instalações da empresa em Perafita, Matosinhos, numa fábrica com 2.225 metros quadrados, mas que tem capacidade de expansão até aos 5.000 metros quadrados, o que lhe permitirá “colocar em prática, de uma forma faseada e sustentada, o seu plano de crescimento, quer ao nível técnicos, quer dos meios humanos”.

O projeto envolve um investimento acumulado, desde 2019, de 17 milhões de euros que levou ao desenvolvimento de um veículo construído em fibra de carbono, com um “elevado e eficiente” desempenho aerodinâmico, que lhe permitirá chegar aos 300 quilómetros por hora. O carro agora apresentado é a versão de estrada, para o qual “há já muitos interessados”.

Foi ainda desenvolvida uma versão de competição, sendo que o plano de negócios prevê a entrega, ja em 2025, de dois carros de estrada e de dois de competição. A partir de 2026, o objetivo é produzir 25 carros ao ano, sendo que os modelos de estrada estarão limitados a 60 unidades, de modo a assegurar a sua exclusividade.

Na competição, Ricardo Quintas admite que, à partida, não haverá limite. A empresa dedicar-se-á, também, ao fabrico de peças e componentes, além de se assumir como “centro de engenharia de excelência”, através do qual proporcionará “serviços de consultoria, projeto e conceção de tecnologia de vanguarda”.

“Entre as suas capacidades e competências, destacam-se as instalações de maquinagem CNC, a produção de peças em materiais compósitos, bem como a utilização da mais recente tecnologia de impressão 3D”, explica a Adamastor, dando conta que, nos seus projetos de engenharia, são ainda utilizados “os mais evoluídos softwares de desenho, simulação e otimização mecânicos, bem como exploradas as enormes potencialidades de ferramentas como a realidade virtual”.

Aliás, a partir da sua fábrica em Perafita, a empresa fornece já componentes para vários clientes, nomeadamente carroçarias e depósitos de combustível em fibra de carbono e hélices para produção de energia eólica, entre outros.

Refira-se que a Adamastor é uma das 13 entidades que integram o Hi-rEV – Recuperação do Setor de Componentes Automóveis, uma das agendas mobilizadoras para a inovação empresarial apoiadas pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR). Com o objetivo de capacitar o setor automóvel para a mobilidade elétrica, a agenda contempla um investimento de 50 milhões de euros, para a transformação digital e energética, que irá gerar mais 163 milhões de euros em volume de negócio, 154 novos postos de trabalho – dos quais 35% de mão-de-obra altamente qualificada – e 180 milhões de valor acrescentado bruto.