Alfa Romeo Tipo 103, o protótipo do que seria o primeiro modelo de tracção frontal da marca

03/01/2024

Após a Segunda Guerra Mundial, a Alfa Romeo necessitava de se reinventar como uma grande marca, ao invés de produzir automóveis de pequena escala e sob encomenda. Em 1950, introduziu o Alfa Romeo 1900, uma Berlina que foi o primeiro automóvel da marca produzido numa linha de produção, mudando assim o paradigma da Alfa Romeo.

No Salão Automóvel de Turim de 1954, aquando da apresentação do novo Alfa Romeo Giulietta, Rudolf Hruska disse a Giuseppe Busso, que a Finmeccanica, na época dona da Alfa Romeo, estava a planear desenvolver um automóvel pequeno, de entrada da gama. Busso já tinha desenvolvido alguns protótipos de tracção frontal, mas, a certa altura, o desenvolvimento estagnou. Após a conversa no Salão de Turim, Busso voltou a debruçar-se sobre os anteriores protótipos.

Em 1957 começaram a aparecer os primeiros esboços, inicialmente com um motor refrigerado a ar, mas isso foi rejeitado, assim como o motor boxer, no entanto, a cilindrada de 900cc e a tracção frontal foram aprovados e os primeiros desenhos do automóvel apareceram em 1958 pelas mãos de Orazio Satta Puliga. Nesse mesmo ano, Hruska deu como prazo limite do desenvolvimento do protótipo o mês de Dezembro, para a produção iniciar-se em 1961. Hruska saiu da Alfa Romeo, existindo algumas mudanças de planos. Entretanto, a Alfa Romeo e a Renault assinam um contrato de cooperação, para a produção de modelos Renault na fábrica de Portello e a Renault vendia os Alfa Romeo em França. Em 1960 é construído o primeiro protótipo totalmente funcional, sendo designado como Tipo 103, iniciando-se os testes de estrada a 8 de Agosto de 1962.

O Tipo 103 utiliza um chassis monocoque, com um comprimento de 3.630mm e um peso de 725kg. A carroçaria é de três volumes e quatro portas. A frente tem um desenho em V e no geral assemelha-se bastante com o Giulia, lançado em 1962. A suspensão é independente nas quatro rodas, com uma particularidade, na traseira a suspensão pode ser ajustada electricamente. A travagem está a cargo de discos na frente e tambores na traseira.

O motor foi desenvolvido unicamente para o Tipo 103, mas tem a base dos motores Alfa Romeo Bialbero Twin Cam, tendo assim duas árvores de cames à cabeça, duas válvulas por cilindros e quatro cilindros em linha, com cabeça em alumínio. A cilindrada é de 896cc e a alimentação de combustível é feita através de um carburador, produzindo 52cv às 5.500rpm. A caixa essa é manual de quatro velocidades, todas sincronizadas, que envia a potência para as rodas da frente. Segundo os testes da época, poderia alcançar os 139km/h.

Apesar de todo o desenvolvimento, o Tipo 103 não foi colocado em produção, tudo porque os Renault produzidos sob licença ocuparam esse espaço e, assim, a Alfa Romeo poderia concentrar-se nos modelos de luxo e alta performance. Também poderá ter sido devido ao “acordo de cavalheiros” com a Fiat, para não entrar no mesmo segmento. O design do Tipo 103 poderá ter influenciado o do Renault 8, pois no fundo são muito parecidos, apesar de mecanicamente completamente diferentes. Somente uma década depois, é que a Alfa Romeo lançaria o primeiro automóvel de tracção frontal, o Alfasud. Actualmente, o Tipo 103, assim como três motores, encontram-se à guarda do Museo Storico Alfa Romeo.